Pular para o conteúdo
Cotidiano

Preconceito ainda é barreira para quem vive com lúpus em Mato Grosso do Sul

Apesar de ser autoimune, o lúpus possui tratamento, mas desinformação afeta pacientes
Gabriel Neves -
Lúpus ilustrativa
Doença afeta pele das pessoas e não possui cura. (Foto: Reprodução)

Nesta quarta-feira (10) é celebrado o Dia Mundial do Lúpus, que busca dar visibilidade para a doença, ainda pouco conhecida por grande parte da população, que segrega aqueles acometidos pela doença, gerando preconceitos e barreiras na vida de muitos.

sentido na pele por Katherine Cordeiro, diagnosticada com a doença há cerca de quatro anos, quando viu sua vida se transformar completamente.

“Eu não sabia que tinha a doença e no dia do parto do meu filho tive uma complicação, fiz alguns exames e 15 dias depois fui diagnosticada com a doença”, explicou.

Quatro anos após o diagnóstico, Katherine já passou por diversos estágios da doença, não somente os físicos acarretados pelo Lúpus, mas, principalmente, os sociais e psicológicos.

Ela explica que viu sua vida mudar após ao diagnóstico. Primeiro, a negação, pois Katherine realizou o mesmo exame várias vezes em clínicas diferentes. “Eu não aceitava”, resumiu.

Ao longo desse período, a doença acarretou depressão e surtos psicóticos. “Fiquei com aquela ideia que ia morrer”, disse. Para Katherine, o desespero e a sensação de desemparo, em muito, são causados pela falta de informação sobre a doença.

“Os são muitos técnicos, eles dizem que não tem cura e para mim foi muito terrível e por isso que a doença piora, porque afeta o emocional”. Após muito tempo conhecendo pessoas com Lúpus, ela resolveu criar uma rede de contatos.

O objetivo era claro no início, criar um grupo para conseguir mais informações e ajuda sobre a doença. Após alguns anos, o objetivo mudou e se tornou uma rede de pacientes, onde todos podem compartilhar suas experiências e se ajudarem.

Assim, Katherine criou grupos no Facebook e página no para que pacientes compartilhassem desde os assuntos mais banais até troca de remédios e contatos de profissionais.

O próximo passo é uma organização, com ajuda voluntária profissional para atender pessoas diagnosticadas com a doença (clique aqui) para apoiar a criação da organização.

Mas, então, o que é o Lúpus?

Para entender melhor a doença, ainda tão desconhecida, a reportagem entrou em contato com o reumatologista e professor de Medicina da Uniderp, Izaias Pereira da Costa Júnior, que explicou um pouco melhor o assunto. Confira:

O LES (Lúpus Eritematoso Sistêmico) é uma doença autoimune crônica que pode afetar diferentes partes do corpo, como pele, articulações, rins, pulmões, coração e cérebro.

Na LES, o sistema imunológico ataca as células e tecidos saudáveis do corpo, causando inflamação e danos.

Quais são os sintomas do Lúpus Eritematoso Sistêmico?

Os sintomas do LES podem variar de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem fadiga, febre, dor e inchaço nas articulações, vermelhidão ou erupções cutâneas na pele, queda de cabelo, e, em caso mais graves, lesão nos rins, pulmões e coração.

O LES pode ser diagnosticado precocemente se os sintomas forem reconhecidos e tratados rapidamente.

Como é possível identificar o Lúpus Eritematoso Sistêmico?

O diagnóstico do LES pode ser um desafio, pois seus sintomas podem ser semelhantes aos de outras doenças.

O médico reumatologista pode usar uma combinação de testes, como exames de sangue, análise da urina, biópsia de pele ou órgãos afetados e histórico médico e familiar para fazer o diagnóstico.

É importante consultar um reumatologista se você tiver sintomas persistentes.

Qual é o tratamento para o Lúpus Eritematoso Sistêmico? Existe cura? Como prevenir?

Embora não haja cura para o LES, existem tratamentos que podem ajudar a controlar seus sintomas e reduzir o risco de complicações.

O tratamento pode incluir medicamentos, como corticosteroides, imunossupressores ou medicamentos biológicos, mudanças no estilo de vida, como evitar o sol, manter uma dieta saudável e exercitar-se regularmente, e acompanhamento médico regular.

Não há uma maneira conhecida de prevenir o LES, mas a prevenção de infecções e a redução do estresse podem ajudar a reduzir o risco de crises.

