O tema ‘transtornos mentais’ foi, por diversas décadas, tratado com um tabu. Em muitas famílias, inclusive, pessoas com diagnósticos psiquiátricos eram mantidas escondidas dentro de casa ou até mesmo afastadas do convívio social. No entanto, graças ao avanço das discussões sobre saúde mental e ao acesso ampliado à informação, esse cenário vem se transformando cada vez mais.
Falar sobre diagnóstico passou a ser visto como ato de coragem e de conscientização, movimento que também ganhou força nas redes sociais, no momento em que o ‘transtorno sai do armário’, como uma metáfora para o ato de tornar visível aquilo que, por décadas, foi estigmatizado e reprimido.
Mas, se o ato de assumir publicamente representa uma forma de resistência, acolhimento e conscientização, ainda existe um longo caminho a se trilhar em busca de qualidade de vida e rede de apoio — principalmente no ambiente laboral.
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Em 2024, mais de 8,5 mil trabalhadores de Mato Grosso do Sul se afastaram de suas atividades laborais devido a transtornos mentais. Conforme dados do Ministério da Previdência Social, 2.516 trabalhadores afastados por transtornos de ansiedade, e 2.408 por episódios depressivos. Os demais casos se deram por motivos de transtornos depressivos recorrentes, transtorno bipolar, estresse grave, esquizofrenia, entre outros.
Já em 2025, o MPT-MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul) recebeu 60 denúncias relacionadas diretamente à saúde mental no trabalho. Os casos de violência e assédio psicológico no ambiente laboral somaram 185 denúncias até setembro deste ano.
Falando abertamente com a família
Conforme a psicóloga Renata Romeiro, historicamente, transtornos mentais são vistos como defeitos que colocam as pessoas em uma posição disfuncional, como se o diagnóstico não permitisse construir relações, carreiras e autonomia. Outro cenário comum seria o incentivo para ‘esconder’ os sintomas, performando sob a ótica de uma máscara social.
Felizmente, este cenário vem passando por mudanças, muitas delas impulsionadas pelas redes sociais. Isso acontece, principalmente, por meio de perfis de profissionais da saúde mental que atuam na promoção de conteúdos educativos, que tratam o diagnóstico de forma popularizada e discutem maneiras de conviver com estes transtornos com maior qualidade de vida.
Optar por falar abertamente sobre isso é uma decisão delicada do paciente, além de ser um passo importante. Segundo Renata, falar sobre o diagnóstico com a família, amigos e até mesmo no trabalho pode ajudar a pessoa a aceitar sua condição, reconhecer os impactos no cotidiano e fortalecer uma rede de apoio.
Conforme a psicóloga Ariane Osshiro, o apoio familiar e de amigos é fundamental para a saúde mental, pois a validação ajuda tanto o paciente quanto seus familiares a lidar com o diagnóstico de forma mais saudável. Quando a família e/ou os amigos entendem e aceitam o transtorno, estes grupos se tornam uma rede de apoio essencial, capaz de oferecer suporte até mesmo em momentos mais críticos.
Para isso, a rede de apoio também precisa entender que é necessário dar espaço para a pessoa viver as fases e os ciclos de seus transtornos, como nos casos de bipolaridade e borderline, por exemplo, permitindo que o paciente seja reconhecido e acolhido em todas as suas necessidades.
No entanto, a profissional alerta que o paciente pode se deparar com ambientes invalidantes, que dificultam o processo de aceitação. Nestes casos, ela afirma que acolher a família do paciente e ensinar como lidar com o transtorno é uma saída. “A família acaba sendo uma grande rede de apoio e, até mesmo, a principal, na maior parte das vezes. Então, é muito importante que ela esteja preparada para poder lidar com essas nuances”.
Para evitar que um paciente acabe tendo seu diagnóstico invalidado, é necessário que a família seja informada de forma adequada e aprenda a lidar com a situação de uma maneira saudável. Para a psicóloga Renata Romeiro, preparar a família para receber esse paciente é como ‘fortalecer pontes’ para que o ambiente seja seguro e acolhedor.
