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Cotidiano

Entre o aniversário do pai e o Dia das Mães, Joaquim resgata memória levada pela Covid

Garoto perdeu o pai na pandemia, mas manteve vivo os traços da fé
Vinicios Araujo -
Pequeno Joaquim aceitou desafio e participou de projeto do ministério infantil, pregando para a igreja sobre os Heróis de Deus. Foto: Reprodução/Arquivo Familiar

Na mesma igreja onde o pai iniciou o ministério pastoral, o pequeno Joaquim, de 8 anos, subiu ao púlpito pela primeira vez. O sermão infantil, parte do projeto “Super Missionários”, da Igreja Adventista do Brasil, aconteceu neste sábado (10), em Campo Grande, entre duas datas marcadas por emoção: o aniversário do pai, que seria comemorado na sexta (9/05), e o , celebrado neste domingo (11).

Joaquim é filho do pastor Sidney Augusto Silveira e da jornalista Renata Rirossi, 38 anos. O pai faleceu em 2021, vítima da , deixando três filhos e um legado de fé. 

Ao MídiaMax, a mãe do garoto conta que foi impossível não perceber os olhares emocionados. Segundo ela, o público via não apenas uma criança pregando em um projeto do ministério infantil, mas a imagem viva de um homem que, anos antes, dedicava seus dias ali ao estudo e à proclamação da Bíblia. 

“Parecia que estavam vendo uma cópia do Sidney. A postura, o jeito de falar, até a calça apertada na barriguinha”, conta Renata, entre risos e lágrimas.

O momento fez parte do lançamento do projeto da igreja, que incentiva crianças a se envolverem com a pregação e o estudo da Bíblia desde cedo.

Segundo Renata, Joaquim não foi empurrado ao púlpito. Ele mesmo manifestou o desejo de participar, surpreendendo até a própria mãe. “Ele é agitado, parece às vezes que nem presta atenção, mas absorve tudo”, revela.

A preparação, segundo ela, levou semanas. Com o apoio da mãe, que traduziu o sermão para uma linguagem acessível, Joaquim estudou, leu e releu.

“Ele dizia que estava tudo bem, enquanto eu me corroía de ansiedade”, lembra Renata. Pouco antes de pregar, ele confessou: “Tô ansiosíssimo, tremendo de medo”.

Mas deu certo. A igreja estava cheia. Joaquim falou sobre ser um “super-herói de Deus” e convidou os presentes a também levarem o amor de Jesus a outras pessoas.

Ao final, aliviado, confessou à mãe que valeu a pena, ainda que prefira cultos às quartas-feiras, “porque tem menos gente”.

Para Renata o momento foi um presente único. “Você ver o seu filho se desenvolvendo, perdendo a vergonha, se expondo, se arriscando. Isso é emocionante. E outra coisa, pra mim foi muito gratificante ver o Joaquim seguindo os passos do pai. Passos que eu não pressiono ele a seguir. É algo que ele mesmo decidiu fazer. Isso tornou esse dia das mães ainda mais especial”, relatou a jornalista, que também tem outros dois filhos, o Beijamin, de 11 anos, e a Lavínia, de 4.

VIDA MARCADA PELA MISSÃO

A história da família tem raízes profundas na missão. Renata precisou ajustar o sonho do jornalismo para acompanhar o marido, pastor adventista, em cidades como Naviraí, , onde concluiu a graduação, e até no Uruguai. 

A perda de Sidney, em plena , quando a filha mais nova tinha apenas três meses, foi devastadora. Mas a comunidade se uniu.

“Nunca vi minha geladeira tão cheia. Era carinho em forma de comida, de oração, de presença”, conta.

Renata vive hoje em Campo Grande com os filhos. Joaquim, sem saber, transformou o púlpito da igreja em um altar de memória e esperança.

“Se ele [Sidney] estivesse lá, veria o filho dando continuidade à missão. Isso me consola”, diz.

E entre o luto e a vida que segue, Joaquim resgatou mais do que lembranças. Ele reavivou a certeza de que a fé pode atravessar gerações, mesmo quando a dor tenta apagá-la.

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