O que música e produção de mirtilos têm em comum? O empreendedor Flávio Coelho, um músico que já gravou com grandes nomes do sertanejo, como João Bosco e Vinícius, Michel Teló e Gusttavo Lima; e que há alguns anos passou a investir na produção de mirtilos a 47 quilômetros de Campo Grande, em Jaraguari.
Após 10 anos de estrada com shows Brasil afora, Flávio decidiu retomar a ligação com o campo, que já tinha desde a infância, investindo em um tipo de produção quase inédita em Mato Grosso do Sul: o mirtilo.
Teoricamente, a produção não seria propícia na região, já que se trata de uma fruta exótica e geralmente cultivada em regiões frias. No entanto, o item queridinho nas confeitarias e quase raro em Mato Grosso do Sul, está ganhando espaço.
Assim, a Mape Frutas, localizada na Ceasa/MS (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), se tornou a primeira empresa no Estado a comercializar mirtilo, também conhecido como blueberry, 100% sul-mato-grossense.
Inicialmente, a empresa comercializava o mirtilo trazido de outros estados. No entanto, ao acessar o fruto pertinho de Campo Grande, conseguiu reduzir custos com transporte e garantir uma maior qualidade do produto, conforme o sócio-proprietário da empresa, André Vasconcelos.
As conversas entre André e Flávio, da marca Berry Five, começaram em 2023 e, desde então, a produção vem crescendo. “Assim que as plantas aqui começaram a dar frutos, entrei em contato com eles. Eles vieram visitar o pomar e, já na nossa primeira colheita, a Mape começou a comercializar nossos frutos”, comenta Flávio.
Segundo André, a parceria tem dado certo. “O mirtilo tem um valor agregado muito alto, mas com essa produção interna conseguimos diminuir o custo de transporte em cerca de 10% e manter o frescor do produto, que é colhido hoje e chega ao consumidor já no dia seguinte. Então, o consumidor ganha muito com isso”, completa.
Além disso, o cultivo da fruta em Jaraguari ajuda a fomentar a diversificação da agricultura regional e gerar empregos: “É muito mais benéfico ter um produto regional do que trazê-lo de fora. A nossa ideia é fomentar e aprimorar cada vez mais essa produção”, amplia André.
Comercialização
Assim, só neste ano, a Mape já comercializou mais de uma tonelada de mirtilos. O montante equivale a cerca de 8 mil caixinhas de 125 gramas cada. “Essa é só a produção deste ano, e ainda produzimos até novembro. Acredito que enviaremos mais uns 500 quilos de fruta”, comenta Flávio.
No entanto, há o desafio da falta de mão de obra qualificada para lidar com uma cultura pioneira no Estado. “Estamos ensinando os colaboradores sobre a poda, a colheita e o manuseio da planta”, explica Flávio.
Além disso, também há a falta de alguns insumos, que ainda precisam ser trazidos de estados como Santa Catarina e São Paulo, sem contar que as condições climáticas também exigem cuidados.
“A maior exigência do mirtilo é a água. Ele é plantado em sacos com substrato de casca de arroz e precisa de irrigação diária. Cada planta precisa de pelo menos 4 litros de água por dia”, afirma Flávio.
Apesar dos desafios, Flávio segue otimista e já planeja ampliar a produção para atender à demanda da Mape e de futuros clientes: “Hoje temos 2.600 plantas produzindo e, até o final deste ano, acredito que vamos incorporar uma nova área ao pomar, com 10 mil plantas”, conclui.

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(Revisão: Bianca Iglesias)