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Cotidiano

Infarto e AVC preocupam mais que síndromes respiratórias no inverno, alerta secretária de saúde

Alta de casos preocupa devido ao risco de superlotação nas unidades de saúde de Campo Grande
Lethycia Anjos, Murilo Medeiros -
Frio em Campo Grande
Frio em Campo Grande (Helder Carvalho/Ana Laura Menegat, Midiamax)

Com a chegada do inverno, Campo Grande tem registrado quedas bruscas de temperatura, com sensação térmica marcando -6 °C. Embora o frio favoreça o aumento de doenças respiratórias, a atual preocupação da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) é o crescimento dos casos de infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral), que têm contribuído para a lotação das unidades de saúde.

Secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, afirma que, ao contrário do registrado em estados como Paraná e São Paulo, Campo Grande apresenta uma desaceleração nos casos de síndromes respiratórias, como gripe, bronquite e asma. Ainda assim, ela destaca que o frio intenso contribui para o agravamento de outras condições clínicas, especialmente cardiovasculares.

Rosana Leite (Ana Laura Menegat, Midiamax)

“Estamos ainda sob vigência do decreto emergencial. Apesar do frio, que naturalmente aumenta os casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), o número de ocorrências tem se mantido relativamente estável”, afirma.

Ocupação de leitos próxima de 100%

Em contrapartida, a Sesau tem observado um aumento expressivo de casos de infarto e AVC, que também estão relacionados às baixas temperaturas. Conforme a secretária, essa situação é agravada pela escassez de leitos hospitalares, o que tem levado pacientes a permanecerem internados em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs (Centros Regionais de Saúde).

“Ainda enfrentamos uma ocupação de leitos próxima de 100%. Nesta madrugada, tivemos três pacientes que precisaram de acomodação na unidade de saúde, com todos os cuidados necessários, devido à superlotação dos hospitais. Mantê-los na UPA, com acompanhamento adequado, foi a alternativa mais segura diante do cenário atual”, relatou.

Vacinação segue como prioridade

Em relação às medidas emergenciais, Rosana reforça que a vacinação continua sendo a principal estratégia de enfrentamento às doenças respiratórias. A maioria dos casos graves, segundo ela, está associada ao vírus Influenza A.

“Nós temos a vacina, que é uma ferramenta eficaz no combate ao vírus. Por isso, reiteramos a importância da vacinação. Quem se vacina hoje, em 15 dias já estará protegido contra formas graves da doença”, enfatiza.

Vacinação no Centro de Campo Grande (Divulgação, SES)

Os dados reforçam a importância da imunização. Campo Grande registra uma das maiores taxas de letalidade por Influenza do Estado, com 320 casos confirmados (sendo 315 por Influenza A e 5 por Influenza B), 53 evoluíram para óbito, o que representa uma taxa de aproximadamente 16,3%.

Além disso, segundo boletim da CIEVS (Coordenadoria de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde), o município já soma 158 óbitos por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em 2025.

Desse total, 53 decorreram de Influenza, 13 por vírus sincicial respiratório, 12 por rinovírus, 10 por Covid-19, 3 por outros vírus e 65 não tiveram agente causador especificado. Embora a maioria dos casos ocorra em crianças, a letalidade é maior entre idosos com 70 anos ou mais. Campo Grande contabiliza ainda 2.055 notificações de SRAG, sendo 1.247 casos confirmados. Além de 179 em investigação e 629 não especificado.

Risco aumentado de infarto e AVC

Médica pneumologista, Amanda Almirão Alves explica que o frio intenso pode agravar condições crônicas, principalmente em idosos e pessoas com histórico de doenças cardiovasculares, pulmonares, renais, vasculares ou neurológicas.

“Durante o frio, a pressão arterial pode aumentar, elevando o risco de infarto e AVC. Também há maior probabilidade de descompensação de doenças pulmonares como asma e DPOC [Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica]. Além disso, o aumento das síndromes gripais pode levar a complicações como sinusite e pneumonia”, alerta a médica.

Por isso, a médica ressalta a importância de estar atento a sinais de alerta como dor no peito, falta de ar, dor de cabeça, confusão mental, fraqueza, mal-estar generalizado, redução da mobilidade e dores no corpo.

Entre os riscos mais graves associados ao frio intenso está a hipotermia. Conforme o Ministério da Saúde, essa condição ocorre quando a temperatura corporal cai abaixo de 35 °C e pode ser fatal, especialmente em situações de exposição prolongada ao vento e à umidade. Os principais sintomas incluem tremores intensos, palidez e extremidades frias.

Além disso, o frio acaba por fazer vasoconstrição, aumentando a força que o coração precisa fazer para mandar sangue para o corpo e também aumentando a pressão. Assim, o sangue pode ficar mais espesso e bloquear o fluxo sanguíneo para o corpo.

“O frio pode diminuir a oxigenação. Aqueles que têm doenças pré-existentes podem ter a piora delas devido a essas alterações que o corpo faz para poder manter a temperatura adequada”, diz Amanda.

Recomendações para enfrentar o frio

Friaca no centro (Madu Livramento, Jornal Midiamax)

A Defesa Civil orienta sobre os cuidados básicos, mas fundamentais, para evitar complicações durante os dias mais frios:

  • Hidratação: beba bastante água, mesmo sem sentir sede. Evite álcool, que favorece a perda de calor corporal.
  • Agasalhos em camadas: use roupas adequadas, como casacos, gorros, luvas e meias de lã.
  • Cuidados com aquecedores: utilize aparelhos em bom estado e garanta ventilação para evitar intoxicação por monóxido de carbono.
  • Atividade física leve: mantenha o corpo ativo, mesmo dentro de casa.
  • Evite sair sem necessidade: limite a exposição ao frio, sobretudo entre os mais frágeis.
  • Proteja a pele: use hidratantes para evitar o ressecamento e as rachaduras.

Os idosos representam o grupo mais vulnerável para doenças respiratórias, conforme a SES, 48,7% das internações ocorreram nessa faixa etária, e 79,4% dos casos evoluíram para óbito. Crianças de 1 a 9 anos também foram bastante afetadas, concentrando 26,8% das internações por SRAG.

Outras orientações para evitar problemas de saúde incluem:
  • Lavar as mãos com frequência;
  • Evitar locais fechados e malventilados;
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar;
  • Manter alimentação saudável e praticar exercícios;
  • Evitar o fumo.

Em caso de sintomas como febre alta, tosse com secreção, falta de ar ou dor no peito, é essencial procurar atendimento médico imediatamente.

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