A Prefeitura de Campo Grande acaba de lançar o “Guia de Identificação de Árvores e o Manual de Arborização Urbana”, lançado em parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). O material reúne informações sobre espécies recomendadas, não recomendadas e proibidas para plantio, com intuito de ajudar a planejar o paisagismo urbano e a evitar problemas com espécies invasoras.
Tanto o guia quanto o manual desenvolvido possuem formato ilustrativo e linguagem acessível. Somente o guia apresenta mais de 50 espécies encontradas na cidade, com fotografias, características botânicas e ecológicas, orientações sobre o manejo adequado e um calendário de floração, ferramenta prática para quem deseja planejar ações de paisagismo, educação ambiental e conservação da biodiversidade. O manual traz também a lista de espécies indicadas para áreas maiores, como praças, parques e para a recuperação de Áreas de Preservação Permanente.
Atualmente, Campo Grande conta com cerca de 175 mil árvores viárias, com mais de 160 espécies diferentes. Destas, 51% são nativas do Brasil e 40% são naturais de Mato Grosso do Sul. Nomeada pelo sexto ano consecutivo como uma das capitais mais verdes do Brasil, o arquiteto e urbanista Luiz Fernando Martinez ressalta que, para honrar o título, é necessário haver planejamento.
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“Antes de escolher a espécie arbórea, temos que verificar o espaço disponível para seu plantio e pensar no crescimento da espécie. Outras questões também devem ser levadas em consideração, como fiação elétrica aérea, rede subterrânea (água, esgoto, gás) e a proximidade de construções ou muros. Um fator importante é a escolha da vegetação em relação ao clima, tipo de solo e incidência solar. Nesses casos, as espécies nativas da região têm maior adaptação e exigem menos manutenção”, orienta.

Para o arquiteto, o impacto positivo da arborização no bem-estar e no valor dos imóveis deve ser levado em consideração. “As árvores trazem benefícios além do meio ambiente, melhorando a saúde física e mental e tornando os espaços urbanos mais charmosos e agradáveis. O paisagismo, quando bem planejado, valoriza o imóvel na hora da venda, podendo aumentar o valor entre 10% e 20%, dependendo do tipo e padrão. Além disso, as áreas verdes proporcionam sombra, privacidade e conforto térmico, agregando valor emocional e funcional aos espaços.”
Já a auditora fiscal do Meio Ambiente da Semades (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável), a bióloga Silvia Rahe Pereira, explica que tanto o guia quanto o manual são complementares e visam orientar o plantio correto em diferentes contextos urbanos.
“Costumamos dizer que não existe árvore errada, e sim espécie inadequada para o espaço disponível. Então, com base nos elementos urbanísticos existentes em cada local, largura da calçada, presença ou não de rede elétrica, recuo predial, indicamos um porte adequado de árvore e disponibilizamos uma relação de espécies recomendadas”, destaca.
O que pode plantar?
Conforme o guia e o manual de Arborização e Floresta Urbana de Campo Grande, as espécies mais adequadas são aquelas de porte compatível, com raízes não agressivas e boa adaptação ao clima da região. Elas proporcionam sombra, beleza e segurança, além de contribuírem para o equilíbrio ambiental e o conforto térmico.
Entre as espécies recomendadas, estão:
- Ipê-amarelo (Handroanthus chrysotrichus)
- Ipê-rosa (Handroanthus heptaphyllus)
- Ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus)
- Jacarandá (Jacaranda cuspidifolia)
- Sibipiruna (Cenostigma pluviosum)
- Chuva-de-ouro (Cassia fistula)
- Quaresmeira (Pleroma granulosum)
Espécies são mais adequadas conforme o tipo de local de plantio:
Em calçadas: o ideal são árvores de pequeno a médio porte, com raízes que não prejudiquem a pavimentação. Evitar palmeiras (bocaiuva, jerivá, palmeira-fênix, palmeira-imperial), em razão do difícil manejo.
- Pequeno porte: pata-de-vaca, ipê-amarelo-cascudo, casca-branca e aroeira.
- Médio porte: jacarandá, cagaita, pau-terra, lixeira e sucupira-branca.
Em praças e parques: onde há espaço e necessidade de sombra, devem ser priorizadas espécies de maior porte e copas amplas:
- Jatobá-do-cerrado, vinhático, açoita-cavalo, canafístula, guabirobeira, peroba-rosa e carandá.
Em canteiros centrais: as espécies devem ter formato vertical e não comprometer a visibilidade de pedestres e motoristas:
- Sibipiruna, ipê-branco, jacarandá e chuva-de-ouro.

