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Cotidiano

Com exame inovador, ação alerta para diagnóstico precoce da diabetes ocular

Com tempo de espera de até dois anos, 90% dos pacientes descobrem a retinopatia diabética na já forma grave da doença
Lethycia Anjos -
Exame de retinografia
Exame de retinografia (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Em ação realizada neste sábado (23), na USF (Unidade de Saúde da Família) das III, equipes da (Secretaria Municipal de Saúde) e Hospital Julião se uniram com o objetivo de alertar sobre a importância do combate ao diabetes. Entre os atendimentos oferecidos, destaque-se a retinografia, exame essencial para o diagnóstico precoce da diabetes ocular.

Retinografia consiste em um exame de imagem de fundo do olho que ajuda a identificar a retinopatia diabética, doença que está entre as principais causas de perda de visão em pessoas entre 20 e 75 anos. Trata-se de uma complicação microvascular na retina, específica do DM (Diabetes Mellitus), que afeta cerca de 1 em cada 3 pessoas portadoras de diabetes.

Exame do fundo do olho
Exame do fundo do olho (Nathalia Alcântara, Midiamax)

A retinóloga oftalmologista Vanessa de Almeida, que coordena o ambulatório de retinopatia diabética no Hospital São Julião, explicou que a campanha iniciou durante a pandemia, com a chegada dos primeiros aparelhos capazes de realizar fotografias do fundo do olho à distância.

“Na época, houve um movimento da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, para que começássemos a realizar exames à distância em parceria com outras especialidades. Trouxemos essa ideia para e a apresentamos na Prefeitura, na Sesau e ao então Secretário de Saúde”.

Vanessa explica que a proposta era firmar uma contratualização com o Hospital São Julião, referência terciária em saúde no município, para implementar um projeto-piloto. A partir disso, o projeto ganhou forma e desde então mais de 3 mil pessoas realizaram o atendimento.

“A ideia é trazer diagnóstico precoce de diabetes nos olhos para os pacientes que têm a patologia e que às vezes nem sabe que têm”.

‘90% dos pacientes aguardam até dois anos por atendimento’

USF Moreninhas
USF Moreninhas (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Conforme a especialista, estatísticas do ambulatório de retinopatia diabética indicam que, 90% dos pacientes aguardam em média dois anos para chegar ao Hospital Julião. Esse período inclui o atendimento inicial na unidade básica de saúde, o encaminhamento ao setor secundário e, finalmente, o acesso aos subespecialistas responsáveis ​​pelo tratamento.

“Durante esse tempo na fila, uma grande parte dos pacientes perde, pelo menos, a visão de um olho. Quando chega até nós, 90% já apresentam forma grave da doença. Em muitos casos, um dos olhos não possui mais possibilidade de tratamento, enquanto o outro exige um procedimento extremamente doloroso, demorado e caro”, explica.

Segundo a médica, dos quase 3 mil pacientes avaliados em 2024, apenas 10% apresentam a doença no olho, enquanto os outros 90% ainda não têm, ou seja, estão iniciando o entendimento de que é necessário realizar exames preventivos.

“Se conseguirmos diagnosticar a doença em seu nível inicial, conseguiremos tratar o paciente adequadamente, evitando a perda da visão. Dessa forma, ele segue com sua vida normalmente, podendo continuar trabalhando e realizando suas atividades cotidianas”.

Diabetes Mellitus

Exame de glicemia
Exame de glicemia (Divulgação, Sesau)

Diabetes é uma doença ocasionada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. A insulina consiste no hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo.

A doença pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, pode levar à morte.

Dados da sociedade brasileira de diabetes apontam que no Brasil, mais de 15 milhões de pessoas vivem com a doença, o que representa 7% da população nacional. Por isso, a melhor forma de prevenir é praticando atividades físicas regularmente, mantendo uma alimentação saudável e evitando consumo de álcool, tabaco e outras drogas.

