Em meio a um imbróglio judicial e denúncias de irregularidades, Campo Grande amanheceu sem transporte coletivo nesta quarta-feira (22), após motoristas do Consórcio Guaicurus paralisarem as atividades. O motivo foi o atraso no pagamento do adiantamento salarial, previsto para o dia 20 de outubro, segunda-feira.
Embora os ônibus tenham voltado a circular por volta das 6h30, a paralisação provocou indignação entre os trabalhadores que dependem do transporte público para chegar ao trabalho. Nos terminais e pontos de ônibus, o sentimento é de revolta — e o principal pedido é o fim do monopólio do Consórcio Guaicurus.
A agente de ação social Valdiléia Joba contou que esperou mais de duas horas no ponto. Para ela, já passou da hora de uma nova empresa assumir a gestão do transporte coletivo da Capital.
“Pego o ônibus às 4h40, mas hoje ele não passou. Disseram que viria às seis, e nada. Outras linhas até passaram, mas a minha não. Isso é um descaso. As autoridades precisam tomar vergonha e pensar no povo, não só no bolso”, criticou. “Já faz tempo que essa empresa devia ter sido substituída por outra”, completou.
Assim como Valdiléia, o entregador Tiago de Almeida também enfrentou transtornos. Ele chegou ao terminal às 4h, mas o primeiro ônibus só passou às 7h. “Quase três horas de atraso. Acho que deviam colocar outras empresas também, para não ficar esse monopólio do Consórcio Guaicurus. Se o ônibus para, a cidade para junto”, disse.
‘Tive que ir a pé’

Sem ônibus, a alternativa encontrada pela cuidadora Carla Patrícia foi caminhar mais de cinco quadras para chegar ao trabalho.
“Vi na internet que ia ter paralisação, mas não imaginei que seria geral. A gente chega atrasado e o chefe nem sempre entende. O consórcio tinha que resolver isso logo. Como não tinha ônibus, vim andando. São umas cinco quadras, mas é o jeito”, relatou.
Para o servidor público Marcos Arguello, a situação é recorrente e exige providências do poder público.
“Era para eu estar no trabalho às 7 horas, e já faz mais de uma hora e meia de atraso. Quem sofre é a população. O poder público devia assumir e abrir espaço para novas concessionárias que tenham compromisso com a cidade”, afirmou.
Paralisação
O presidente do STTCU (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande), Demétrio Freitas, informou que a empresa alegou falta de recursos e ausência de previsão para o pagamento.
“Os trabalhadores decidiram suspender as atividades até que o adiantamento seja regularizado”, explicou. A categoria pode paralisar totalmente na próxima segunda-feira (27).
Até o momento, o Consórcio Guaicurus não se manifestou oficialmente sobre a paralisação.
Em nota, a Prefeitura de Campo Grande confirmou que houve, nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (22), uma paralisação parcial no sistema de transporte coletivo. O município destacou que o serviço foi normalizado pouco antes das 7h e, desde então, opera regularmente.
“O Município mantém diálogo permanente com o Consórcio Guaicurus para apurar as causas da interrupção e adotar as medidas necessárias para evitar que situações como essa voltem a ocorrer”, informou em nota.
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