Voltar à faculdade em um momento mais maduro da vida e concluir o ensino superior é o sonho de quase 10 mil sul-mato-grossenses inscritos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano. O grupo é formado por pessoas com idade entre 31 e 59 anos, que representam 13,9% dos 70 mil inscritos em MS.
Os números são do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e boa parte dos candidatos desse perfil já teve a oportunidade de ingressar no ensino superior, mas por diferentes razões, não conseguiu concluir os estudos.
É o caso do manobrista Lindenberg Lopes da Silva, de 32 anos, que já frequentou três universidades. “Estudei o curso de direito em uma instituição particular por 3 meses, mas não consegui dar continuidade devido ao valor da mensalidade. As outras duas tentativas também não deram certo e agora tentarei outra vez”, conta.
A falta de incentivo familiar para os estudos entre os 18 e 25 anos, e o compromisso de sustentar a esposa e os três filhos, direcionaram a atenção do manobrista para o trabalho.
“Eu venho de uma família muito pobre e concluí o Ensino Médio aos 18 anos. Naquela época a minha família não me incentivava e aprendi sobre a importância do trabalho, mas sempre gostei de ler e nunca desisti do meu sonho, que é concluir o ensino superior. Quero dar o exemplo aos meus filhos, pois o caminho certo está no estudo”, afirma.
Sonho antigo
Conciliar as tarefas de dona de casa, as responsabilidades de ser mãe, o trabalho e um curso superior, além da falta de incentivo da família para o estudo, também impediram a frentista Vilma Barbas Costa, de 43 anos, de entrar em uma universidade no passado.
Após 20 anos sem estudar, Vilma decidiu voltar à sala de aula e dar continuidade a um sonho antigo, que é ser farmacêutica. Neste ano a frentista fará a prova do Enem pela 3° vez. O objetivo dela é alcançar pontuação suficiente para cursar farmácia na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
“Eu não tenho condições de pagar a mensalidade do curso em uma universidade particular. Na vez passada eu apresentei minha pontuação do Enem em uma instituição, mas o valor do desconto ainda estava pesado, por isso não consegui iniciar o curso daquela vez”, afirma.
Vilma concilia o trabalho no posto de combustível com um curso preparatório para o Enem. “Mesmo hoje, com meus filhos adultos, não é fácil conciliar trabalho e estudo, mas ainda assim é meu sonho e vou tentar alcançar a pontuação para estudar na Federal”, conta.
