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Cotidiano

Sob risco de extinção, morte de tatu-canastra na BR-262 acende alerta para preservação de espécie ‘rara’

Animal tem reprodução lenta, o que coloca espécie em risco
Idaicy Solano -
Carcaça foi encontrada na rodovia, nesta terça-feira (14). (Foto: Divulgação, ICAS)

Sob risco de extinção, tatu-canastra, vítima de atropelamento na BR-262, acende alerta de institutos de preservação, principalmente pelo fato de a espécie ser uma das mais raras e difíceis de serem observadas na natureza. A carcaça do animal foi encontrada por pesquisadores do Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres), nesta terça-feira (14), no trecho entre e , em

O tatu-canastra é o maior tatu do mundo e atualmente é classificado como vulnerável à extinção, na Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) e na Lista Nacional Oficial do ICMBio, o que torna a perda de cada indivíduo extremamente preocupante.

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Segundo especialistas, a morte de um único tatu-canastra representa uma perda significativa para a biodiversidade do Cerrado, pois o tatu-canastra tem uma taxa de crescimento populacional muito baixa. Além disso, o animal é uma das espécies mais raras e difíceis de serem observadas na natureza, ocorrendo em baixas densidades e com hábitos predominantemente noturnos. 

Uma fêmea, por exemplo, só atinge maturidade sexual entre sete e nove anos e tem apenas um filhote a cada três ou quatro anos. Conforme explicação do presidente do Icas, Arnaud Desbiez, isso significa que a população cresce lentamente e não consegue se recuperar diante das pressões humanas, como o desmatamento e as colisões com veículos. “Cada morte por atropelamento pode representar um impacto irreversível para a sobrevivência da espécie em áreas onde já é rara”. 

Continuidade das pesquisas científicas 

A equipe do Icas também realizou a coleta de material biológico do animal. A pesquisadora do Icas, Carla Gestich, especialista em genética da conservação, explica que esse procedimento é necessário para a continuidade das pesquisas científicas sobre a espécie. Este é um procedimento padrão ao encontrar animais atropelados, sendo coletados fragmentos de músculo ou de orelha para estudos posteriormente. 

A pesquisadora explica como o processo é feito. “Preservamos o material em etanol para posterior extração de DNA em laboratório. Com esses dados, conseguimos analisar a variabilidade genética dos indivíduos e avaliar a saúde genética das populações de tatu-canastra no Cerrado. Ainda temos uma amostragem pequena para esse bioma, e a maioria das informações disponíveis vem justamente de animais encontrados mortos nas rodovias. Mesmo diante de uma perda, cada amostra representa um avanço importante para a ciência e para a conservação da espécie”.

Medidas de prevenção a acidentes

O trecho onde o animal foi atropelado e morto é considerado um dos mais críticos do país, em relação ao número de atropelamentos de fauna. A BR-262 é monitorada pelo Instituto desde 2013, que realiza o registro da mortalidade de animais silvestres causada pelo aumento do tráfego. Segundo Desbiez, foram encontradas 11 carcaças de antas em um único trecho, na expedição mais recente do grupo. 

“O aumento do tráfego pesado associado à rota da celulose intensificou significativamente o número de colisões com fauna silvestre nos últimos anos. Essa é uma ameaça tanto para a biodiversidade quanto para a segurança dos motoristas, já que colisões com grandes mamíferos podem ser fatais também para pessoas”, afirma o pesquisador.

Atualmente, o Icas trabalha na implementação de medidas para reduzir atropelamentos de fauna em trechos prioritários, indicados por meio de estudos científicos. Para fortalecer essa atuação, o instituto integrou o ‘Observatório Rodovias Seguras para Todos’, que reúne organizações e especialistas na busca de soluções técnicas e de segurança viária para reduzir a mortalidade de animais nas rodovias brasileiras.

No momento, o plano de mitigação de atropelamentos em andamento na BR-262 está sendo aplicado apenas no sentido Campo Grande–Corumbá. Conforme o presidente do Instituto, as primeiras cercas e estruturas já começaram a ser instaladas. No entanto, o trecho que liga Campo Grande a Três Lagoas segue desprotegido e sem nenhuma medida efetiva. 

Para Desbiez, é fundamental que esse trecho também receba ações de mitigação, incluindo cercas direcionadoras, passagens de fauna e sinalização adequada. “Essa área deve entrar em concessão e as estratégias de redução de atropelamentos precisam constar como obrigação contratual da futura concessionária”, ressalta.

Sobre o Observatório 

O Observatório Rodovias Seguras para Todos é uma iniciativa composta por seis organizações, incluindo o Icas, a Incab/Ipê (Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira), IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Instituto Libio, Onçafari e SOS Pantanal.

Essas organizações atuam na conservação da biodiversidade e na segurança viária. O objetivo do Observatório é promover a implementação de medidas de mitigação de colisões com fauna nas rodovias brasileiras, integrando ciência, políticas públicas e articulação intersetorial para reduzir mortes de animais silvestres e proteger vidas humanas.

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(Revisão: Dáfini Lisboa)

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