Nem mesmo a chuva forte que caiu em Campo Grande, na tarde desta sexta-feira (18), feriado santo, fez com que os fiéis deixassem de lado as celebrações. Na Comunidade São Pedro e São Paulo, no bairro Moreninhas, cerca de 300 pessoas se reuniram na igreja para agradecer ao ato de amor de Jesus Cristo, em morrer na cruz para salvar a humanidade.
A Sexta-Feira Santa recorda a crucificação de Jesus, portanto é a única data do ano em que não há missas na programação da igreja católica. As celebrações do dia incluem momentos de reflexão e adoração. Vale ressaltar que uma tradição da época de Quaresma é cobrir as imagens de santos da Igreja, pois o foco do período deve ser direcionado a Jesus Cristo.
Entre os fiéis que compareceram à igreja, estava o casal Ivan da Silva, 19 anos, e Yasmin Bogarim, 19 anos. Ambos reconhecem a data como um momento de penitência e agradecimento.
“A Sexta-feira Santa para a gente é muito mais a penitência porque foi quando Jesus foi morto e crucificado pela humanidade. Ele se entregou na cruz, então para a gente é quando o amor venceu a morte. Por isso chama Paixão de Cristo, pois foi quando ele demonstrou todo amor e carinho por nós”, afirma Ivan.
Durante a celebração, um momento importante é o rito de beijar a cruz. De acordo com Yasmin, esse costume representa o ato de Maria ao beijar os pés de seu filho crucificado. Assim como sua mãe, os fiéis beijam a cruz para reconhecer o gesto de Jesus por nós.
“Para gente foi quando Maria beijou os pés de Jesus na Cruz. Ela viu seu filho flagelado, sentindo toda a dor da humanidade em si, tirando nossos pecados, e mostrou que o amor de mãe sempre esteve ali. Então, para a gente é uma representação muito linda e a gente aceita que Jesus se entregou por nós, pelos nossos pecados. É a gente mostrando gratidão por tudo que ele fez por nós”, explica.
Chuva não impediu realização da Via Sacra encenada
Mesmo com tempo chuvoso, a programação encenação da Paixão de Cristo foi mantida. A programação aconteceu no pátio da Comunidade São Pedro e São Paulo, espaço ao ar livre, portanto o amenizar da chuva foi essencial para que fosse realizada.
Contudo, chuva não é novidade nesta data. Muito pelo contrário, o clima chuvoso costuma estar presente na Sexta-feira Santa na maioria das vezes, fazendo com que os fiéis já se preparem para essa adversidade.
“Quase todo ano, na verdade, chove bastante. Mas, a gente já vem até preparado, chega um pouco antes, traz um guarda-chuva, vem agasalhado, porque a gente sabe que é da estação mesmo, é bastante típico. Mas, eu acredito que simbolicamente enriquece também a experiência do luto, essa questão do frio, de estar nublado e tudo mais”, explica o engenheiro civil, Vinícius Urbanek.
A Via Sacra encenada foi realizada após a celebração na igreja. A Paróquia organiza há 30 anos a programação, e sempre conta com muita adesão da comunidade.
“Mesmo com chuva, com o tempo como está, o povo se reuniu enchendo a igreja. Ficou lotada e muita gente até ficou para fora [da igreja] para também poder participar da nossa tradicional Via Sacra, que acontece todos os anos aqui na Paróquia. Há mais de 30 anos, após a celebração da Paixão, nós celebramos também a Via Sacra. É uma alegria ver que o povo de Deus ainda se reúne para celebrar não só a morte do nosso salvador, mas o mistério da sua paixão e ressurreição também”, diz o seminarista Ronaldo de Oliveira, 27 anos.
“Para mim, como presbítero, poder celebrar a Páscoa com comunidades foi uma experiência muito reconfortante e que encoraja a gente a viver o ministério. Celebrar a Sexta-feira Santa é dizer: ‘o amor que se entrega até a morte para libertar os seus amados do poder do pecado e das trevas'”, afirma o padre Juan Diego Giraldo Aristizabal.
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