Pular para o conteúdo
Brasil

9 em cada 10 mulheres alvo de violência dizem ter sido vítimas diante de terceiros, diz estudo

Em 27% dos casos, as testemunhas foram os filhos das vítimas
Agência Estado -

A cada quatro casos de violência sofridos por mulheres de 16 anos ou mais no ano passado no Brasil, ao menos um foi cometido diante do filho da própria vítima, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 10, pelo Fórum Brasileiro de em parceria com o Instituto Datafolha.

O estudo aponta ainda que, entre as mulheres que responderam ter sofrido violência no último ano, a grande maioria (91,8%) disse ter sofrido violência na presença de terceiros.

Em 47,3% dos casos, quem presenciou foram amigos ou conhecidos; em 27%, os filhos; e em 12,4%, outros parentes. Apenas em 7,7% as violências foram testemunhadas por pessoas desconhecidas.

Os dados estão presentes na quinta edição da pesquisa “Visível e Invisível: Vitimização de Meninas e Mulheres”, que é realizada de dois em dois anos. O principal objetivo do survey de vitimização é entender a violência contra mulher para além dos registros policiais.

Foram realizadas entrevistas em 126 municípios, entre 10 e 14 do mês passado. Ao todo, 793 mulheres com 16 anos ou mais responderam a um questionário, de forma presencial, sobre formas de violência que possam ter experimentado ou presenciado ao longo dos 12 meses anteriores à coleta de dados – ou seja, entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025.

A pergunta sobre a presença de terceiros foi incluída pela primeira vez. “Este dado chama atenção não apenas por indicar que a esmagadora maioria dos casos contou com testemunhas, mas principalmente porque 86,7% das mulheres afirmaram ter sofrido violência na presença de um conhecido”, diz o estudo.

Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o dado mostra uma “certa conivência” em relação à violência contra mulher, que em grande parte dos casos ocorre dentro da casa da vítima e tem companheiros ou ex-companheiros como os agressores.

“As pessoas no entorno sabem que essa mulher está sofrendo violência. Muitas vezes, enquanto sociedade, ainda somos coniventes com muitas formas de violência, é o famoso ‘em briga de marido e mulher não se mete a colher'”, afirma.

A pesquisadora aponta que, em parte dos casos, essa conivência se dá porque muita gente não entende a gravidade dessas práticas de violência quando elas não são tão explícitas. “Você sabe que aquela mulher tem uma relação abusiva, está vendo que ela é abusiva, mas não vê o homem bater nela explicitamente, então não faz nada”, exemplifica.

O ponto, segundo ela, é que, além de essas formas de agressão já serem danosas às vítimas, as formas mais graves de violência contra mulher costumam se dar justamente pela escalada de tipos de agressão considerados mais brandos. “Muitas vezes, o tempo entre um caso de agressão até um é muito rápido”, afirma. “Não tem como prever em quanto tempo isso vai escalar.”

A pesquisa divulgada nesta segunda destaca, além disso, que estudos mostram que a exposição à na infância está relacionada a “diversos impactos negativos, como baixa autoestima, retraimento social, depressão e ansiedade, além de outros desfechos psicossociais e comportamentais adversos”.

“O quanto isso, de algum modo, alimenta essa máquina que se reproduz?”, questiona Samira. “Como a gente muda essa cultura se tem filhos nesses ambientes que estão assistindo a esses comportamentos e que muitas vezes os naturalizam?”

A análise do perfil das vítimas de violência no último ano indica que mulheres de 25 a 34 anos (43,6%), de 35 a 44 anos (39,5%) e de 45 a 59 anos (38,2%) são os grupos etários mais afetados pelas diferentes formas de violência apuradas na pesquisa. Ainda assim, há elevada prevalência da violência em todas as faixas etárias, especialmente entre mulheres com idades entre 16 e 59 anos.

Entre outros achados, a pesquisa apontou que ao menos 21,4 milhões de mulheres brasileiras, ou 37,5% da população feminina com 16 anos ou mais, foram vítimas de algum tipo de violência no último ano. Entre as formas mais frequentes, estão humilhações verbais e agressões físicas, como batidas, chutes ou empurrões.

Siga o Jornal Midiamax nas redes sociais

Você também pode acompanhar as últimas notícias e atualizações do Jornal Midiamax direto das redes sociais. Siga nossos perfis nas redes que você mais usa. 👇

É fácil! 😉 Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, WhatsApp, Bluesky e Threads.

💬 Fique atualizado com o melhor do jornalismo local e participe das nossas coberturas!

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Você viu esses cachorros? Famílias procuram por pets que desapareceram em Campo Grande

Idoso é preso após quebrar o fêmur da esposa durante briga em Três Lagoas

Brasileiro é preso na Ponte Internacional da Amizade com contrabando de répteis exóticos

Papa Leão XIV recebe pela primeira vez vítimas de abuso sexual na Igreja Católica

Notícias mais lidas agora

Ministério Público: 98% dos membros recebem acima do teto constitucional, aponta levantamento

Ladrão que ameaçou furtar joalheria de shopping já tentou fugir de presídio por tubulação

Curandeiro de Bela Vista fotografado por Roberto Higa recebeu carta da família Kennedy

‘O fogo subiu muito rápido’: morador conta sobre incêndio que deixou moradores sem internet

Últimas Notícias

Esportes

‘Obrigada por realizar o sonho da minha filha’: menina de 9 anos conhece Wallace na Supercopa de Vôlei

Do espectro autista, Ana Alice tem hiperfoco em esportes e tinha o sonho de conhecer o campeão olímpico

MidiaMAIS

Próxima Bienal do Livro em Campo Grande já está sendo planejada e tem datas previstas

Bons resultados da primeira edição garantiram o planejamento de uma segunda

Trânsito

‘Onda Verde’ está ativa em 12 vias da Capital, mas ainda desafia motoristas

Especialista explica como ter melhor proveito dos corredores de tráfego otimizados

Transparência

Investigador é demitido por virar réu em golpe de vendas de veículos em MS

A demissão foi publicada por meio de resolução no Diário Oficial do Estado desta segunda-feira