A confusão no trânsito de Campo Grande que terminou com um condutor agredido, no último domingo (7), evidencia a solidariedade entre motoristas de aplicativo que varam horas em corridas. Em uma pequena reunião nesta terça-feira (9), o grupo comemorou o fortalecimento da Rota MS, com quase dois mil colaboradores.
O criador do coletivo, Douglas Luz, conta que o Rota MS foi criado há dois anos com a intenção de apoiar colegas de trabalho durante a rotina de embarque e desembarque de passageiros. Sobre o episódio, ele comentou sobre a prestação de atendimento a vítima após a agressão pelo condutor da caminhonete, que foi identificado e estaria prestando suporte financeiro ao colega.
“Foi criado no intuito da parceria para trabalho seguro, da gente se ajudar, fazer ações sociais, ajudar famílias, ajudar em casos de motoristas que batem o carro e fazer vaquinha… Teve caso de ajudar a encontrar pai de parceiro perdido. No caso do nosso colega [vítima de agressão], teve outra colega que ficou com ele na UPA até 0h, prestando apoio. Também estamos alinhados com o poder público, com a Guarda Municipal e a Polícia Militar, quando é necessário uma ajuda maior”.
Andreia Pires trabalha na categoria há um ano e quatro meses, quando foi convidada a entrar no grupo para se sentir mais segura. “Um administrador, amigo, me convidou. Tinha 30 dias que rodava e tinha medo, não corria à noite, no máximo até 21h [aceita corridas]. Depois que entrei não tenho mais medo, é só acionar que a Rota chega rápido”.
O medo dos iniciantes também refletia em Jéssica, que teria do assédio ao assalto. Ela está com o grupo há mais de ano e relembra as situações desesperadoras enquanto dirigia, como comentários de passageiros.
“A partir do momento que os parceiros se comunicam, sei que posso ajudar e me sinto mais segura. É bom estar junto nessa caminhada, porque é difícil, tem dias que os passageiros não respeitam, para as mulheres é ainda mais difícil e saber que parceiros podem ajudar [alivia]. Na semana passada mesmo, uma pessoa pediu carona e saiu do meu carro quando disse que ia chamar meus amigos”.
Conhecido como lobo solitário, Evanir é o mais recente membro da equipe, ingressando há três semanas na participação. Ele desmistifica a titulação de “gangue dos motoristas”. “Somos uma família, um ajudando o outro. Nós sofremos assédio de homens, mulheres e até casal, de gente que não quer pagar a viagem, medo de assalto. Ajudamos [até quando um colega tem] pane no carro, buscamos sempre um jeito de resolver”.
Para se tornar um integrante, o presidente indica entrar em contato pelas redes sociais do Rota MS ou pelo WhatsApp (67) 99268-4269.
Karina Campos e Clayton Neves
