A promessa de celulares, perfumes e roupas com preços bem abaixo do mercado atraiu centenas de pessoas ao Bazar Solidário da Santa Casa na manhã desta quarta-feira (15). Logo nas primeiras horas do dia, uma longa fila se formava em frente ao hospital e teve até quem madrugou para garantir os descontos.
Na expectativa de garantir um celular novo a um preço mais acessível, a enfermeira Sônia Correia Santos, 60 anos, enfrentou mais de duas horas de fila. “Estou procurando um celular bom, mas parece que já acabou tudo. A fila está grande e é preciso pegar senha”, contou.
Também em busca de um celular, o fotógrafo Braynder Lucas Menezes, 27 anos, chegou às 6h para comprar o aparelho e presentear a mãe, mas acabou saindo com diversos itens. Segundo ele, o desconto chegou a R$ 700.
“Achei acessível, porque o celular original está a R$ 1.700, e aqui encontrei por R$ 1.000. Encontrei poucas opções de celulares, mas gostei das gravatas, três por R$ 10. Também aproveitei para comprar uma camisa que na loja custava R$ 68 e aqui estava por R$ 20”, contou.
Veridiana Pereira, enfermeira, levou o filho de 10 anos ao bazar, que aproveitou para renovar os brinquedos.
“Meu filho estava bem animado, procurando alguns relógios infantis temáticos. Eu vim atrás de um celular. Uma amiga que trabalha aqui me disse que teria e que poderia comprar para mim, mas não deu certo. Hoje vim pessoalmente e consegui comprar o celular”, contou Veridiana.
Mais de 10 mil itens disponíveis

O bazar conta com mais de 10 mil itens disponíveis, entre celulares, perfumes, roupas e até ventiladores, todos com valores abaixo do mercado para arrecadar recursos para compra de medicamentos. Na primeira edição, promovida em agosto, o bazar arrecadou aproximadamente R$ 500 mil.
Alessandro Junqueira, diretor administrativo da Santa Casa, explica que a realização dos bazares depende de doações, neste ano as mercadorias foram doadas pela Receita Federal e pela Delegacia da Polícia Federal de Ponta Porã.
Neste ano, a edição já alcançou o valor arrecadado no ano passado, sendo R$ 468 mil nos dois primeiros dias, exclusivos para os funcionários da Santa Casa, e R$ 100 mil nesta quarta-feira.
“Tem cadeados, gravatas, copos térmicos, camisas xadrez, câmeras de pneu, celulares — foram mais de 2 mil unidades nesta edição — perfumes, brinquedos e maquiagens. No total, são mais de 10 mil itens disponíveis”, detalha.
Segundo ele, os dois primeiros dias foram exclusivos para os funcionários da Santa Casa. “Fizemos isso porque o setor funciona em escala, e não é possível liberar todo o espaço. Os gestores organizaram os horários para que os funcionários pudessem comprar entre 8h e 16h.”
Arrecadação e destino dos recursos

O diretor explica que todo o dinheiro arrecadado é destinado exclusivamente à compra de medicamentos. Somente hoje, foi possível adquirir a chamada “curva C”, com custo superior a R$ 160 mil por mês.
“Para ter ideia, o gasto total com medicamentos da Santa Casa ultrapassa R$ 6 milhões por mês. Esse bazar dá um fôlego importante, especialmente porque nossos contratos estão desatualizados e sem reajuste há mais de dois anos. Além da curva C, também investimos nas curvas A e B, que representam cerca de R$ 500 mil por mês. Compramos medicamentos básicos que garantem cobertura para 30 dias.”
Embora dependa de doações da Receita Federal, o diretor adianta que já solicitou novas liberações para realizar outros bazares. “Se conseguirmos, será de grande ajuda para a Santa Casa.
Crise financeira
Conforme a instituição, a iniciativa surgiu como resposta à crise financeira enfrentada pelo hospital, agravada por mais de dois anos de desequilíbrio contratual. Maior hospital de Mato Grosso do Sul, a Santa Casa tem um gasto mensal de R$ 5,5 milhões apenas com medicamentos e materiais hospitalares.
Presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, explica que os desafios financeiros são de natureza estrutural e refletem o subfinanciamento crônico do SUS (Sistema Único de Saúde), a alta demanda de atendimentos e a defasagem dos valores pagos pelos procedimentos realizados.
“Esses fatores comprometem a sustentabilidade da Santa Casa, que é filantrópica e atende majoritariamente pacientes do SUS”, pontua Alir Terra Lima.
O evento segue aberto ao público até esta quinta-feira, 16 de outubro, a partir das 7h30, no Armazém da Santa Casa.

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(Revisão: Bianca Iglesias)