“Às vezes, a gente não tá preparado pra receber alguém que tem um diagnóstico, a gente não sabe nem como lidar. Então, o que a gente precisa é fortalecer essas pontes. Colocar mais estrutura ali, para que a família consiga lidar, e não esperar que o outro mude pra caber naquele ambiente. É esse ambiente, em conjunto, que precisa fazer as adaptações”, diz.

Falando abertamente no trabalho
De acordo com a psicóloga Renata Romeiro, ainda existe um longo caminho a se avançar em relação ao acolhimento de funcionários que sofrem com algum transtorno mental. A nova atualização da NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), que obriga as empresas a identificar e gerenciar riscos psicossociais, além de integrar a prevenção de adoecimento mental nas suas políticas de segurança e saúde, é um caminho possível.
Apesar do avanço da NR-1, que possibilitou um diálogo mais aberto sobre transtornos mentais no ambiente laboral, Renata afirma que o desafio agora é não deixar essa pequena porta aberta se fechar. “No trabalho, ainda existe muito estigma, mas novas normas e discussões ajudam a abrir espaço para compreensão e adaptação, e a presença de profissionais de saúde mental pode contribuir para ampliar esse diálogo”.
Conforme a psicóloga, a decisão de tornar público um diagnóstico no ambiente de trabalho também depende muito da cultura organizacional da empresa. Ela cita que existem empresas mais acolhedoras e abertas ao diálogo, mas também há aquelas em que o diagnóstico pode alimentar estigmas e até comprometer oportunidades de crescimento.
Dessa forma, é preciso avaliar com cautela como o paciente e a empresa pretendem lidar com a informação. Além disso, Renata ressalta a importância de não utilizar o diagnóstico como muleta, e sim como ferramenta para buscar compreensão e apoio.
Direitos trabalhistas de pessoas com transtornos mentais
A legislação brasileira assegura aos colaboradores com diagnóstico de transtornos mentais algumas proteções adicionais, além daquelas já previstas para os trabalhadores em geral. Uma delas é a garantia de igualdade de oportunidades e proibição de discriminação, conforme o artigo 7° da Constituição Federal.
A seguridade da inclusão, acessibilidade e adaptações necessárias no ambiente de trabalho também são um direito, conforme o Decreto 6.949/09 da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Além disso, a Lei nº 8.213/91 estabelece a reserva de vagas para pessoas com deficiência, o que inclui transtornos mentais graves reconhecidos pelo CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde).
Conforme o presidente da comissão da advocacia trabalhista da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso do Sul), Pedro Marzabal, o colaborador não tem a obrigação legal de informar sobre seu diagnóstico, podendo, ainda, apresentar o atestado médico quando precisar de afastamento, sem a necessidade de detalhar a doença ou o transtorno.
A revelação do diagnóstico só é necessária quando o trabalhador pretende ter acesso a direitos específicos, como: enquadramento na cota legal para PcD (pessoa com deficiência), estabilidade por acidente/doença ocupacional ou pedido de adaptação de funções.
Também existem proteções legais contra demissão discriminatória por motivo de saúde mental. Conforme a Súmula 443 do TST (Tribunal Superior do Trabalho), “é de caráter discriminatório a dispensa de um colaborador portador de doença grave que suscite estigma ou preconceito, o que pode incluir transtornos mentais severos”.
“Na prática, isso significa que, se houver a dispensa e o empregado comprovar o vínculo entre a decisão e sua condição de saúde, a empresa poderá ser obrigada à reintegração ou indenização. Reconhece-se a dispensa como discriminatória quando há histórico de atestados médicos, pedidos de tratamento ou adaptações recusadas e, logo em seguida, ocorre a dispensa”, explica Marzabal.

Como agir ao ter seus direitos violados?
Ao ter seus direitos violados, Marzabal explica que o colaborador deve, inicialmente, procurar o setor de recursos humanos da empresa, relatar o ocorrido e solicitar as providências necessárias. Caso a situação não seja resolvida, o próximo passo é buscar um advogado para ingressar com uma ação trabalhista, denunciar o empregador ao Ministério Público, e, por fim, buscar amparo junto ao sindicato da categoria.