Espécies não recomendadas
Algumas espécies, mesmo que populares em quintais, podem causar danos às calçadas, entupir encanamentos, atrair insetos ou oferecer riscos de queda. Outras são, ainda, exóticas invasoras, que se espalham descontroladamente e competem com a vegetação nativa.
Confira algumas espécies não recomendadas para plantio:
- Mangueira (Mangifera indica) – frutos grandes e perecíveis.
- Seriguela (Spondias purpurea) – raízes superficiais e frutos em excesso.
- Chorão (Schinus molle) – galhos quebradiços.
- Figueirinha (Ficus benjamina) – raízes invasivas.
- Paineira (Ceiba speciosa) – grande porte e espinhos.
- Munguba (Pachira aquatica) – frutos pesados.
- Nim (Azadirachta indica) e cinamomo (Melia azedarach) – tóxicos e invasores.
- Amoreira (Morus nigra) e goiabeira (Psidium guajava) – sujam e atraem insetos.
- Jasmim-manga (Plumeria rubra) e chapéu-de-napoleão (Cascabela thevetia) – tóxicas.
- Alfeneiro (Ligustrum lucidum) – alergênica e invasora.
- Limão e laranja (Citrus spp.) – frutos pesados e risco de pragas.
- Palmeiras (bocaiuva, jerivá, palmeira-fênix, palmeira-imperial) – risco de queda e manejo difícil.
Essas espécies, segundo o manual, exigem manejo intensivo e apresentam alta taxa de interferência com redes elétricas, calçadas e drenagem, além de manutenção dispendiosa para o município.

Espécies proibidas por lei
Em Campo Grande, é proibido o plantio, o comércio, o transporte e a produção da Leucena (Leucaena leucocephala), por meio da Lei Municipal nº 7.418/2025. A espécie é uma planta exótica invasora que compete com espécies nativas e prejudica o equilíbrio ecológico. A lei também prevê um plano de erradicação desta árvore em todo o município de Campo Grande.
A Murta (Murraya paniculata) também é uma espécie proibida de plantio, comercialização, transporte e produção. O motivo da proibição é que a espécie serve de hospedeira para o inseto transmissor do greening, doença que atinge pomares de citros.
Boas práticas de plantio e planejamento
O Manual de Arborização orienta que o plantio deve ser planejado conforme o espaço disponível. Calçadas com menos de dois metros de largura, por exemplo, não devem receber árvores. Nesses casos, o ideal é priorizar praças, jardins e áreas abertas. As medidas garantem o desenvolvimento saudável da árvore e evitam tombamentos ou danos à calçada. Durante o plantio, o manual recomenda:
- Manter o colo da muda visível e livre de terra;
- Irrigar com cerca de 4 litros de água por dia até o “pegamento”;
- Evitar muretas e manilhas ao redor do tronco;
- Usar tutores firmes, mas sem apertar o caule.

Manual completo
O Guia de Identificação de Árvores e o Manual de Arborização Urbana são materiais que visam, principalmente, à educação ambiental. O material ajuda a população a reconhecer, cuidar e valorizar as árvores que compõem o patrimônio natural e paisagístico da cidade. Os documentos estão disponíveis gratuitamente em formato digital, nos sites da Prefeitura de Campo Grande.
- Para acessar o guia, clique aqui;
- Para acessar o manual, clique aqui;
- Para acessar informações referente às regras sobre supressão arbórea em Campo Grande, clique aqui.
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(Revisão: Dáfini Lisboa)