Após o primeiro óbito registrado em 2025 no trecho urbano da BR-163, moradores do Jardim Noroeste e Chácaras dos Poderes realizaram um protesto nesta segunda-feira (27), exigindo soluções para evitar novas tragédias. A manifestação ocorreu próximo ao local onde o motociclista Roger de Almeida Barbosa, de 33 anos, perdeu a vida, reacendendo o debate sobre a segurança na rodovia.
Os moradores apontaram que a falta de sinalização adequada e medidas de controle de velocidade são fatores agravantes. Cerca de 20 pessoas participaram da manifestação, mas apenas cinco representantes foram escolhidos para levar as reivindicações à concessionária CCR MSVia, em reunião mediada pela PRF, marcada para esta quarta-feira (29).
Dados alarmantes sobre acidentes
A BR-163 lidera o número de acidentes graves em Mato Grosso do Sul. Segundo dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal), em 2024 foram registrados 865 acidentes na rodovia, sendo 238 graves, que resultaram em 74 mortes. Especificamente no anel viário de Campo Grande, 11 óbitos ocorreram em 44 acidentes graves no ano passado. Em 2025, já foram quatro acidentes registrados no trecho urbano da rodovia, dois deles graves, com uma morte.
O superintendente da PRF, João Paulo Pinheiro Bueno, destacou a gravidade da situação. “O anel rodoviário de Campo Grande, juntamente com o perímetro urbano de Dourados, são os locais de Mato Grosso do Sul com maior índice de sinistros. Então é isso, é o fluxo de veículos leves junto com veículos pesados. Se tiver alguma desatenção, acontece sinistro, sim.”
Ele ainda mencionou a proporção de fatalidades. “Conforme dados da PRF, em torno de 15% das mortes da rodovia se concentram nessa região.”
Comunidade clama por melhorias
Lindamar Rodrigues Valério de Oliveira, vice-presidente da Associação de Moradores da Chácara dos Poderes e residente do bairro desde 1997, ressaltou que a luta por melhorias é antiga.
“Desde 2017, a gente tem lutado para mudar essas mortes que têm acontecido lá. Parece que houve um interesse do poder político, mas aí o ano virou e nada aconteceu. E agora, infelizmente, aconteceu essa fatalidade. Precisamos de ajuda para que todo mundo saiba o que está acontecendo ali há anos, há décadas”, disse.
Ela enfatizou ainda a urgência de ações concretas. “A princípio, a gente pede ao menos um redutor de velocidade. Tanto antes da curva quanto ali na BR, vindo no sentido Cuiabá-São Paulo. Até para o carro pequeno entrar, tem que correr, porque as carretas passam por cima da gente. Estamos vivendo um momento de medo”, afirmou.
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Desafios
Segundo o superintendente da PRF, o problema é agravado pela urbanização ao redor da rodovia. “Ali é uma parte da cidade que ‘engoliu’ a BR. Por isso, o anel rodoviário é o local no estado com a maior quantidade de acidentes”, afirmou.
Ele também apontou a dificuldade de visibilidade no local. “É uma curva, e quando você tem essa curva, ela diminui muito a visibilidade de quem está transitando ali. Então, se um veículo de carga não para e os motociclistas não estão atentos, o resultado é acidente o tempo inteiro”, explicou ainda.
Apesar das cobranças, ele explicou que a solução depende de esforços coordenados: “A função constitucional da PRF é apenas fiscalizar o trânsito. A CCR precisa avaliar a melhor maneira de suprir esse problema junto à ANTT. O fato é que do jeito que está, não pode ficar. Tem que ser feito alguma coisa”, afirmou o superintendente.
Passadas mais de duas horas, a reunião segue sendo realizada, a portas fechadas. Enquanto isso, parte da comunidade espera do lado de fora, aguardando por soluções reais para este problema crônico.
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