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Cotidiano

Com taxações dos EUA ao Brasil, Paraguai pode ser alternativa para exportação da carne de MS

Paraguai teria possibilidade de abater gado brasileiro e exportar com selo paraguaio para os EUA, segundo governo daquele país
Lethycia Anjos -
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Frigorífico em Mato Grosso do Sul. (Ilustrativa | Divulgação | Fiems)

As taxações impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm impactado o mercado brasileiro. Em Mato Grosso do Sul, o chamado tarifaço resultou na suspensão do abate de carne de bovinos destinada ao mercado norte-americano. Com o cenário desfavorável, frigoríficos e exportadores do Estado podem encontrar no Paraguai, país vizinho que vem ampliando sua presença no mercado internacional, uma alternativa viável para as exportações.

Em 2024, o Paraguai bateu recorde nas exportações de carne bovina. Ao todo, o país embarcou mais de 353 milhões de quilos para 59 mercados ao redor do mundo, o que gerou uma receita superior a US$ 1,7 bilhão. Conforme a Agência Paraguaia de Informações, desde 2021, o país mantém o volume de exportações acima dos 300 milhões de quilos anuais.

O principal destino foi o Chile, seguido por Taiwan, Brasil, Israel, Estados Unidos e Rússia — juntos, esses mercados responderam por 75% dos envios.

O país também registrou um recorde no número de abates no último ano. Ao todo, somou 22,2 milhões de bovinos, sendo os frigoríficos de Belén e Concepción os que mais contribuíram para esse resultado. Além disso, houve aumento significativo na exportação de subprodutos, que somaram quase 70 milhões de quilos em 2024.

Mas como isso ocorreria?

A estratégia consiste em enviar gado vivo do Estado para frigoríficos paraguaios habilitados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA). Após o abate e o processamento, a carne é exportada com selo de origem paraguaia, driblando as barreiras comerciais impostas ao Brasil.

Além da proximidade geográfica, o Paraguai oferece vantagens como mão de obra mais barata, energia acessível e incentivos fiscais, o que torna o modelo viável. Além disso, empresas brasileiras têm a possibilidade de investir diretamente em unidades frigoríficas no país vizinho para manter as exportações.

Em 2016, o grupo JBS inaugurou uma unidade de abate de bovinos em Belén, no Paraguai, com investimento de US$ 80 milhões. No entanto, no ano seguinte, a empresa vendeu suas operações de carne bovina na Argentina, no Paraguai e no Uruguai. As operações foram vendidas à concorrente brasileira Minerva Foods, que atualmente concentra a maior operação do setor na América do Sul.

O que dizem as empresas do setor?

Em nota, a Minerva Foods esclareceu que a Companhia acessa o mercado dos Estados Unidos por meio de
suas operações no Brasil, na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e na Austrália. Ainda, considerando os resultados dos últimos 12 meses, a exposição consolidada da Companhia ao mercado norte-americano ficou em aproximadamente 16% da receita, com o Brasil representando cerca de 30% dessa exposição. Desse modo, as exportações brasileiras e sujeitas à nova política tributária apresentam impacto potencial máximo ao redor de 5% da receita líquida.

“Em linha com a nossa estratégia de diversificação geográfica, a exposição ao mercado dos EUA também ocorre via nossas operações na Argentina, no Paraguai, no Uruguai e na Austrália, o que permite a Companhia a maximizar sua capacidade de arbitrar os mercados, reduzindo riscos, alavancando oportunidades e respondendo com eficiência a mudanças de cenário como essa”, explica.

O Jornal Midiamax acionou também a JBS e a Natura Frig sobre as possibilidades levantadas pelo próprio governo paraguaio. Contudo, até a publicação desta matéria, as empresas não quiseram se pronunciar. O espaço segue aberto para manifestações.

Alternativa viável

Para Mato Grosso do Sul, essa movimentação representa a possibilidade de manter o fluxo de exportações mesmo diante das restrições diretas impostas ao Brasil. A possibilidade de utilização da estrutura paraguaia para escoar a carne produzida em Mato Grosso do Sul ganhou força após declarações de autoridades do país vizinho e as novas sanções de Trump.

Ainda em abril, com as primeiras tarifas anunciadas pelo presidente, o vice-ministro do Comércio e Serviços, Rodrigo Maluff, afirmou que o Paraguai estava acostumado a lidar com mudanças nas regras comerciais internacionais e via uma oportunidade de atrair investimentos estrangeiros.

Segundo ele, a reestruturação tarifária dos EUA, embora impactante, pode ser considerada “gerenciável”. Além disso, abre espaço para que países como o Paraguai se posicionem como alternativa logística e produtiva. “É uma chance de convidar investidores e produtores a transferirem parte de suas operações para cá”, disse a Agência Paraguaia de Informações.

‘Setores devem buscar países com relações comerciais mais estáveis com os EUA’

Na mesma linha, o vice-ministro da Indústria, Marco Riquelme, afirmou que setores com alta capacidade exportadora, como o Brasil, não devem encerrar suas atividades. Para eles, os setores devem buscar países com relações comerciais mais estáveis com os EUA.

Conforme Riquelme, o Paraguai oferece vantagens competitivas, como mão de obra jovem, energia acessível e benefícios tributários, que podem atrair novos negócios.

A estratégia do governo paraguaio inclui reforçar sua posição como plataforma de exportação e incentivar que empresas estrangeiras — incluindo brasileiras — passem a produzir e abater no país para acessar mercados mais exigentes, como o norte-americano.

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