A umidade relativa do ar em Campo Grande atingiu 15% na tarde desta quarta-feira (13), um nível considerado de alerta pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Com a cidade sob aviso de baixa umidade, a atenção para os riscos de incêndios florestais e urbanos se intensifica. A combinação de ar seco e a falta de chuvas cria um cenário perigoso, onde as queimadas criminosas se tornam uma ameaça generalizada, afetando a saúde pública e o meio ambiente.
Apesar da redução no número total de incêndios em vegetação em 2025, o problema ainda é grave e recorrente. Exemplos recentes dos últimos 30 dias mostram que o tempo seco contribuem para que os incêndios ganhem maiores proporções.
Na manhã desta quarta-feira (13), uma fumaça densa no céu de Campo Grande apontava para a Avenida Salgado Filho. No local, a equipe do Jornal Midiamax verificou que se tratava de incêndio em grande quantidade de lixo. Os indícios são de que o local é frequentemente usado para descarte irregular de resíduos.
Incêndios recorrentes
No último dia 2, por exemplo, um exemplo um incêndio de grandes proporções atingiu área destinada para a construção de uma escola no Residencial Celina Jallad, em Campo Grande. A suspeita é que os suspeitos tenham iniciado queima ilegal de cobre e o fogo tenha saído do controle.
No último dia 7, um terreno que ocupa uma quadra toda, na região do Bairro Caiçara, na Rua Lúdio Martins Coelho, pegou fogo. O incêndio deixou moradores preocupados com a fumaça e as chamas. O terreno tinha entulhos deixados no local, o que ajudou na propagação das chamas.
Outro exemplo dessas maiores proporções foi o incêndio que destruiu uma loja de calçados na Avenida Gury Marques, atingindo também o estabelecimento vizinho, uma autopeças. A causa deste também ainda é desconhecida.
O combate a esse fogo, que consumiu 50 mil litros de água e mobilizou 25 militares, demonstra a escala dos prejuízos. O tenente Herculano, do Corpo de Bombeiros, classificou a ação como uma “megaoperação”. Ele ainda explicou que todas as viaturas de combate a incêndio da Capital atuaram na ação.
Outros incidentes recentes, como o incêndio no Jardim Noroeste que consumiu 12 hectares e a queimada em um antigo aterro sanitário na mesma região, reforçam o problema. Em diversos casos, a causa é a ação humana, seja por atear fogo em lixo ou por queimadas em terrenos abandonados.
O que fazer?

O Major Eduardo Rachid Teixeira, subdiretor de proteção ambiental, ressalta a importância de acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros pelo 193 ao avistar um foco de incêndio.
“Às vezes a gente vê um foco de incêndio que parece pequeno, que eu penso que vou debelar em dois minutos, mas posso ficar uma hora, duas horas combatendo. E se eu não ligar para os bombeiros, o apoio não vai vir e a pessoa pode sofrer as consequências de tentar resolver sozinha”, alerta.
Ele reforça que, para quem não tem treinamento, a prioridade é a segurança. “Se você for capacitado, tiver condições físicas, conhecer o terreno onde você está, você pode dar uma primeira resposta. Mas lembre-se de nunca entrar no fogo, pois o risco é grande.”
Queimada é crime
As consequências das queimadas vão muito além da destruição imediata. O Major Rachid aponta que a fumaça e a fuligem liberadas prejudicam a saúde de toda a população, especialmente crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias. “Atear fogo e provocar um incêndio provoca uma série de transtornos e enfermidades em toda a comunidade”, ele enfatiza.
O problema também atinge a zona rural, como em Rio Brilhante, onde um incêndio às margens da BR-163 queimou mais de 3 hectares de pastagem. Também em Paranaíba e Sonora, onde proprietários rurais receberam multas por queimadas ilegais.
Segundo o Major, mesmo com as condições climáticas um pouco mais favoráveis este ano em comparação a 2024, a vigilância deve ser constante. É fundamental que a população se conscientize sobre a gravidade do problema e denuncie qualquer prática ilegal.
De acordo com o artigo 18-A, § 1º, da Lei 2909, é proibido fazer queimadas em terrenos e quintais, sendo o proprietário o responsável por evitar a prática. As multas podem variar de R$ 3.091,50 a R$ 12.366,00.
Em caso de flagrante, a orientação é fazer a denúncia imediatamente aos órgãos de segurança pública.