Forró, animação e muita gente disposta a dançar. Foi o que o Jornal Midiamax encontrou ao visitar um bailão cheio de jovens com mais de 60 anos, realizado aos fins de semana na Rua Panambi Vera, bairro Tijuca. A animação começa por volta das 15h. E haja pique, pois somente às 21h é que o embalo chega ao fim.
Neste dia 1º, que celebra o Dia do Idoso, a reportagem visitou o clube Bom D+, uma espécie de epicentro da diversão de aposentados, “jovens senhoras e senhores”, que mostram que idade é só um número. Como Maria Montiel, de 73 anos, frequentadora do local há 15 anos e que até ajuda na preparação dos bailes.
“Cheguei 12h e vou embora só quando acabar”, conta a mulher. Ela diz que pode até ser idosa pelos anos de vida, mas o coração é jovem. Ela segue trabalhando como enfermeira particular de segunda a sexta-feira, mas bate ponto todo final de semana no forró. “É exercício, até a pele melhora e a mente também”.
Enquanto alguns ficam sentados em cadeiras espalhadas nos cantos, a maioria baila no meio do salão. Animada, a banda toca forró e embala os casais. Enquanto isso, um ritual se repete: homens chegam discretamente e dão um toque no ombro das damas, o que já serve de convite para uma dança. Se elas quiserem, o casal já parte para a pista. Se não, segue o jogo, sem nenhuma insistência.

Exercício do corpo e da mente
Todos os dançarinos do baile têm um motivo em comum para participar: o exercício físico. E eles ainda garantem que, com o sangue quente e a vontade de dançar, não sobra espaço para a dor no corpo. Aurora Borges Santos, 72 anos, faz até aula de dança para não passar vergonha no bailão. “É um tipo de atividade física, né? Eu sou ativa e eu dançava desde jovem”. A especialidade dela é vaneira e chamamé.

“Não dói a perna; quanto mais dança, mais fica bom”, afirma o homem, que se identifica apenas como ‘Índio’. Descalço, com cocar e pinturas características, ele dança forró à noite toda com a companheira, Loracy. “Eu sou lá da aldeia, toda sexta eu venho, danço e depois vou embora”, conta.
Já Loracy, com 65 anos, diz que o baile é uma academia dos idosos. “A gente vem para treinar a perna, treinar a mente, as amizades. O dono daqui é um professor de academia”, brinca. Mas, para ela, é mais fácil. A mulher dança desde os 7 anos e não pretende abandonar o ‘esporte’ tão cedo. “A gente não fica velho, não envelhece, cada vez mais fica mais forte.”
Por outro lado, Maria Justina Moura, de 79 anos, prefere tomar cuidado para não se machucar. “Eu amo baile. Só que, agora, eu danço mais ou menos porque está muito lotado, né? Aí pisa no pé, perigoso até cair. Pessoa idosa tem que se cuidar, né?”. Mesmo assim, ela garante que fica na festa até o final.

Tinder da terceira idade
Forró sempre é o lugar propício para o amor. Os corpos se juntam, o ritmo ajuda a esquentar e até o ritual de conquista das mulheres faz parte da brincadeira. O baile serve para os jovens senhores fazerem novas amizades e, para muitos, encontrar um novo pretendente.
Com 66 anos, Edna Catena gosta de dançar e vai ao baile todo fim de semana. Maquiada, ela pintou os olhos de azul e dançava sozinha no canto da pista. “Eu gosto daqui porque meu marido morreu e eu estou solteira”, diz, rindo. No entanto, Edna encontra um problema nos homens daquela festa: a conta bancária. “Dá para paquerar, só que levar para casa e para a cama, aí não. Aqui tá tudo pobre mesmo, meu Deus.”
Também muito bem arrumada e de salto alto, a salgadeira Sueli Feltrin, de 63 anos, é festeira por profissão. “Gosto de me produzir, sou bem vaidosa”. Porém, ela só descobriu isso após os 30 anos, quando se divorciou. “Aí comecei a viver realmente”, conta Sueli, que chegou às 15h e só vai para a casa quando ouvir a saideira da banda. Não é a prioridade, mas a mulher busca por um amor.
“Se vir um parceiro para somar, com certeza tenho vontade de casar de novo. A vida dessas baladas é boa, mas tem um momento de solidão, né? Tem o lado bom e o lado ruim. Eu danço com todo mundo, se eu quero dançar, eu estou dançando”, afirma Sueli.

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(Revisão: Dáfini Lisboa)