Há algumas semanas, obras de ligação de esgoto na Rua Lagoa da Prata, no bairro Centenário, em Campo Grande, causaram uma série de transtornos aos moradores e comerciantes da região. A via é um importante acesso para bairros da região sul de Campo Grande, como Dom Antônio Barbosa, Lageado e região do Los Angeles.
Em visita ao bairro, o Jornal Midiamax constatou que as principais reclamações dos moradores relacionadas às obras eram em relação à poeira, que deixava casas e comércios sujos. Mas a situação também abriu margem para um importante questionamento entre a população do bairro: qual o motivo de a obra não ter sido feita antes do asfalto ser recapeado, no ano de 2024.
O mecânico Gilson Barboza relatou que o asfalto estava desgastado, mas passou por recapeamento no ano anterior. Por esse motivo, o morador defende que escolheram o momento ‘errado’ para a obra. “O problema é que deveriam ter feito o esgoto antes, quando o asfalto era velho. Agora são dois serviços”.
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Foi a movimentação de automóveis e pedestres na região que atraiu a comerciante Mychelle Rosa Soares Brasão para abrir um empreendimento no local. No entanto, como em toda obra, as máquinas na rua e o asfalto quebrado lhe trouxeram problemas.
“Para os comerciantes, há um transtorno. Fora a poeira. Já joguei quatro vezes água aqui e a poeira volta. Inclusive, muitos [comércios] ficaram a semana toda com as portas fechadas por conta das máquinas.”

Mychelle destacou que a chegada do esgoto foi bastante positiva, mas questionou o mesmo ponto que Gilson. “Claro que é bom vir o esgoto. Mas é o que sempre falamos: por que não fizeram antes de reformar o asfalto?”.
A comerciante Elisângela Oliveira reclamou que, durante a obra, a residência não parava limpa. “Como a gente vai atender clientes assim? E as roupas? São novas e a gente tem de ficar tirando da arara pra lavar, senão o cliente leva suja. Deveriam ter feito a obra antes de arrumar o asfalto. Sempre fica aquela dúvida: será que eles vão deixar bem-feito? Porque nunca fica perfeito depois que quebram o asfalto”.
Afinal, por que isso acontece em Campo Grande?
O relato dos moradores é pertinente a um questionamento feito com frequência pela população campo-grandense, que pondera sobre o retrabalho de quebrar e refazer asfaltos e calçadas em boas condições. Para entender esta realidade, a reportagem entrevistou a diretora-executiva da Águas Guariroba, Francis Faustino Yamamoto.
Ao Jornal Midiamax, ela explica que a concessionária mantém uma via estreita de comunicação com a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), com intuito de alinhar as obras de ligação de esgoto com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). No entanto, Campo Grande é uma cidade da qual muitos bairros já receberam asfalto, antes mesmo de esse diálogo ser alinhado.
Esta é, portanto, a razão de muitas regiões já estarem asfaltadas, mas não terem acesso à rede de esgoto — o que explica as intervenções ocorrerem sem sincronia entre a concessionária e a Prefeitura. Dessa forma, ao levar o serviço a estes locais, consequentemente, o asfalto acaba sendo prejudicado.
“A gente faz muita intervenção em asfalto aqui em Campo Grande, porque se trata de uma cidade que tem muito asfalto. A gente ainda tem bairros inteiros que já são asfaltados e que ainda não receberam a rede de coletora de esgoto. Um exemplo é o Estrela d’Alva. Quando a gente entrar ali, nós vamos ter que fazer uma intervenção grande no asfalto”, explica Francis.



Para que esse serviço seja viabilizado, a Sisep instituiu uma instrução normativa de recomposição de asfalto. Isso prevê que toda solicitação de corte de asfalto, seja para implantação de uma ligação nova de água, de esgoto ou de rede, a concessionária deve solicitar, via ofício, à Secretaria. Dessa forma, cabe à Sisep fazer vistoria da obra e identificar a necessidade de que seja feito algum tipo de reparo ou melhoria.
Caso seja necessário realizar reparos no asfalto ou na calçada, é de responsabilidade integral da Águas Guariroba fazer esse serviço. Segundo a diretora-executiva, eventuais reparos estruturais levam em torno de uma semana para serem concluídos.
Ainda conforme a diretora-executiva, atualmente estão faltando somente 32 mil ligações de esgoto a serem realizadas em Campo Grande. Cerca de 360 mil famílias já possuem acesso a este serviço. Os únicos bairros que a concessionária ainda não realizou nenhuma intervenção são: Indubrasil, Noroeste e Chácara dos Poderes.
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(Revisão: Dáfini Lisboa)