O cenário não parecia tão complexo: no dia 20 de agosto, Juliana Amaral de Almeida, de 31 anos, apresentou os primeiros sintomas gripais, iniciou o tratamento com amoxicilina e melhorou. Poucos dias depois, os sintomas retornaram mais intensos, o que a levou buscar a UPA Vila Almeida, onde constataram a pneumonia. No entanto, ao realizar os exames laboratoriais, o susto: um possível diagnóstico para insuficiência renal aguda.
“Vim tratar uma pneumonia e soube pelo exame de sangue que meu rim só estava funcionando 6%. Já me internaram e disseram que precisava ir pro hospital urgente, pois meu exame já dava critério de iniciar uma hemodiálise”, conta Juliana.
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Conforme o boletim médico para solicitação de vaga hospitalar emitida pela unidade de pronto atendimento, o exame apontou “insuficiência renal aguda sobreposta a doença renal crônica”, necessitando, assim, “avaliação de nefrologista devido ao baixo funcionamento renal”. A classificação de risco foi determinada ‘Prioridade 1’, que define o caso “como risco iminente de morte, muito urgente: risco em agravo da doença”.
Desde então, Juliana, que está internada na unidade de saúde, aguarda uma vaga em hospital de Campo Grande.
“Sinceramente, fiquei chocada, foi um susto bem grande, nem eu esperava esse diagnóstico. Agora estou aqui aguardando a vaga pra um hospital por causa renal. Estou tomando antibiótico também. Preciso ir pro hospital fazer exames mais detalhados pra descobrir porque os rins estão lesionados e quem sabe, reverter o quadro. Mas segundo o que me foi passado, eu precisava inicializar a hemodiálise urgente. Mas, se é urgente, por que não sai a vaga, então? Muito descaso”, lamenta.
Posicionamentos
A reportagem acionou o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), a Santa Casa e a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
Em nota, a Santa Casa de Campo Grande informou que “assim como diversas unidades hospitalares da capital, enfrenta períodos recorrentes de superlotação, o que impacta diretamente a capacidade de atendimento em determinadas especialidade” e que por isso, “todos os casos são criteriosamente avaliados pelo Núcleo Interno de Regulação, composto por médicos e enfermeiros capacitados para analisar o quadro clínico de cada paciente com responsabilidade e precisão”.
O hospital pontuou ainda que é reconhecido “como referência nas áreas de neurocirurgia, cardiologia e ortopedia” e por isso, “a Santa Casa não possui exclusividade para o atendimento de casos de insuficiência renal aguda. Diante da atual situação de superlotação, infelizmente, torna-se inviável o acolhimento de pacientes fora das especialidades de referência”.
A unidade apontou ainda que “o caso está sendo discutido internamente pelas equipes técnicas, que seguem empenhadas em buscar soluções viáveis dentro dos limites operacionais da instituição. No momento, o hospital permanece com sua capacidade máxima de ocupação”. Por fim, reforçou que “os hospitais conveniados ao Poder Público não são acionados diretamente pela regulação hospitalar. A comunicação entre os setores é feita por meio do Sistema Estadual de Regulação, responsável por organizar e viabilizar a ocupação das vagas disponíveis na rede de saúde”.
Já a Sesau informou que “todos os serviços de consultas, exames e atendimentos prestados à população seguem os protocolos do SUS (Sistema Único de Saúde), que estabelecem critérios de priorização com base em urgência, gravidade e disponibilidade de recursos”.
No entanto, “em cumprimento à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, bem como ao princípio constitucional da inviolabilidade da intimidade e da vida privada, a Secretaria não fornece informações individualizadas sobre pacientes à imprensa ou a terceiros, ainda que de forma indireta”.
Até o fechamento da matéria, o Hospital Regional não havia se manifestado. O espaço segue aberto.
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