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Cotidiano

Com clima extremo e junho ‘apocalíptico’ no Pantanal, entidades alertam que ‘o pior está por vir’

Nos últimos anos, situação dos incêndios no Pantanal se agravaram apenas a partir de agosto
Fábio Oruê, Clayton Neves -
pantanal incêndio
Fumaça no Rio Paraguai, em Corumbá (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Profissionais envolvidos no monitoramento dos incêndios no Pantanal alegam terem sido ‘pegos de surpresa’ com o avanço das chamas nesta época do ano. Isso porque, historicamente, o fogo costuma ter o ápice em agosto e setembro.

Porém, com a situação da forma que está – com Corumbá encoberta por fumaça, centenas de animais mortos e mais de 200 mil hectares do Pantanal consumidos pelas chamas -, a descrença em um futuro próximo mais ameno é inevitável.

Segundo o chefe de Brigada Pantanal do Prevfogo, Anderson Thiago, normalmente em junho, a equipe começa a se preparar para os incêndios. “No mês de junho estávamos começando a nos preparar para definir as dinâmicas de preparação. Neste ano, em junho, já estamos atuando em incêndios de grandes proporções”, relata.

Reportagem do Jornal Midiamax percorreu o trecho de 450 km entre e na quinta-feira (20), rumo ao Pantanal sul-mato-grossense, e acompanha o trabalho dos brigadistas, rotina da população corumbaense e o avanço do fogo.

Evolução para pior

Para o capitão do de Corumbá, Silviano Barbosa Coelho, as condições climáticas têm impactado diretamente nos incêndios do Pantanal. “A gente esperava um cenário parecido ao que aconteceu em 2020. Mas está bem alarmante com as condições de 2020 para pior”, opina.

Para ele, os incêndios em vegetação e os urbanos estão piores que os do ano passado. “Aliado a isso, uma condição climática extrema que inclui vários dias sem chuvas, estiagem prolongada, vegetação muito seca; fatores que tornam o cenário propício aos incêndios”, diz à reportagem.

“Essas condições climáticas extremas vão contribuir bastante para os incêndios florestais neste ano”, acrescenta. O capitão diz que o nível do Rio Paraguai é um dos fatores agravantes. “Esses locais deveriam estar mais alagados, mas a gente vê a vegetação e está mais seca”, observa.

União de forças

Para a coordenadora operacional do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal), Paula Helena Santa Rita, as queimadas se anteciparam muito e por estar em junho, a situação é crítica.

“O prognóstico meteorológico não é dos melhores, mas a gente está trabalhando em ações imediatas. São diversos grupos de brigadistas, assistência governamental, brigadas pantaneiras trabalhando”, afirma ao Jornal Midiamax.

“É uma soma de esforços para não deixar chegar onde chegou em 2020. Eu acredito que todas as equipes, independente da cor de farda, estão com esse mesmo propósito”, ressalta a profissional.

Combate aos incêndios

Nesse cenário, o Instituto Homem Pantaneiro atua diretamente no combate ao fogo. Eles monitoram as imagens em tempo real e vão diretamente no foco do fogo. Segundo o assessor do IHP, Rodolfo Cesar, o vento está propagando as chamas.

“Hoje o fogo está se comportando vindo da área norte, em direção à cidade de Corumbá. A posição dos ventos leva o fogo para a região de Corumbá e também pegando uma parte da Bolívia. Os ventos estão empurrando o fogo”, explica.

Ele acrescenta que o vento muda de direção muito rápido e de forma inesperada. Reunião que teve a participação de entidades e instituições ambientais aconteceu no Ministério do Meio Ambiente e informou um prognóstico ruim para os próximos meses.

“Agora estamos no mês de junho, ou seja, dados históricos demonstram que a situação tende a se agravar. Então o que temos é um cenário preocupante”, diz. O IHP atua no suporte do combate aos incêndios florestais com o Corpo de Bombeiros e Marinha.

Situação crítica no Pantanal

Na BR-262, rodovia que dá acesso a Corumbá, dezenas de animais mortos atropelados na pista são o retrato de que a interação entre homem e natureza está distante do equilíbrio que se espera.

Pela estrada, cercada por vegetação nativa, placas de trânsito alertam sobre a presença de quem sempre esteve ali. ‘Dirija com atenção, risco de animais na pista’, alerta a placa, em vão.

Na noite da última sexta-feira (21), a reportagem presenciou situação de risco com a rodovia BR-262 encurralada por incêndio – cerca de um quilômetro após a ponte do Rio Miranda, no km 703, chamas se espalhavam formando extenso cordão de fogo em uma área de mato seco.

Fumaça tomou conta de Corumbá

Brigadistas que atuam em um grande incêndio na entrada de Corumbá informaram ao Jornal Midiamax que na vegetação há uma condição que intensifica a formação de fumaça, que tomou conta da cidade.

A parte subterrânea tem vegetação seca, mas a parte de cima ainda é de vegetação verde, que aumenta o fumaceiro. A fumaça branca é vista de longe. O foco fica às margens do Rio e corumbaenses assistem tristes à queimada. Além disso, o vento ajuda a levar a fumaça para a cidade.

“Eu sei que é prejudicial, mas o brigadista só vai sair do campo quando controlar a situação”. O relato do chefe de Brigada Pantanal do Prevfogo, Anderson Thiago é o retrato da realidade enfrentada por 39 brigadistas que combatem os incêndios do Pantanal atualmente. Calor, baixa umidade, fogo e fumaça dia e noite.

O Pantanal está em chamas, com 1.729 focos de incêndios em junho no Mato Grosso do Sul e 250 focos em apenas um dia. Desde janeiro de 2024, pesquisadores alertam para o período de estiagem no Pantanal, mas o fogo chegou antes do que as equipes de combate esperavam.

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