Pular para o conteúdo
Brasil

Governo e Congresso mantém emendas e deixam R$ 125 bilhões fora do teto e meta fiscal

Pode elevar a mais de R$ 125 bilhões os gastos de combate à pandemia
Arquivo -

O governo e o selaram um acordo que pode elevar a mais de R$ 125 bilhões os gastos de combate à pandemia de covid-19 fora da meta fiscal e do teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação. No mesmo acerto, o governo cedeu à pressão dos parlamentares e deve preservar R$ 16,5 bilhões em emendas dentro do Orçamento a partir de cortes em suas próprias despesas de custeio e investimento.

O avanço das negociações veio na esteira de uma série de embates entre governo e Congresso em torno da sanção do Orçamento de 2021 e da demora no relançamento de programas emergenciais para atacar a nova onda mais agressiva de covid-19. “Ao final, quem tinha que ter tranquilidade conseguiu negociar para atender às necessidades orçamentárias e políticas do momento”, disse o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

Em uma das frentes, o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), incluiu em um projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) uma emenda apresentada pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE) que autoriza descontar da meta fiscal os gastos extraordinários na área de saúde e com programas de crédito a micro e pequenas empresas (Pronampe) e de redução de jornada e salário ou suspensão de contratos de trabalhadores (BEm).

A meta hoje permite déficit de R$ 247,1 bilhões e poderia estourar com o lançamento dessas medidas. Já no caso do teto, essas despesas já ficam de fora por serem bancadas via créditos extraordinários.

O projeto não prevê limites de valor, o que técnicos da área econômica viram como risco de um “cheque em branco”, justamente o que o ministro da Economia, Paulo Guedes, queria evitar ao propor uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para “carimbar” os recursos, como revelou o Estadão/Broadcast

No entanto, Efraim disse ao Estadão que a previsão é destinar R$ 10 bilhões ao BEm, R$ 10 bilhões ao Pronampe e R$ 20 bilhões para a saúde. Os valores são maiores que os divulgados pelo Ministério da Economia, que informou prever R$ 10 bilhões para o programa de emprego e R$ 5 bilhões para o de crédito às microempresas.

“Ninguém pode negar a necessidade de socorrer o setor produtivo e os desempregados. O cenário de terra arrasada na economia, com empresas fechando as portas, não interessa a ninguém. As vozes que dizem que é fura-teto são demagogia. O Brasil não pode ficar para trás, e isso não pode ser confundido com ‘cheque em branco'”, diz o líder. O texto foi aprovado nesta segunda, 19, na Câmara e no Senado.

O governo já tem hoje autorização para descontar do teto e da meta R$ 44 bilhões com o auxílio emergencial. Além disso, o Executivo já abriu três créditos extraordinários, no total de R$ 10,9 bilhões, em favor do Ministério da Saúde.

Há ainda as despesas herdadas do ano passado com aquisição de vacinas, turística (para um dos setores mais afetados) e resíduos do auxílio emergencial e do programa de emprego de 2020, cuja previsão está em pelo menos R$ 30,9 bilhões, segundo dados do Painel de Monitoramento do Tesouro Nacional. Com isso, a fatura prevista de gastos contra a covid-19 em 2021 pode alcançar R$ 125,8 bilhões.

Técnicos da área de orçamento têm criticado a saída encontrada pelo Congresso, uma vez que “dribla” regras fiscais e retoma práticas de governos petistas, que abatiam da meta fiscal os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para tentar amenizar as preocupações com a situação das contas públicas. Além disso, o texto não elimina o temor dos técnicos em assinar e avalizar a abertura de créditos com valores tão vultosos sem dispositivo específico na Constituição.

No mesmo projeto, Efraim Filho incluiu um dispositivo que permite ao governo bloquear por decreto despesas discricionárias (que incluem custeio e investimentos) para recompor despesas obrigatórias, como benefícios previdenciários, seguro-desemprego e subsídios, que ficaram maquiadas em R$ 21,3 bilhões, segundo parecer de técnicos da Câmara com base em dados do Ministério da Economia.

O dispositivo vai ajudar a equipe econômica a concretizar o remanejamento que já vinha sendo estudado desde a semana passada e que tinha como objetivo preservar ao máximo as indicações de emendas de parlamentares, ainda que à custa de gastos do próprio Executivo. Segundo o líder do DEM, esse ‘corte na carne’ do governo será de R$ 9,5 bilhões.