“Na Justiça do Trabalho, através da reclamação trabalhista, pode requerer a reintegração, indenização por danos extrapatrimoniais e materiais e, em certos casos, reconhecimento de estabilidade provisória. A denúncia administrativa ao MPT também pode gerar investigação contra a empresa”, acrescenta o advogado.
Além disso, o artigo 93 da Lei nº 8.213/91 e a Lei Brasileira de Inclusão, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), impõem ao empregador o dever de oferecer adaptações razoáveis e condições de acessibilidade, o que pode incluir flexibilização de jornada, apoio psicossocial, adequação de funções e ambiente. O descumprimento dessas medidas pode gerar responsabilização administrativa e judicial.
“A adaptação transcende barreiras, alcançando todo o núcleo familiar. No último ano, nos deparamos com notícias de mães trabalhadoras que conseguiram a redução da jornada de trabalho para prestar os cuidados necessários para o seu filho portador de transtorno mental e/ou do espectro autista”, informa Marzabal.
Em relação à obrigatoriedade de psicólogos internos na empresa ou planos de saúde específicos para atendimento psicológico, isso ainda não é uma realidade no Brasil. No entanto, as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho exigem medidas de saúde e segurança adequadas. Algumas normas específicas, como a NR-1 e NR-17, podem sustentar a necessidade de suporte psicológico em programas de saúde ocupacional.
“A recente alteração na NR-1 do MTE impôs a obrigatoriedade das empresas na identificação, mapeamento e implementação de medidas referentes aos riscos psicossociais no ambiente de trabalho visando à proteção da saúde mental dos trabalhadores. Em alguns setores, como em empresas de grande porte ou ligadas a atividades de alto risco, a contratação de profissionais de saúde ocupacional pode ser exigida, integrando equipe com médicos e psicólogos do trabalho. Já a oferta de plano de saúde é facultativa, mas, quando fornecido, deve incluir cobertura para atendimento psicológico, conforme a Lei dos Planos de Saúde (Lei nº 9.656/98) e rol da ANS”, esclarece o advogado.
É fundamental a cautela nas redes sociais
O uso das redes sociais como ferramenta para disseminação de informações sobre saúde mental e para o posicionamento de influencers e celebridades sobre seus diagnósticos tem contribuído para abrir espaço ao diálogo sobre diversos transtornos. Ao compartilhar experiências pessoais, figuras públicas ajudaram a reduzir o estigma e incentivaram outras pessoas a buscarem ajuda profissional.
No entanto, esse movimento também trouxe inúmeros riscos em relação à desinformação, levando à banalização de sintomas e diagnósticos e fazendo com que condições clínicas passem a ser tratadas de forma superficial ou sem respaldo técnico adequado. A psicóloga Ariane Osshiro alerta que a desinformação começa quando as pessoas se autodiagnosticam a partir de conteúdos que elas assistem on-line e passam a compartilhar essas ‘conclusões’ como se fossem certezas.
“A desinformação vem de quando alguém vê ou lê em algum lugar, se autodiagnostica e aí traz receitas prontas de uma coisa que não é pronta. Uma sintomatologia pode estar ligada a várias questões. A gente olha o sintoma, mas, dentro da psicologia, há vários instrumentos para analisar isso. Não é como uma peça de quebra-cabeça que você força pra caber. Ela tem que caber mesmo e tem que fazer sentido no entorno”, reforça.
Por isso, Ariane reforça a importância de buscar apoio com profissionais de saúde mental, seja na rede pública, por meio dos Caps (Centro de Atenção Psicossocial), ou na rede privada de saúde. Essa atitude também contribui com o fortalecimento da rede de apoio dos pacientes. “A gente consegue o apoio e a adesão dessas famílias com diagnósticos sérios, com cuidado real e pessoas que levem a saúde mental a sério, pra que isso seja respeitoso com todos esses atores sociais que estão envolvidos.”
É preciso entender o objetivo de expor
A psicóloga Renata Romeiro completa, destacando que é importante entender o objetivo da exposição e, principalmente, não reproduzir falas de senso comum, pois isso pode instigar o autodiagnóstico.
“Se fala nas redes sociais que ‘quem chega atrasado no trabalho, quem não tem foco, quem é desorganizado tem TDAH’, mas não, esse diagnóstico vai muito além disso. Esses comportamentos podem ser explicados por tantas outras coisas, inclusive um estresse crônico, uma sobrecarga de trabalho. Então, a gente não pode querer patologizar aquilo que é normal e normalizar aquilo que é patológico”, destaca.