Qual é a importância das pessoas estarem atentas ao Lúpus Eritematoso Sistêmico?

É importante que as pessoas estejam cientes do LES e seus sintomas para que possam procurar ajuda médica rapidamente se apresentarem sinais da doença.

O LES pode ser uma doença debilitante e potencialmente fatal se não for diagnosticado e tratado precocemente.

A conscientização sobre o LES pode ajudar a melhorar o diagnóstico e o tratamento da doença e ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas pelo LES.

Remédios pelo SUS

O município de possui a Lei Nº 5.074/12, que garante todo medicamento necessário ao controle da doença ao portador do Lúpus, por meio do atendimento público.

Para efeito desta lei, os medicamentos já autorizados são os bloqueadores, filtros e protetores solares, cujo uso é imprescindível ao portador do LES, ação necessária na política de atendimento.

Doença é assunto de Lei municipal

Além disso, o Projeto de Lei nº 6.221/19, de autoria do vereador Carlão, dispõe sobre a política municipal de conscientização e orientação sobre o Lúpus.

A Lei busca suprir a necessidade de divulgação do assunto para combater o preconceito. O Lúpus não é contagioso, é uma doença autoimune, que ocorre quando o sistema imunológico do seu corpo ataca seus próprios tecidos e órgãos.

“A condição é capaz de afetar diversos sistemas do corpo, como articulações, pele, rins, células sanguíneas, cérebro, coração e pulmões. Não existe cura para a doença, mas existem tratamentos eficazes para o controle da doença e redução de sintomas”, disse Carlão, autor do texto.

A Lei prevê campanha de divulgação sobre o Lúpus, tendo como principais metas divulgar informações sobre suas características e sintomas; precauções a serem tomadas pelos portadores; tratamento médico adequado; orientação e suporte familiar, implantação através dos órgãos competentes, de sistema de coleta de dados sobre os portadores visando obtenção de elementos informadores sobre a população atingida.

Além disso, contribuir para aprimoramento das pesquisas científicas do setor; firmar convênios com outros órgãos públicos, entidades, associações e empresas de iniciativa privada, sempre que necessário, a fim de estabelecer trabalhos conjuntos acerca do Lúpus.

Lei cria Programa de Conscientização e Orientação no Estado

A Lei nº 3.595, de 2008, institui o Programa de Conscientização e Orientação sobre o Lúpus Eritematoso Sistêmico em todo o Mato Grosso do Sul. A lei completa pode ser conferida clicando aqui.

Assim, ficaram instituídas algumas metas para serem cumpridas pelo programa. Confira:

  • elucidação sobre as características da moléstia e seus sintomas;
  • precauções a serem tomadas pelos portadores da moléstia;
  • tratamento médico adequado;
  • orientação e suporte familiar;
  • obtenção de elementos informadores sobre a população atingida pela doença;
  • detecção do índice de incidência da doença no Estado;
  • contribuição para aprimoramento das pesquisas científicas do setor.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Bebê de 11 meses morre na Santa Casa após se afogar em piscina de plástico

Thiago Silva faz de voleio no último lance e salva o Fluminense diante do Juventude

Gasolina comum registra diferença no preço de 9,56% a 14,87% em Campo Grande

Vitória ganha clássico do Bahia e fica a três pontos do Santos na luta contra o rebaixamento

Notícias mais lidas agora

Rombo de R$ 106 milhões no TCE-MS: STJ ‘enxuga’ ação para julgar Waldir Neves e Iran Coelho

treinadora volei supercopa

‘Momento de orgulho’: de Campo Grande, treinadora nacional de vôlei celebra Supercopa em sua cidade

Colégio Status realiza Prova de Bolsas e Aulão ENEM – Plano B

Leilão oferece lote único de 60 toneladas de restos de veículos em MS

Últimas Notícias

Cotidiano

Trabalhador rural perde a visão enquanto cortava lenha no Pantanal do Paiaguás

Aproximadamente 120 km via fluvial da área urbana de Corumbá

Mundo

Morre Ace Frehley, guitarrista fundador do Kiss, aos 74 anos

Quando a formação original do conjunto foi introduzida no Hall da Fama do Rock em 2014

Cotidiano

EMHA convoca suplentes selecionados para a Vila da Melhor Idade

Edital Informativo também tornou público a relação de pessoas desclassificadas do processo

Brasil

Quilombolas lançam NDC própria e cobram inclusão na política climática

Documento propõe que o Estado brasileiro reconheça os territórios quilombolas