Uma pesquisa inédita realizada por professores da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) traça um panorama das 24 aldeias indígenas de Campo Grande. Entre todas elas, cerca de sete são lideradas por cacicas.
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Após dois anos de levantamento e visitas em cada aldeia, os professores Kleber Gomes e Beatriz Landa entregam o relatório atualizado às comunidades. Das 24, 10 são consideradas urbanas pela Prefeitura. Além disso, 22 delas estão concentradas geograficamente. Duas comunidades são das etnias Kadiwéu e Kinikinau.
Sobre a liderança de mulheres nas aldeias, o professor aponta que o número coloca Campo Grande entre os municípios com maior número de cacicas do Brasil. “Uma singularidade.”
Força das cacicas
Terena nascido na Cidade Morena, com ascendentes da Aldeia Ipegue, Kleber teve um anseio enraizado que motivou a pesquisa. O docente é neto de uma mulher terena que chegou à Capital na década de 1950, saindo da Aldeia Ipegue para trabalhar como doméstica.
Professor de História há 27 anos na educação pública, Kleber descreve que há uma brecha no monitoramento de dados dos Povos Originários. Ele também realizou um curso de mestrado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e mestrado profissional na UEMS para seguir com a pesquisa.
“O título da Dissertação foi ‘História, Trajetória e Resistência das Comunidades Indígenas de Hánaiti Mê’um’. Hánaiti Mê’um, em terena, é o nome de Campo Grande, Hánaiti Grande Mê’um Campo. A minha orientadora foi a professora Dra. Beatriz Landa, nome de referência nos estudos e pesquisas da temática indígena no Estado”.
Lista das cacicas de Campo Grande
- Aldeia Urbana Água Bonita – cacica Aliscinda Tibério
- Comunidade Indígena do Caiobá – cacica Dorilene Moreira
- Comunidade Indígena Inamáti Kuxonéti – cacica Dayane Maidano Barbosa
- Comunidade Indígena no Bairro Guanand – cacica, Lurdes Polidório
- Comunidade Indígena Dalva de Oliveira – cacica Maria Relinda Euzébio
- Comunidade Indígena Peyó Kaxé – cacica Helena Moreira
- Comunidade Indígena Roda Velha – cacica Cleuza Pereira da Costa
Educação indígena
Além disso, o levantamento aponta uma brecha na educação especial indígena. Diante disso, as lideranças assinaram um pedido da primeira escola indígena da cidade.
“Uma cidade que, mesmo com seus aproximadamente 20 indígenas, não tem ainda uma escola para esse público. O pedido foi realizado de forma unânime por todos os caciques e cacicas, sendo entregue à Secretaria Municipal de Educação local em maio do ano passado”.
“Ao final da pesquisa, como requisito a ser cumprido ao final do curso, precisei entregar às escolas de Campo Grande um produto didático-pedagógico, motivo pelo qual confeccionei o presente mapa. Um dos motivos pelos quais optei por esse produto foi o fato de existirem já mapas na temática, ou incompletos, ou desatualizados”.
A pesquisa também entregou orientações em escolas públicas e a professores das regiões sobre a história e a cultura dos povos originários, destacando a Lei 11.645/2008, que determina o ensino da história e da cultura indígenas nos estabelecimentos de ensino da educação básica, tanto públicos como privados.
“Mesmo em cidade, continuamos com nossas histórias e identidade. Nasci aqui e minha mãe colocou meu nome em Terena, Hánaiti, que significa grande. Meus filhos se chamam Yoviré (Lobo) e Hánaiti Senó (Grande Mulher)”, descreve.
“Quando tratado esse assunto em sala de aula, muito ainda se fala somente do contexto rural dos indígenas no Brasil, pouco sendo a atenção às comunidades em contexto urbano”.
Número de aldeias
O mapa indica 24 aldeias espalhadas nas sete regiões da cidade. A maior aldeia em população é a Água Bonita, com população estimada em 706 habitantes.
O mapa lista:
- Aldeia Urbana Água Bonita
- Aldeia Urbana Tarsila do Amaral
- Aldeia Urbana Inámati Kaxé
- Aldeia Urbana Paravá
- Aldeia Urbana Jardim Inápolis
- Aldeia Urbana Darcy Ribeiro
- Aldeia Urbana Água Funda
- Aldeia Urbana Nova Canaã
- Aldeia Urbana Estrela do Amanhã
- Comunidade Jardim Anache
- Comunidade Jardim Aeroporto
- Comunidade Vila Bordon Peyó Kaxé
- Comunidade Marçal de Souza
- Comunidade Dalva de Oliveira Vivendas do Parque
- Comunidade Entroncamento
- Comunidade Roda Velha
- Comunidade Inámati Kuxonéti
- Comunidade Guanandi
- Comunidade Portal Caiobá
- Comunidade São Jorge da Lagoa
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(Revisão: Dáfini Lisboa)
