Exaltado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mandou jornalistas do Estado de S. Paulo e da Folha de S.Paulo calarem a boca, ao ser questionado sobre mudanças na Polícia Federal, um dia depois da posse do novo chefe da corporação, Rolando Souza. O presidente ainda disse que a Folha era um jornal “patife”, “canalha” e “mentiroso”.
Em meio a uma crise política estabelecida no Planalto com saída do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, as intenções do presidente com as escolhas para a PF têm sido alvo de suspeitas desde que o ex-líder da Operação Lava Jato associou seu desligamento à exoneração do ex-diretor geral da PF, Maurício Valeixo.
Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir em investigações da corporação que, de acordo com a Folha, apuram suposto envolvimento dos filhos do presidente com esquema de disseminação de notícias falsas e de uma “rachadinha” que teria financiado investimentos imobiliários da milícia do Rio de Janeiro com dinheiro público.
Diante das suspeitas levantadas por Moro e pelo jornal paulistano, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para substituir Valeixo na chefia da PF, uma vez que Ramagem é amigo da família Bolsonaro. O presidente optou, então, por nomear Rolando de Souza, que era braço direito de Ramagem na direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
“Que imprensa canalha a Folha de S.Paulo. Canalha é elogio para a Folha de S.Paulo. O atual superintendente do Rio de Janeiro, que o [ex-ministro Sergio] Moro disse que eu quero trocar por questões familiares”, disse o presidente diante de apoiadores no Palácio da Alvorada.
Ontem, Rolando não tardou em trocar a chefia da superintendência do Rio de Janeiro, foco de interesse da família Bolsonaro. Carlos Henrique Oliveira, atual comandante do estado, foi convidado para ser o diretor-executivo, número dois na hierarquia do órgão. Em sua despedida, Moro havia afirmado que Bolsonaro queria mudanças no Rio e em Pernambuco.
“Não tem nenhum parente meu investigado pela Polícia Federal, nem eu nem meus filhos, zero. Uma mentira que a imprensa replica o tempo todo, dizer que meus filhos querem trocar o superintendente [da PF no Rio]”, completou o presidente.
Durante sua fala, Bolsonaro foi questionado por jornalistas se havia pedido a mudança na superintendência da PF no Rio. Foi aí que ele disse para os profissionais calarem a boca.
“Cala a boca, não perguntei nada”, respondeu a um primeiro questionamento, feito por uma repórter de O Estado de S. Paulo. “Folha de S.Paulo, um jornal patife e mentiroso”. Questionado em seguida pela Folha, o presidente gritou novamente: “cala a boca, cala a boca”.
Confira o vídeo divulgado pelo Uol:
