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Economia

Estudo aponta que tarifaço de Trump pode beneficiar Mato Grosso do Sul a médio prazo

O presidente dos EUA taxou vários países além do Brasil, causando mudanças no comércio internacional que podem abrir mercados para MS
Murilo Medeiros -
Exportação aos Estados Unidos, ilustrativa (Reprodução/detalhe de Trump, divulgação Casa Branca)

é um dos únicos estados do Brasil que podem se beneficiar do tarifaço imposto por Donald Trump, segundo estudo publicado por economistas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). O presidente dos Estados Unidos taxou vários países além do Brasil, o que causou diversas mudanças no comércio internacional e abriu novos mercados ao País.

Para todos os estados brasileiros, as tarifas de 50% sobre produtos de exportação causam danos expressivos à economia e geram queda no PIB (Produto Interno Bruto). No entanto, a pesquisa considera que as taxas a outros países — como Coreia, Japão e , além da União Europeia — podem, em dois anos, amortecer o impacto no PIB à maioria dos estados e até beneficiar Mato Grosso do Sul e Amazonas.

A estimativa é que o tarifaço cause crescimento de 0,01 p.p. (ponto percentual) ao PIB de Mato Grosso do Sul e 0,36 p.p. ao Amazonas. O impacto deve ser a médio prazo, ou seja, dois anos, conforme os economistas da UFMG. apresenta o resultado mais negativo, seguido por Santa Catarina, Minas Gerais, e Espírito Santo.

O setor agropecuário seria o maior beneficiado pela crise: a projeção é de queda de 0,06 p.p. pelas tarifas ao Brasil, mas ganho de 0,22 p.p. pelo efeito das demais taxas dos EUA. Assim, o saldo positivo seria de 0,16 p.p. para o agro. A mostra ganho de US$ 1.578 milhões, puxado pela retaliação da China aos EUA que expande exportações a outros mercados. O país foi o único a taxar os EUA de volta, com 10%.

Movimentações na economia global

Os Estados Unidos elevaram a 30% tarifas sobre a China e receberam taxas de 10% em reciprocidade. Além disso, aço e automóveis ganharam tarifa de 50% para todos os países, mesmo percentual destinado ao Brasil. Vale lembrar que Trump recuou uma semana após anunciar as taxas ao País, abrindo quase 700 exceções. Outros 14 países foram tarifados, como Coreia do Sul e Japão. Já Reino Unido e União Europeia fecharam acordos tarifários com o presidente estadunidense.

Conforme a pesquisa, o PIB global deve cair 0,14% nos próximos dois anos e o comércio mundial seria prejudicado com redução de -3%, ou seja, cerca de US$ 645 bilhões. O PIB americano deve cair 0,43%, o da China 0,14% e do Brasil 0,10%, com redução de US$ 4,2 bilhões nas exportações do País.

A queda do PIB brasileiro só não será maior porque os demais choques tarifários, principalmente a retaliação da China, causam ganhos de US$ 4,6 bilhões frente a uma redução de US$ 8,8 bilhões referente a taxas impostas diretamente ao País. Ainda assim, os danos são graves ao Brasil: -0,08% de empregos, o que significa mais 57 mil pessoas desempregadas em dois anos.

Impacto das taxas aos setores do Brasil

Além da soja, já citada acima, outros produtos podem beneficiar-se do tarifaço: derivados de petróleo e produtos de carvão (US$ 626 milhões), produtos de papel e edição (US$ 523 milhões), equipamentos de transporte (US$ 706 milhões), veículos a motor e peças (US$ 303 milhões) e computadores, produtos eletrônicos e ópticos (US$ 238 milhões).

Por outro lado, a pesquisa projeta impacto negativo a setores como: metais ferrosos, produtos químicos, produtos de madeira e produtos minerais, máquinas e equipamentos, calçados e artefatos de couro, têxteis, vestuário, produtos farmacêuticos e artigos de borracha e plástico.

A carne bovina, setor sensível a Mato Grosso do Sul, terá o impacto econômico bastante amortecido pelas tarifas a outros países. A queda seria de 37,8 p.p. por conta das tarifas de 50% ainda em vigor para o setor, mas o ganho pode chegar a 36,01 p.p. pelo efeito das taxas a outros países. No geral, o saldo negativo deve ser de 1,79 ponto percentual.

A carne de MS é exemplo de como as tarifas impostas ao setor, mesmo altas, podem ser contornadas quando se diminui a dependência dos Estados Unidos. “MS tem interesse, e muito, que o Estado seja também incluído nas exportações ao Japão”, diz o vice-presidente do Sincadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), Alberto Sérgio Capucci.

Em viagem à Ásia, o governador Eduardo Riedel e a comitiva de políticos sul-mato-grossenses viajam para o Japão nesta sexta-feira (8). O Sincadems tem expectativa de que a exportação de carne entre na pauta das reuniões por lá, já que o Estado tem frigoríficos habilitados para a atividade. Ao Jornal Midiamax, o vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha, afirmou que o Estado pretende levar ao Japão “não só carne, mas todo o comércio que nós temos”.

Veja o ranking

A tabela abaixo mostra o impacto das tarifas de Donald Trump a cada um dos estados brasileiros. Para isso, considera valores em pontos percentuais e a estimativa é de médio prazo (dois anos).

EstadoEfeito total (A+B)Efeito das tarifas dos EUA sobre o Brasil (A)Efeito das demais tarifas dos EUA sobre outros países e retaliação da China (B)
RO-0,110,00-0,11
AC-0,11-0,04-0,07
AM0,36-0,931,29
RR-0,09-0,120,03
PA-0,33-0,06-0,27
AP-0,31-0,24-0,07
TO-0,04-0,080,04
MA-0,14-0,370,22
PI-0,04-0,370,33
CE-0,16-0,300,14
RN-0,13-0,140,01
PB-0,13-0,300,17
PE-0,06-0,300,25
AL-0,06-0,240,17
SE-0,11-0,230,13
BA-0,12-0,300,18
MG-0,13-0,140,01
ES-0,45-0,34-0,11
RJ-0,09-0,260,17
SP-0,07-0,320,25
PR-0,09-0,140,05
SC-0,28-0,03-0,25
RS-0,09-0,520,43
MS0,010,010,00
MT0,10-0,240,34
GO-0,04-0,130,09
DF-0,05-0,100,04

A publicação é de quinta-feira (7) e tem três economistas responsáveis: Edson Paulo Domingues, João Pedro Revoredo Pereira da Costa e Aline Souza Magalhães, vinculados ao Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG.

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