Márcia Gisele Ornelas, médica preceptora de Medicina da Família e Comunidade da USF Moreninhas, explica que a ação realizada em parceria com o Hospital São Julião visa prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

“A doença é bastante prevalente em todo o mundo, e nas Moreninhas não é diferente. Além do acompanhamento regular, esses pacientes precisam de avaliações específicas, como exame de fundo de olho, viabilizado com o apoio do Hospital São Julião, avaliação dos pés, sinais de vitais e exames laboratoriais realizado por nossas equipes”, explica.

Exames preventivos evitam complicações futuras

Ação na USF Moreninhas
Ação na USF Moreninhas (Nathalia Alcântara, Midiamax)

A médica destaca que ainda existem diferentes tipos de diabetes, com destaque para o tipo 2, que é mais comum e frequentemente identificado em estágio avançado. Marcia relata que a ação reuniu cerca de 200 pacientes.

“O diabetes tipo 2 geralmente apresenta sintomas quando a doença já está mais descontrolada. Entre os sinais, estão perda de peso, aumento da sede, maior frequência urinária e fome excessiva. Esses sintomas indicam que o diabetes não está sob controle e requer atenção imediata”, detalha Márcia.

Além disso, Marcia alerta que exames preventivos são indicados mesmo para pessoas sem comorbidades, como forma de detectar a doença precocemente.

“É fundamental que todos realizem exames de rotina, pelo menos uma vez ao ano. Mesmo quem não tem nenhuma doença deve procurar sua unidade básica de saúde da família e manter os cuidados em dia. Quanto mais cedo conseguir identificar, melhor”.

Vida após o diagnóstico

Eudes Souto Porpa
Eudes Souto Porpa (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Eudes Souto Porpa descobriu que tinha diabetes de forma repentina, há cerca de dois anos, após passar mal enquanto dirigia.

“Estava dirigindo o carro, comecei a ficar tonto e quase bati a caminhonete. Liguei para minha filha, ela me levou até o , e lá que descobri que estava com diabetes. Minha glicose estava em 550. A partir daí, comecei o tratamento e faço acompanhamento contínuo. Mas na hora, eu não sabia da doença, só descobrir bem depois”, conta.

Desde o diagnóstico, Eudes precisou adaptar sua rotina e eliminar alimentos como refrigerantes e doces. Atualmente, ele utiliza insulina três vezes ao dia e recebe o medicamento gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

“Eu ainda tomo um pouco de refrigerante zero, mas sempre falam que não é seguro, por isso prefiro tomar mais sucos naturais”, afirma.

Nilzete Batista de Santos, de 70 anos
Nilzete Batista de Santos, de 70 anos (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Há mais de 25 anos, a aposentada Nilzete Batista de Santos, de 70 anos, convive com a diabetes. Diferente de Eudes, ela descobriu a doença de forma precoce, durante exames de rotina.

“Descobri quando tinha 44 anos. Sempre controlei bem o diabetes, e entre os pacientes do posto, eu tinha a menor taxa de glicose, variando entre 150 e 200. Evito comer gorduras e frituras, por isso nunca precisei ficar internada”, conta.

Nilzete menciona que, no início, fez uso de insulina, mas atualmente se trata apenas com medicamentos.

Dia Mundial de luta contra o diabetes

O evento em alusão ao combate ao Dia Mundial de luta contra o diabetes ocorre até às 13h deste sábado (23) na USF Dr. Judson Tadeu Ribas. O endereço é na Rua Anacá, 645 – Vila Moreninha III.

Confira os atendimentos:

  • Antropometria: peso, altura, circunferência abdominal;
  • Avaliação de exames laboratoriais, hemoglobina glicada e risco cardiovascular;
  • Avaliação de pé diabético;
  • Avaliação odontológica e orientação;
  • Solicitação de exames de acompanhamento para pacientes diabéticos que não tem seguimento no sistema;
  • Avaliação do fundo de olho (retinografia).

Com informações da repórter Tais Wolfert.

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