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Cotidiano

Consumo no Centro de Campo Grande caiu 70% em 7 anos, diz CDL

Principais causas seriam falta de estacionamentos, sujeira, insegurança, excesso de pessoas em situação de rua e de imóveis desocupados
Murilo Medeiros -
Comércio na Rua 14 de Julho. (Foto: Eliel Dias, Jornal Midiamax)

Em 2018, o consumo diário médio no Centro de era de R$ 162, e, hoje, o valor não passa de R$ 42, segundo Adelaido Vila, presidente da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas). Ou seja, os gastos por dia na região central caíram 70% nos últimos sete anos. O assunto foi pauta de discussão em audiência pública na Câmara de Vereadores nesta sexta-feira (3).

A desocupação do Centro, mesmo após as reformas e revitalizações que terminaram em 2022, tornou-se problema crônico na Capital. Os principais pontos levantados como causa para a questão são a falta de estacionamentos rotativos, sujeira nas calçadas, insegurança, excesso de pessoas em situação de rua e de imóveis desocupados.

Tudo isso, junto à ineficácia do sistema de transporte público, levam a população a procurar comércios mais próximos de casa, nos bairros. “A pessoa que mora num bairro dificilmente vai se locomover até o Centro, por isso precisamos de projetos que tragam vida ao Centro”, afirma o presidente da Câmara, vereador Papy.

No entanto, arquitetos ouvidos na audiência opinam que voltar a centralizar o comércio da cidade não é a melhor solução. “Não adianta competir com os bairros, é bom para a cidade que eles tenham vida própria. O que nós temos de diferença no Centro é o patrimônio histórico. Temos que incentivar a conservação, temos que resgatar o diferencial do Centro, não adianta competir”, disse Neila Janes Viana Vieira, arquiteta e urbanista.

Audiência pública sobre o Centro de Campo Grande. (Foto: Murilo Medeiros)

Possíveis caminhos

Isenção e aumento de impostos

Entre as possíveis soluções para a queda de movimento no Centro, está a isenção fiscal a empresários da região. “Está muito caro empreender no Centro, o custo, o aluguel e a mão de obra são mais baratos nos bairros, então, uma isenção fiscal seria a solução”, apontou o vereador Papy, presidente da Casa. A Câmara deve criar uma comissão permanente para legislar sobre o tema.

Porém, Regiane de Oliveira, economista da , alertou para a necessidade de fazer com que esse perdão em impostos, como o IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), cheguem à ponta da linha. “Não adianta isentar o proprietário se a gente não conseguir passar isso para o empresário que aluga o imóvel”, disse a economista.

Já a arquita Neila Janes Viana Vieira afirma que a cidade deveria aumentar o IPTU de imóveis desocupados progressivamente, conforme a valorização dos prédios. “Temos que enfrentar que imóvel não pode ficar ruindo sem uso no Centro da cidade, enquanto só está valorizando. A valorização tem que voltar em impostos e eu duvido que vai continuar existindo esses imóveis ociosos”, opinou.

Shopping a céu aberto

Já Ulysses Serra, diretor do Shopping Pátio Central, propôs criar uma espécie de shopping a céu aberto na região central. “A ideia é fazer um protótipo em novembro, e ter pelo menos nas grandes datas um horário ampliado a noite e esse ponto de atendimento ao consumidor.”

Ele gostaria de criar um centro de atendimento a consumidores, com achados e perdidos e ponto de apoio a pequenos lojistas, como forma de integrar as empresas da região. “Black Friday está aí, Natal está chegando e nós queremos uma solução para agora”, disse ele, pedindo medidas rápidas para recuperar a movimentação na região central.

O vereador Ronilço Guerreiro tem uma proposta similar, que quer ampliar os corredores culturais e gastronômicos da cidade. Além da 14 de Julho, ele propõe criar uma estrutura semelhante na Avenida Calógeras até a Rua Barão do Rio Branco.

Retorno ao Centro

O espalhamento de pessoas e empreendimentos urbanos para as áreas mais distantes do núcleo urbano da Capital aumenta a área urbana e gera mais gastos ao poder público, que precisa criar redes de saúde e educação nessas regiões. Além disso, quanto mais longe os moradores estiverem, menos eles irão até a área central de Campo Grande.

“Quando a gente fala comércio do Centro e de bairro, não tem como comparar. Não tem como incentivar o comércio do Centro sem moradores no Centro. Não incentivar novos empreendimentos urbanos para fora do perímetro urbano da cidade”, opinou o vereador Jean Ferreira.

Na mesma linha, a arquiteta Neila Janes Viana Vieira afirma que o poder público deve incentivar as moradias no Centro da cidade. “A lojinha, a conveniência, o mercadinho… Sem moradores, não tem vida no Centro. O mau uso das coisas acontece quando o bom uso está ausente”.

“Por que a gente vai fazer o hospital municipal num bairro nobre e de difícil acesso para a população? Quanto os usuários vão gastar para chegar ao Chácara Cachoeira? Como vai comer? Como vai se hospedar?”, questionou Adelaido Vila, presidente da CDL.

Conservação de fachadas

Outro problema apontado durante a audiência pública é que os comerciantes do Centro não são autorizados a fazer modificações na fachada de suas lojas, porque elas são — também — patrimônio histórico de Campo Grande. “Tem dificuldade de competir com o lojista do bairro, porque não pode modificar as fachadas e o do bairro coloca banner até no canteiro”, afirmou o vereador Papy, presidente da Câmara.

No entanto, outros participantes da reunião chamaram atenção para a necessidade de modernizar os prédios ao mesmo tempo em que se mantém o patrimônio. Já Adelaido Vila criticou a fiscalização das modificações no patrimônio. “Os fiscais vão para cobrar a lei da fachada limpa, que qualquer coisa tem que ficar a 1 metro da vitrine”, afirmou o presidente da CDL.

Centro em Ação

A prefeita Adriane Lopes (PP) lançou na noite de terça-feira (30) o projeto “Centro em Ação”, para devolver o movimento ao Centro de Campo Grande. Ela anunciou o programa Ronda Segura, da Guarda Municipal com os empresários do Centro. A iniciativa visa ampliar a segurança na região.

Além disso, a prefeita assinou dois novos investimentos pelo Prodes (Programa de Incentivos para o Desenvolvimento Econômico e Social). O destaque fica com o Hospital Hapvida (R$ 100 milhões e geração de 456 empregos) e o Hotel Slaviero (R$ 50 milhões — 100 empregos).

Adriane também assinou um Protocolo de Intenções, que une a Prefeitura, Governo do Estado, Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), Câmara Municipal, universidades e entidades empresariais. Segurança, inovação, imóveis abandonados e confraria são os quatro eixos do documento.

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(Revisão: Dáfini Lisboa)

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