Pular para o conteúdo
Cotidiano

Compartilhar fake news é crime? ‘Onça da Vila Nasser’ é reflexo da desinformação digital

Caso a fake news cause prejuízo à imagem ou reputação de alguém, o autor pode responder civilmente
Osvaldo Sato -
Jovem teria criado fake para 'assustar' a avó (Imagem: Giovana Gabrielle, Midiamax)

O caso da suposta onça-pintada avistada no bairro Vila Nasser, em , reacendeu um debate necessário: afinal, criar ou compartilhar uma fake news, mesmo como brincadeira, pode ser considerado crime?

A dúvida surgiu depois que uma imagem de Inteligência Artificial (IA) mostrando o felino que circulou nas redes sociais e causou medo entre moradores. O autor da montagem, um jovem de 18 anos, disse ter feito o conteúdo apenas para brincar com a avó, mas o material viralizou e mobilizou equipes do Ibama e da Polícia Militar Ambiental.

As autoridades desmentiram as postagens e confirmaram que as fotos eram artificiais. Mesmo assim, o caso ilustra o poder de uma desinformação digital em gerar pânico coletivo e mobilizar recursos públicos.

Diante disso, especialistas apontam que a propagação de notícias falsas, inclusive imagens manipuladas por IA, pode ter implicações jurídicas, dependendo do dano causado e da intenção do autor.

“O Brasil ainda não tem uma lei específica que trate das fake news ou dos deepfakes, mas isso não significa que quem compartilha conteúdo falso está impune. A depender do caso, a conduta pode ser enquadrada em crimes já previstos no Código Penal e em leis complementares, especialmente quando há prejuízo a pessoas, instituições ou à ordem pública”, afirma o Especialista em Direito Digital e Cybersegurança, Everton Matias.

Criação de imagem por IA

Atualmente, criar uma imagem por meio de inteligência artificial se tornou uma tarefa simples e acessível a qualquer pessoa com um celular ou computador. Plataformas abertas e gratuitas permitem gerar fotos e vídeos hiper-realistas em poucos segundos, bastando digitar uma descrição curta.

A tecnologia, que antes exigia conhecimento técnico ou equipamentos sofisticados, hoje está ao alcance do público em geral e isso amplia tanto o potencial criativo quanto os riscos de mau uso.

Em muitos casos, as imagens circulam nas redes sociais sem qualquer indicação de que foram geradas artificialmente, o que aumenta a dificuldade de distinguir o que é verdadeiro do que é fabricado.

Segundo o advogado Everton Matias, com a popularização das ferramentas de inteligência artificial, os deepfakes, vídeos falsos criados com aparência real, ampliaram o risco de manipulação de informações, afetando reputações, eleições e até investigações policiais. O impacto disso vai muito além do ambiente digital, podendo gerar pânico social, danos morais e até consequências criminais graves.

“Existem caso em que a IA está sendo utilizada para criação de conteúdos artísticos, humorísticos dentre outros, porém essa mesma capacidade é utilizada para cometimento de crimes como , calúnia, difamação”, explicou ainda.

Assim, embora o país ainda esteja em debate sobre uma legislação específica, como o PL 2630/2020, conhecido como Lei das Fake News, o atual ordenamento jurídico brasileiro já dispõe de instrumentos suficientes para punir quem produz ou dissemina conteúdo falso.

A caracterização da infração depende essencialmente de três fatores: o conteúdo, que pode ser ofensivo, alarmista ou fraudulento; a intenção, que avalia se houve dolo ou negligência; e a consequência, que considera se o ato resultou em dano individual ou coletivo”, destacou o advogado.

A saber, o Projeto de Lei nº 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, tramita na Câmara dos Deputados desde 2020. A proposta cria um novo tipo penal para a disseminação massiva de desinformação por meio de contas automatizadas ou redes organizadas, com pena de um a três anos de prisão.

Imagens de onça feitas por IA que viralizaram nas redes sociais (Imagem: Reprodução, Rede Social)

Código Civil aplicado

Segundo a advogada Kamila Carrer, especializada em direito digital, caso a fake news cause prejuízo à imagem, reputação, honra ou atividade profissional de alguém, o autor (ou quem compartilha) pode responder civilmente, com base nos artigos nº 186 e nº 927 do Código Civil.