Logo, a decisão de ‘assumir’ um diagnóstico depende de cada caso. Segundo orienta a psicóloga Ariane Osshiro, primeiramente, a pessoa precisa se aceitar verdadeiramente, antes de se preocupar com a forma com que os outros vão reagir. Ariane ressalta que, para algumas pessoas, compartilhar o diagnóstico com a família, amigos, no trabalho ou até mesmo nas redes sociais pode ser libertador.
No entanto, essa não é uma regra, visto que o estigma varia conforme a condição, e cada indivíduo pode reagir de uma forma. O caminho mais seguro, segundo a psicóloga, é quando o paciente já tem um bom nível de autoconhecimento e autoconsciência, ou seja, compreende as dificuldades que vivencia e enxerga no diagnóstico uma explicação para elas.

Acolhimento familiar
Fundado pela psicóloga Ariane Osshiro há pouco menos de um ano, o grupo ‘Vozes que Acolhem’ é dedicado a acolher familiares de pacientes psiquiátricos, de forma a oferecer uma rede de apoio e cuidar de quem cuida de pessoas com algum diagnóstico. Os encontros são realizados mensalmente, com a presença de psicólogos, enfermeiros e especialistas, que realizam palestras e rodas de conversa.
O intuito dos encontros é conscientizar os participantes acerca dos diagnósticos e disseminar informações sobre essas condições, além de ensinar como olhar para estes pacientes de forma mais empática e acolhedora. Por meio das atividades desenvolvidas, Ariane explica que é possível oferecer acolhimento a estas pessoas e mostrar que elas não estão sozinhas.
Além disso, Ariane compartilha que o grupo nasceu de uma necessidade particular da terapeuta, após ela própria se encontrar em uma situação vulnerável com um familiar diagnosticado com borderline e bipolaridade. “A falta de informação fazia um peso, então eu me prometi que nunca mais ia deixar alguém, dentro das minhas possibilidades, viver isso que eu vivi sozinha. Foi uma escolha pensando nas outras pessoas, mas a partir da minha vivência, da minha história”.
Foi no grupo que a engenheira ambiental Marjolly Shinzato, de 39 anos, encontrou apoio para descobrir e aceitar o diagnóstico do filho, de 12 anos. Ela conta que o adolescente sempre apresentou comportamentos desafiadores, e foi graças ao auxílio e à orientação de Ariane que a família pôde chegar ao diagnóstico de transtorno bipolar e dar início ao tratamento correto.
“Ela [Ariane] foi a primeira a levantar a hipótese do transtorno bipolar. Foi difícil de aceitar os diagnósticos, mas também dava esperança de ter um diagnóstico e por isso ter um tratamento. Nossos cuidados são diários com ele. Precisamos de muita paciência. Porque ele faz coisas que parecem de menino birrento, mas não é. Ele tem a percepção social distorcida. Ele tem transtorno do processamento sensorial. Então, tudo ele sente demais. Tudo é um esforço enorme pra ele”, descreve a mãe.

Todo diagnóstico é um desafio
A engenheira ambiental Marjolly Shinzato descreve que percebeu a neurodivergência do filho logo aos 3 anos, época em que deu início à terapia. O diagnóstico de transtorno bipolar veio aos 5 anos; na sequência, foi diagnosticado com TEA (transtorno do espectro autista) nível 1 de suporte, aos 9. Aos 11, veio o diagnóstico de TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade) e transtorno de ansiedade com quadros depressivos.
“Somente este ano, com os medicamentos corretos, conseguimos alcançar melhora no estado geral dele. Foi muito difícil, porque a desregulação emocional dele é muito forte e desestabilizava toda família, e ele pedia muito para morrer ou se transformava e só falava em matar. Era desesperador. Na escola, foi a maior dificuldade, porque a escola não está preparada para lidar com isso e quer que os tratamentos funcionem pra ontem”, expressa.
