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Cotidiano

Após cidade ‘respirar fumaça’ em 2024, qualidade do ar se mantém satisfatória em Campo Grande

Estação de monitoramento da qualidade do ar emite alertas diários sobre poluição atmosférica; chuvas de 2025 asseguraram superação de ano crítico
Idaicy Solano -
Cidade de Campo Grande. (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Nos primeiros seis meses de 2025, se manteve com a qualidade do ar em índices frequentemente abaixo de 40, estimativa considerada ‘boa’, conforme o padrão utilizado pela Resolução nº 506/2024, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que estabelece os padrões de qualidade do ar.

Em comparação ao mesmo período de 2024, entre o fim de junho e o início de julho, houve uma melhora significativa. No ano passado, os níveis eram frequentemente moderados ou ruins durante o período de estiagem, e Campo Grande enfrentou o pior índice desde o início do monitoramento da estação, em 2021, com 51 dias acima do nível indicado.

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Conforme detalha o professor do Instituto de Física Widinei Alves Fernandes, responsável pela estação, Campo Grande chegou a registrar o nível péssimo em 8 de outubro de 2024. Naquele dia, a qualidade do ar estava tão afetada, que respirar o ar da Capital era o equivalente a consumir seis cigarros ao dia.

Registros feitos pelo Jornal Midiamax, na época, mostram parques, prédios e casas envoltos pela fumaça das queimadas que ocorreram na região do Pantanal sul-mato-grossense, um dos fatores que mais contribuíram com a poluição do ar. 

Ano de 2024 enfrentou 51 dias acima do nível indicado

Entre janeiro e novembro de 2024, o Pantanal sul-mato-grossense perdeu 1,8 milhão de hectares devido aos incêndios florestais. O número representa 20,82% do território pantaneiro que existe no Estado, cerca de 9 milhões de hectares. O registro é maior que em 2020, quando o fogo devastou cerca de 1,2 milhão de hectares.

A maior concentração dos focos de calor foi registrada nos municípios de Corumbá (65,0%), (17,3%), Porto Murtinho (9,1%) e Miranda (8,1%), que registram 98,8% dos focos de calor do Pantanal sul-mato-grossense. Os dados constam no Informativo nº 22 do (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS), divulgados em novembro do ano passado.

“Em 2024, tivemos 51 dias fora da condição denominada boa durante os meses de estiagem. Por isso, é importante medir [a qualidade do ar], porque a gente informa a população de Campo Grande em tempo real, e isso é muito importante para o poder público agir”, reforça. 

Qualidade do ar atualmente 

Conforme informado pelo professor, somente nos quatro primeiros meses de 2025, choveu o equivalente à precipitação durante os 12 meses de 2024. Por conta disso, houve uma boa redução nas queimadas, principal fator que impacta na qualidade do ar.

Em relação a outros poluentes, Widinei explica que o fluxo veicular tem uma contribuição significativa, principalmente durante os dois picos diários, por volta das 7h e no final da tarde. No entanto, esse fluxo não tem se mostrado o suficiente para impactar índices. 

“[Sair da qualidade boa] tem ocorrido quando há queimadas. E nem precisam ser queimadas próximas.  Queimadas da Amazônia, de Mato Grosso e da Bolívia nos alcançaram aqui e causaram a piora da qualidade do ar em 2024”, explica. 

A população pode ter acesso aos índices e níveis da qualidade do ar no site da estação de monitoramento, onde os dados são atualizados a cada 24 horas. 

Por que queimadas pioram a qualidade do ar? 

As fontes mais expressivas que influenciam na qualidade do ar são as queimadas, os veículos e as indústrias. No entanto, a que ganha, em disparada, são as queimadas. Quando elas ocorrem, a fumaça lança partículas finas na atmosfera, capazes de viajar longas distâncias. Além disso, as queimadas liberam uma série de poluentes, incluindo dióxido de nitrogênio e cobalto, que afetam gravemente a saúde. 

“Vamos entrar no período seco, o mais crítico. É quando começa a aumentar a chance de ter queimadas, e essas partículas muito finas ficam por vários dias na atmosfera. O principal fator para a remoção é a chuva. Então, quando chove, a atmosfera é ‘lavada’. Quando não tem chuva, essas partículas ficam em suspensão, aumentando a concentração. Logo, a qualidade do ar vai ficando cada vez pior”, explica. 

Atualmente, o professor revela que não possui recursos para medir os poluentes gasosos, apesar de dispor dos equipamentos. Por isso, o projeto vive de parcerias com entidades públicas e privadas, inclusive por meio de editais, para conseguir verba. 

Professor do Instituto de Física Widinei Alves Fernandes, responsável pela estação. (Foto: Madu Livramento, Jornal Midiamax)

Como funciona a estação? 

Com dados atualizados a cada 60 minutos, a estação de monitoramento da qualidade do ar da (Universidade Federal de ) emite alertas precisos da poluição atmosférica em Campo Grande, atualizados a cada 24 horas.

Basicamente, as chamadas partículas de suspensão e partículas finas adentram os sistemas da estação e vão direto para um filtro. Lá, é feita a leitura “por segundo” das partículas que circulam pelo ar e vão parar nos filtros ao longo do dia. Dessa forma, o professor explica que, a cada hora, a estação registra uma medição da qualidade do ar.

Esses dados são reunidos e transformados em uma média das últimas 24 horas, conforme o padrão utilizado pela Resolução nº 491/2018, do Conselho Nacional do Meio Ambiente. A normativa estabelece os padrões de qualidade do ar e, a partir da média obtida, é calculado um índice, que serve como uma forma mais simples de informar à população se a qualidade do ar está boa ou não.

“Esse índice mostra quando as concentrações são baixas, que é uma qualidade do ar denominada boa, embora não existam níveis seguros para a exposição a esses poluentes. Mas, quando a concentração é um pouco maior, ela passa para outros níveis”, explica o professor.

Índices da qualidade do ar 

Segundo explicação do professor, a condição do ar é medida em níveis, conforme o índice da qualidade do ar: um índice até 40 é denominado qualidade boa; de 40 a 80, passa para moderada; de 80 a 120, é qualidade ruim; de 120 a 160, muito ruim; e, por fim, acima de 160 é qualidade péssima.

No nível moderado, crianças, idosos e pessoas com predisposição para problemas respiratórios são as principais afetadas. Quando a concentração passa para o nível ruim em diante, toda a população, independentemente da idade ou condição física, é afetada. 

“Quando chega ao nível ‘muito ruim’, já é indicado o uso de máscaras. Além disso, já é recomendado não fazer mais atividade física. Então, emitimos alerta para as escolas suspenderem a educação física, por exemplo, além de atenção à saúde, principalmente de crianças e idosos”, completa o professor. 

À esquerda, filtro sujo com partículas de suspensão; à direita, filtro limpo, antes de ser contaminado. (Foto: Madu Livramento, Jornal Midiamax)

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