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Cotidiano

Violência nas escolas pode ser reduzida com ‘educação pacífica’ e diálogo, defende especialista

Briga entre alunos de colégio levantou debate sobre como prevenir episódios em Campo Grande. Especialistas dão orientações
Nathália Rabelo -
(Arquivo, Jornal Midiamax) - Ilustrativa

A briga entre alunos ocorrida na quarta-feira (23) em escola particular de Campo Grande levantou debate sobre como prevenir os episódios de violências nas unidades escolares, sobretudo envolvendo crianças e adolescentes.

Nesse sentido, especialistas ressaltam a necessidade da pacífica e que aborde a cultura da não violência cotidianamente. Além disso, diálogo entre os pais é a chave para entender o comportamento dos mais jovens.

Na última quarta-feira (23), cerca de cinco alunos foram flagrados agredindo um colega durante o intervalo de uma escola particular da capital. Um dos adolescentes saiu sangrando do pátio após ser agredido com socos.

O episódio chocou a cidade, sobretudo após viralizar nas redes sociais. E coloca em pauta o que está por trás do comportamento agressivo de quem agrediu, além do abalo emocional de quem foi agredido.

Estatísticas apontam para casos pontuais de violência

O presidente da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), Gilvano Kunzler Bronzoni, aponta que tem um número baixo de violência dentro das escolas. Contudo, seria necessário adiar as comemorações, justamente porque o ideal é que episódios dessa natureza não aconteçam.

Bronzoni detalha que a ACP defende um ensino que foca na aprendizagem do aluno, mas também na sua formação como ser humano por meio da conscientização cotidiana.

“Nesse sentido o professor é fundamental, deve estar preparado, valorizado, com boa saúde para poder estar continuando, desenvolvendo o trabalho hoje e nos próximos anos. A gente não pode cochilar para problemas crônicos. E a violência é um problema crônico”, diz.

Nesse sentido, o professor ressalta a campanha da ACP nas escolas para debater a violência contra a mulher.

“O menino de hoje é o homem de amanhã. O menino não pode ser violento com a menina hoje e nem a menina deve ser violenta também […]. A nas escolas não tem distinção de sexo, é um problema social, mesmo. Nos últimos anos não temos registros de briga entre sexos opostos, o que é importante”.

Assim, o presidente da ACP ressalta a importância da sociedade, pais e docentes debaterem a cultura da não violência dentro de casa e nas escolas, especialmente neste momento em que os mais jovens têm acesso quase irrestrito a conteúdos impróprios nas redes sociais, o que pode impulsionar comportamentos agressivos. “Os pais devem acompanhar os filhos”.

Orientação nas escolas

Uma vez que as escolas – particulares e públicas – seguem os próprios protocolos e regimento de ensino, especialistas indicam que a docência deve priorizar ensino cotidiano para evitar episódios de violência.

“Infelizmente, na maioria das vezes, quem tem que separar as brigas não são profissionais habilitados. É o adulto que ali está mais perto, então tem que cuidar da segurança das crianças nas escolas. O protocolo é chamar família. Num caso extremo, chamar o conselho tutelar, a depender do nível da violência, se caso teve emprego de alguma ferramenta, etc.”, diz Gilvano.

Por outro lado, Jaime Teixeira, presidente da (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), afirma que o assunto é sempre debatido, especialmente desde o início do ano com as ondas de ameaças de ataques nas escolas de Campo Grande. Para ele, as escolas devem adotar a cultura da paz.

“A entidade sindical tem preocupação com a segurança nas escolas. É preciso ter políticas públicas e uma cultura da paz. Precisa ter no calendário escolar uma política de cultura da paz com desenvolvimento de debate contínuo, e não de vez em quando. Assim, estimula a boa convivência, respeito ao próximo, direitos e deveres, limites, de forma não haja como de incentivar a política de ódio”, afirma à reportagem.

Jaime ainda opina ser a favor do monitoramento dos espaços de uso comum das escolas, como corredores. Contudo, revela ser contra o armamento de funcionários para evitar essas confusões.

“O importante é, no cotidiano e no currículo da escola, ter sempre o debate da cultura da paz, respeito e urbanidade entre os alunos”.

Educação socioemocional

Para evitar futuras casos de violências nas escolas e para tratar dos já ocorridos, é importante que as escolas adotem a educação socioemocional para ajudar crianças e adolescentes a desenvolverem a capacidade de respeitar, aceitar o outro e preservar seu próprio espaço, ajudando também a autoconfiança, valorização pessoal, respeito por outras culturas.

“É importante conversar abertamente sobre teorias de ódio, redes sociais, condutas extremistas, até sobre política, sobre racismo, questões que muitas vezes os pais, professores e educação em geral acham que não é necessário abordar. Mas são. Importantíssimo inserir a educação socioemocional e trabalhar esses pontos para que haja acolhimento, aceitação e seguros o que eles estão sentindo e pensando”, afirma a psicopedagoga Glaucia Benine.

Ela também ressalta que, fora dos portões do colégio, a participação ativa e respeitosa dos pais serve para entender o sentimento dos filhos, especialmente se eles já foram agressores ou vítimas de algum episódio de briga.

Como iniciar uma conversa

Segundo a profissional, crianças e adolescentes podem apresentar vários sinais de que algo não vai bem na escola. São eles:

  • Isolamento social;
  • Baixa qualidade do sono e perda do apetite;
  • Sinais de agressividade e mudanças de humor;
  • Baixa autoestima e falta de vontade de tomar banho;
  • Dificuldade em criar vínculos afetivos e trocas constantes de amizades.

Para a especialista, responsáveis precisam ficar atentos aos comportamentos dos filhos e aos círculos sociais para ver se os menores estão dentro de um desenvolvimento saudável ou não. Nesse cenário, o diálogo é essencial e deve incluir os sentimentos dos mais jovens.

“Muitas vezes os pais querem conversar com os filhos como se fosse um sermão, uma lição de moral, com uma opinião suprema sobre algo e isso não resolve. É necessário que haja mesmo o diálogo onde a criança ou adolescente tenha escuta ativa e possa colocar as ideias dele e tenha a liberdade de falar e se expressar de forma sincera e genuína”.

Por isso, toda mudança de comportamento é sinal de atenção, especialmente porque nem sempre os menores se expressam verbalmente. Glaucia ainda ressalta que, em casos em que os pais encontrem no filho algum ponto de alerta e ele não seja solucionado com diálogo, a orientação é buscar ajuda de um profissional.

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