Pular para o conteúdo
Cotidiano

#ArquivoM: Há três anos, o indígena Simeão Vilhalva foi morto em conflito de terra

Dia 29 de agosto de 2015. Há exatos três anos, morria o guarani-kaiowá Simeão Fernandes Vilhalva em um território de conflito entre indígenas e fazendeiros. O assassinato aconteceu na terra reivindicada como tradicional, Ñanderu Marangatu, na região de Antônio João, há 402 km de Campo Grande. Esta é a segunda reportagem da série que retoma […]
Arquivo -

Dia 29 de agosto de 2015. Há exatos três anos, morria o guarani-kaiowá Simeão Fernandes Vilhalva em um território de conflito entre indígenas e fazendeiros. O assassinato aconteceu na terra reivindicada como tradicional, Ñanderu Marangatu, na região de , há 402 km de . Esta é a segunda reportagem da série que retoma fatos importantes publicados pelo Jornal Midiamax.

Simeão tinha 24 anos quando foi encontrado morto na beira de um córrego da fazenda Fronteira com o rosto perfurado por uma bala de arma de fogo. A ação penal pela morte do indígena foi ajuizada ainda em 2015 pelo MPF (Ministério Público Federal), mas foi só em janeiro deste ano que a denúncia criminal foi recebida pelo juiz.

No relatório ‘Violência contra os Povos Indígenas no Brasil’ do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) do mesmo ano, MS é apontado como o estado com o maior número de homicídios contra índios e a morte de Simeão é descrita como uma consequência à ação de fazendeiros e políticos da região.

“O crime ocorreu depois que fazendeiros e políticos na região de Antônio João promoveram um ato público convocando a população a se rebelar contra a comunidade indígena de Ñhanderu Marangatu, que havia realizado algumas ações de recuperação de parcelas de seu território. O decreto de homologação desta área foi assinado há mais de dez anos, mas ela ainda permanece sob a posse de não índios”, descreve o documento.

A morte de Simeão aconteceu uma semana depois das ocupações feitas pelos indígenas na TI (Terra Indígena) Ñanderu Marangatu. Na época, os guarani-kaiowá ocuparam as fazendas Primavera, Cedro, Fronteira e Brasil, que ficam sobre a terra indígena, e o Cimi declarou que restavam apenas duas fazendas para serem ocupadas na íntegra pela comunidade.

A primeira fazenda a ser ocupada foi a Fazenda Primavera, houve um ataque e, ao invés de recuar, os indígenas decidiram entrar em outras quatro propriedades rurais como forma de sinalizar a resistência. Ñanderu Marangatu foi palco de assassinatos contra outras lideranças Guarani-Kaiowá, caso de Marçal de Souza, morto em 1983; Dom Quitito, em 2000; Dorvalino, em 2005 e Hamilton Lopes em 2012.

Dias após o assassinato, um laudo entregue à PF (Polícia Federal) confirmou que o guarani-kaiowá havia sido morto no dia 29 de agosto por um disparo de arma de fogo. O laudo desmentiu declarações de um deputado e do Sindicato Rural do município, que diziam que o indígena já estava morto antes do conflito na fazenda.

Terra palco de conflitos, Ñanderu Marangatu chegou a ter a demarcação de seus 9.300 hectares homologada em 2005, pelo então presidente Lula, mas o ato foi anulado logo em seguida pelo STF (Superior Tribunal Federal). Apesar da extensão do território, os indígenas viviam em cerca de 300 hectares até que resolveram retomar o restante da terra, onde se situam as propriedades rurais.

Após a morte de Simeão e a retomada de parte do território, a comunidade vive melhor, afirma o missionário Matias Rempel. “Simeão foi plantado como semente. Agora a comunidade planta suas sementes, celebra sua cultura. Confinado ninguém vive, é preciso de liberdade e liberdade para o povo Kaiowá é a sua terra de berço. Apesar disso, ainda falta muito para conseguir dignidade plena”, afirma. O missionário explica que ainda hoje a comunidade tem dificuldade no acesso a políticas públicas básicas e que volta e meia o conflito volta ao cenário de Ñanderu Marangatu.

Três anos após o conflito, os guarani-kaiowá podem enfrentar dificuldades em um futuro próximo. O MPF informa que Ñanderu Marangatu tem uma ação possessória em alegações finais, ou seja, está prestes a ter uma sentença proferida pela Justiça. A ação possessória discute a legitimidade da posse da área pelos donos atuais, que são contrários à demarcação administrativa realizada pela Funai (Fundação Nacional do Índio).

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Pode levar garrafa d’água? Confira regras para ir à Supercopa de Vôlei e respostas para outras dúvidas

EUA: silo de grãos desaba e causa desespero entre trabalhadores

Materiais devem ser descartados de forma correta

De pilhas a computadores, caravana recolhe lixos eletrônicos em Três Lagoas

Bazar do São Julião vende todos os itens e é encerrado um dia antes do previsto

Notícias mais lidas agora

Com licenciamento ‘em cheque’, expansão de mineração em Corumbá é investigada

Supercopa de Vôlei começa hoje com final feminina no Guanandizão

Rapaz que estava em carro que bateu contra muro de condomínio morre e motorista é preso

Clube de Imprensa de Dourados faz ‘1º Costelão Beneficente’ neste sábado

Últimas Notícias

Brasil

Janja anuncia que governo enviará ajuda humanitária para Faixa de Gaza

Declaração foi feita durante participação de Janja em evento da ONU

Polícia

Jovem é atingido com golpes de faca após briga em festa

A vítima e o autor discutiram na festa e voltavam para casa no momento da briga

Polícia

Homem invade casa e ‘furta’ medida protetiva de mulher em Caarapó

Acusado foi preso portando documento judicial que obrigava distanciamento da vítima

Famosos

Sucesso ‘Olha Onde eu Tô’, de Ana Castela, será abertura de novela das 19h na globo

Artista sul-mato-grossense também terá participação especial na trama