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Economia

Disputa pelo mercado de carros elétricos se acirra

US$ 250 bilhões de 2025 a 2030
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Uma nova disputa entre gigantes ocorre no mundo automotivo, desta vez pela liderança global ou regional do mercado de carros elétricos. As legislações com prazos para o fim da produção de veículos a combustão em vários países, obrigando montadoras a desenvolverem produtos com zero emissão, abriram uma frente de investimentos que passa de US$ 250 bilhões de 2025 a 2030, conforme programas já anunciados.

Nessa briga, cada um dos competidores chama para si a responsabilidade de ser número um do mercado, também de olho no que vem lá na frente, que são os modelos autônomos. “A Ford vai liderar a transição da América para os veículos elétricos, dando início a uma nova era de fabricação limpa e neutra em carbono”, diz Bill Ford, presidente executivo da Ford.

A declaração foi feita na semana passada, quando a Ford anunciou a construção, nos EUA, de dois complexos com uma fábrica para as picapes elétricas Série F e três para baterias de íons de lítio. O projeto inclui ainda parque de fornecedores e unidade de reciclagem de baterias. Vai custar US$ 11,4 bilhões.

Segundo a Ford, é o maior investimento em veículos elétricos feito de uma só vez por empresa do setor automotivo americano. A previsão é de gerar 11 mil empregos nos megapolos no Tennessee e em Kentucky, que entrarão em atividade a partir de 2025, em parceria com a empresa coreana SK Innovation.

O projeto é parte do investimento de mais de US$ 30 bilhões da Ford em veículos eletrificados. A empresa trabalha para que de 40% a 50% de seu volume global de veículos seja totalmente elétrico em dez anos.

Já a General Motors programou aportes de US$ 35 bilhões em carros elétricos e autônomos, e afirma que seu objetivo é ser líder na América do Norte em carros eletrificados e líder mundial em tecnologias de baterias e células de combustível.

“Estamos investindo em um plano integrado que garanta à GM a liderança do mercado na transformação para um futuro mais sustentável”, afirma a presidente mundial da companhia, Mary Barra. O grupo projeta vendas globais de 1 milhão de carros elétricos em cinco anos. Hoje, quem lidera o mercado americano é a Tesla, que vai investir US$ 12 bilhões nos próximos anos.

“A transição do governo Trump para o governo Biden foi o impulso que faltava para os EUA embarcarem nesse movimento, até então mais forte na Europa e na Ásia”, diz Ricardo Bacellar, sócio da KPMG.

Custo total

O grupo alemão vai investir US$ 41 bilhões em carros elétricos, de um total de US$ 86 bilhões previstos em mobilidade elétrica, tecnologia híbrida e digitalização. O presidente mundial, Herbert Diess, afirma que a empresa já é líder global com suas plataformas elétricas. “Nos próximos anos será crucial alcançar também posição de liderança em software automotivo, para atender a necessidades de mobilidade individual, sustentável e conectada no futuro.” O grupo fará 75 lançamentos de carros eletrificados até 2029 e está construindo grande complexo na China.

A Stellantis, dona da Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, também está no páreo, e reservou US$ 35 bilhões para eletrificação de veículos e software. O objetivo é que, em 2025, 98% de suas linhas sejam de modelos elétricos e híbridos plug-in.

Em 2030, o grupo espera que 70% de suas vendas na Europa e 40% nos EUA sejam de carros eletrificados. “Tudo isto mantendo uma margem de lucro de dois dígitos”, diz Carlos Tavares, presidente global da Stellantis. O grupo terá três fábricas de baterias na Europa e duas nos EUA. Segundo estudos, em 2026 o custo de uso do carro elétrico será igual ao do a combustão.

A meta da é atingir o mix mais verde do mercado europeu em 2025, com 65% de carros eletrificados no total de vendas e 90% totalmente elétricos em 2030, informa o presidente global Luca De Meo. O grupo francês vai investir US$ 12 bilhões em eletrificação, com foco em baratear o custo da bateria. “Queremos fazer com que o carro elétrico se torne popular.”

Planos de investimento

Nem o Brasil ou mesmo o conjunto da América do Sul aparecem nos planos das montadoras para receber aportes em carros elétricos ou baterias. Parte do valor previsto globalmente para a eletrificação não é nova, mas é dinheiro realocado de outros projetos anteriormente previstos para veículos a combustão.

A decisão da Ford de fechar suas fábricas no Brasil entra nessa conta de realocação de investimentos, diz o sócio da KPMG, Ricardo Bacellar. O mesmo ocorreu com a Mercedes-Benz ao encerrar a produção de carros em Iracemápolis (SP), quatro anos após a inauguração.

Após desistir da produção no Brasil, um dos projetos da Ford foi fabricar comerciais leves elétricos e híbridos em uma joint venture na com o grupo local Koç Holding. A Ford Otosan vai gastar, até 2026, US$ 2,3 bilhões para ampliar a produção de veículos comerciais e iniciar a de versões elétricas da marca e também da Volkswagen, numa parceria entre as duas fabricantes. A unidade será o centro global do grupo americano para a fabricação de modelos comerciais eletrificados.

No Brasil, não há, até o momento, programas subsidiados de aportes para a indústria automobilística nessa área. Há algumas iniciativas fiscais, como a do governador João Dória, que reduziu de 18% para 14,5% o ICMS para carros elétricos e híbridos a partir de 2022.

O segmento também tem IPI reduzido e isenção de Imposto de Importação, mas as vendas ainda são pequenas. Neste ano, até agosto, foram vendidos 21,4 mil carros elétricos e híbridos, o equivalente a 1% do total das vendas de automóveis e comerciais leves no País. “A média salarial no Brasil é muito baixa”, avalia Bacellar. Os modelos custam entre R$ 150 mil e R$ 1 milhão. “Uma solução pode ser a assinatura de veículos (locação de longo prazo)”, sugere.

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