Durante a votação do Orçamento, o relator, senador Marcio Bittar (MDB-AC), reduziu R$ 29 bilhões em despesas do Executivo e direcionou para emendas de relator, contemplando congressistas e ministérios do próprio governo. Após a aprovação, a equipe econômica passou a reclamar nos bastidores de que o acordo havia sido apenas para R$ 16,5 bilhões em emendas e passou a defender o veto parcial, o que levou a um desgaste de Guedes e sua equipe junto ao Congresso.

Nesta segunda, 19, a ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, disse que governo e Congresso chegaram a um acordo para vetar R$ 10,5 bilhões das emendas. Isso, junto com o corte nas discricionárias, deve ser suficiente para manter as emendas no valor acertado com os deputados e senadores.

O líder do governo na Câmara, (PP-PR), disse que a emenda também vai ajudar na equação de resolução do impasse na sanção do Orçamento de 2021. “Estamos fazendo um acordo geral. Essa emenda deve resolver para ter um veto parcial (no Orçamento)”, disse.

TETO DE VIDRO

Veja as despesas que ficam de fora do teto de gastos e também da meta fiscal

Novos

– R$ 44 bilhões do auxílio emergencial

– R$ 10 bilhões do programa que permite às empresas reduzir salário e jornada ou suspender contratos (BEm)

– R$ 10 bilhões para uma nova rodada de crédito subsidiado a micro e pequenas empresas

– R$ 20 bilhões para novos gastos com saúde

Novos créditos para saúde já abertos em 2021

– R$ 2,9 bilhões em 24/2

– R$ 5,3 bilhões em 30/3

– R$ 2,7 bilhões em 16/4

Gastos que foram contratados em 2020, mas devem ser quitados neste ano

– R$ 22,3 bilhões para aquisição de vacinas

– R$ 4,5 bilhões da rodada anterior do BEm

– R$ 2,3 bilhões do auxílio emergencial de 2020

– R$ 1,9 bilhão para infraestrutura turística

– R$ 125,8 bilhões no total

Fonte: Ministério da Economia e Congresso Nacional

 

 

 

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Caminhonete atinge carro ao realizar manobra de ré no Jardim Tijuca

‘Sem ônibus, a cidade para’: população cobra fim do Consórcio Guaicurus após paralisação em Campo Grande

Motorista de aplicativo é flagrado com um quilo de pasta base de cocaína em Dourados

onibus consórcio guaicurus prefeitura projeto

Consórcio Guaicurus deixou de pagar quase R$ 7 milhões em ISS em 2025

Notícias mais lidas agora

Onibus

Sindicato anuncia nova paralisação dos ônibus em Campo Grande para pressionar pagamento do vale

Agetran tenta barrar petição contra Consórcio alegando que ação tem tirado o ‘conforto dos usuários’

onibus consórcio guaicurus prefeitura projeto

Consórcio Guaicurus deixou de pagar quase R$ 7 milhões em ISS em 2025

Lula chega à Indonésia para giro asiático e reunião com Trump

Últimas Notícias

Sem Categoria

“Vende tudo à vista”: Luiza duvida de insuficiência de caixa que levou consórcio a atrasar vale

Empresários do consórcio descumprem compromisso de adiantamento enquanto lucram com contrato bilionário

MidiaMAIS

O que é padel? Saiba tudo sobre a nova modinha que já virou febre em Campo Grande

Esporte é praticado entre duas duplas, em quadra fechada

Famosos

Tema de ‘mêsversário’ do filho de Thiaguinho causa polêmica: ‘Inapropriado’

Thiaguinho e Carol Peixinho deram o que falar com o tema escolhido para celebrar o primeiro mês de vida de Bento; entenda

Política

Ainda em recuperação de cirurgia, Pedrossian Neto retorna às sessões na quinta-feira

O deputado estadual de Mato Grosso do Sul, Pedrossian Neto (PSD) ainda está afastado das atividades parlamentares depois de passar por cirurgia para retirar a tireoide. A cirurgia ocorreu na última quinta-feira (16). Ao Jornal Midiamax, o parlamentar afirmou estar se recuperando bem e retoma às sessões na próxima quinta-feira (23). Após passar por cirurgia, … Continued