Marjolly explica que o filho não gosta de falar sobre os diagnósticos com amigos e familiares, mas, quando é questionado sobre isso, sempre responde com sinceridade. No entanto, o adolescente não gosta de ser tratado de maneira diferente ou visto com outros olhos devido a isso. Em suas relações fora do ambiente familiar, a engenheira ambiental cita que o filho mantém a rotina escolar normal, porém, com pequenas intervenções e adaptações, quando necessário.
Em relação aos amigos, Marjolly sente que ele é bem tratado pelos colegas, contudo, ainda enfrenta resistência dos pais dos colegas. “Acredito que os pais dos colegas da escola nova não se sentem confiantes de chamar meu filho para encontros e aniversários. Mas, por enquanto, ele prefere se encontrar com amigos da escola antiga, que ele mantém amizade. Amizade é algo difícil pra ele. Ele não se acha compatível com ninguém”.
Segundo Marjolly, os diagnósticos servem para mostrar que existe um motivo para comportamentos atípicos das crianças, e também para buscar maior qualidade de vida. “O importante é não desistir. Uma hora o tratamento melhor pro paciente vai aparecer. Os melhores profissionais para o paciente vão aparecer. Só não pode desistir. Mesmo se estivermos exaustos. Chora, desespera, grita, explode, se afasta, descansa, se acalma e começa a buscar tudo de novo. Até acertar!”

Famílias também precisam ser preparadas para acolher
A professora Marley Costa da Silva, de 49 anos, compartilha que sua filha, de 27 anos, sempre teve emoções e ações intensas, principalmente ao lidar com cobranças. Isso acabou tornando as relações com familiares próximos, relações amorosas e com amigos muito conflituosas.
Emocionada, a professora relata que ‘mãe nenhuma quer ver seu filho sofrer’ e que buscou todo tipo de ajuda para lidar com a filha. O diagnóstico de transtorno de borderline veio aos 25 anos e foi um baque para a família.
“É muito difícil para uma mãe e pai, pois queremos o melhor para os filhos. Criamos expectativas e, de repente, temos que aceitar e enfrentar os desafios do transtorno, dentre os quais, o medo de perder um filho por causa de uma crise. Não é fácil! Para ajudar, precisei entender mais sobre o transtorno, e, entendendo melhor, conseguimos amenizar os conflitos e, consequentemente, as crises”, relata.
Segundo a professora, ela já enfrentou muitos momentos difíceis ao lado da filha, incluindo duas tentativas de suicídio. Com o diagnóstico, foi possível buscar o tratamento adequado. Hoje em dia, Marley cita que a filha consegue se abrir sobre seu diagnóstico com pessoas próximas, mas ainda sente que existe um preconceito.
“Muitos amigos foram se afastando, poucos ficaram como rede de apoio. Mas, se a rede de apoio não busca conhecer o transtorno, fica difícil e cansativa a convivência. Antes, o nosso foco era cuidar. Demorei um pouco pra entender que quem cuida precisa de cuidados. Encontrei esse cuidado na terapia semanal”, cita.
Marley compartilha que, no grupo Vozes que Acolhem, encontrou também um outro tipo de apoio, em que sente a liberdade de conversar sobre suas angústias e aprender com outras pessoas que passam pelo mesmo que ela.
“Na troca com as famílias, não nos sentimos sós, pois muitos compartilham das mesmas angústias. Com os profissionais, aprendemos mais sobre os transtornos e como lidar, prezando por mais qualidade de vida aos envolvidos: pacientes e cuidadores. Quanto mais conhecimento, menos julgamentos, menos preconceito. Acredito que, compartilhando minha experiência, posso ajudar outras famílias”, finaliza.
Como participar do grupo de apoio
Os encontros do grupo Vozes que Acolhem são mensais e realizados geralmente na última semana do mês, de acordo com a disponibilidade de agenda dos facilitadores. Os encontros costumam contar com um psicólogo e um psiquiatra, além de agentes de saúde.
A participação é gratuita, por meio de inscrição, que deve ser feita todo mês. O formulário referente a cada encontro é disponibilizado no Instagram do projeto, bem como as datas em que eles devem ocorrer. Para mais informações, basta acessar o perfil @grupodeapoio.vozesqueacolhem.
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(Revisão: Dáfini Lisboa)