“Por exemplo, divulgar imagem manipulada por IA sugerindo comportamento ilícito de uma pessoa. Mesmo que o autor ‘não tenha criado’ o conteúdo, compartilhar sabendo que é falso já pode configurar responsabilidade”, explicou a advogada.

Ela também alerta que na esfera criminal, dependendo do caso a ser analisado, a conduta pode se enquadrar em crimes como calúnia, injúria, difamação ou outros delitos, o que resultaria na responsabilização criminal.

Órgãos de segurança alertam

Os órgãos de segurança pública também alertam para a prática nociva. De acordo com a Polícia Civil de MS, o compartilhamento de informações falsas é passível de enquadramento nos crimes de calúnia, difamação ou injúria, previstos no Código Penal Brasileiro, caso a fake news tenha sido criada com este conteúdo e objetivo. As penas variam de seis meses a três anos de detenção, além de multa. O mesmo vale para quem compartilha conteúdos sabidamente falsos.

A Polícia Civil ressalta que liberdade de expressão não é sinônimo de impunidade. “Criar ou divulgar notícias falsas não é um exercício de opinião. É uma conduta que pode afetar direitos de terceiros e gerar consequências penais”, diz o alerta publicado pela corporação. O órgão recomenda que usuários sempre chequem a veracidade de fotos e vídeos antes de compartilhá-los, especialmente os gerados por inteligência artificial.

Nos casos em que o conteúdo pode causar pânico coletivo, como o da “onça da Vila Nasser”, a situação poderia ser ainda mais grave. O artigo 41 da Lei de Contravenções Penais prevê punição para quem provoca alarme, anuncia desastre ou perigo inexistente, com pena de prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa.

💬 Fale com os jornalistas do Midiamax

Tem alguma denúncia, flagrante, reclamação ou sugestão de pauta para o Jornal Midiamax?

🗣️ Envie direto para nossos jornalistas pelo WhatsApp (67) 99207-4330. O sigilo está garantido na lei.

✅ Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar nas redes sociais:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, WhatsApp, Bluesky e Threads.

Siga o Jornal Midiamax nas redes sociais

Você também pode acompanhar as últimas notícias e atualizações do Jornal Midiamax direto das redes sociais. Siga nossos perfis nas redes que você mais usa. 👇

É fácil! 😉 Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, WhatsApp, Bluesky e Threads.

💬 Fique atualizado com o melhor do jornalismo local e participe das nossas coberturas!

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Motorista é perseguido a tiros na BR-060 e se esconde em plantação

Atlético-MG e Cruzeiro empatam e se complicam na classificação do Brasileiro

Fazendeiro é multado em R$ 368 mil por maus-tratos a 737 bovinos

Corinthians se classifica para decisão da Copa Libertadores Feminina

Notícias mais lidas agora

Acusado por corrupção em Terenos escala time de empreiteiros para ‘provar inocência’

professor andrey escola jose barbosa rodrigues supercopa de volei

Supercopa no Guanandizão é reflexo do amor de Campo Grande pelo vôlei, avalia professor da JBR

chuva

Prepare o guarda-chuva: próximos três dias serão de alerta para chuva intensa em MS

Defesa Civil em MS emite alerta na noite desta quarta para chuvas intensas

Últimas Notícias

Cotidiano

VíDEO: eucalipto cai com vendaval e destrói barraco na Cidade dos Anjos

O barraco ficou totalmente destruído

Esportes

Santos sufoca o Corinthians e vence o clássico com méritos em noite de brilho de Zé Rafael

Fundamental para o Santos aproveitar as muitas falhas do Corinthians

Polícia

Meninos não contaram que adolescente se afogou no Rio Taquari por medo de punição

Não conseguiram ajudar Victor que desapareceu nas águas

Esportes

Vasco bate Fortaleza com um a menos, quebra tabu e soma 2ª vitória seguida no Brasileirão

O Vasco conquistou uma grande vitória na noite desta quarta-feira, na Arena Castelão, na capital cearense. Jogando com um a menos desde a primeira etapa e sofrendo pressão do Fortaleza, o time de Fernando Diniz soube suportar e com direito a lei do ex e quebra de tabu, superou o time da casa por 2 … Continued