Das ruas à Champions League, ‘Babalu’ leva MS na bagagem e atinge o topo do mundo

Natural de Dourados, o sul-mato-grossense Alex Rodrigo da Silva Merlim, o Babalu, está na prateleira dos jogadores de futsal mais vitoriosos da história. Desde 2015, já foi indicado ao prêmio de melhor do mundo em quatro oportunidades e não para de acumular títulos de expressão no atual clube, o Sporting de Portugal. Só da Liga dos Campeões da Europa são duas conquistas, isso sem mencionar a Euro 2012 com a seleção italiana.

Quem é Babalu?

Hoje aos 35 anos e reconhecido internacionalmente como Alex Merlim, Babalu ganhou o apelido ainda garoto. Ele disse que sua vida no esporte começou quando bem pequeno, nas ruas do BNH 4º Plano, em Dourados, bairro localizado na saída da cidade, no acesso à rodovia BR-463, que leva à fronteira com o Paraguai. Ali foi onde ele deu os primeiros toques na bola. “A gente jogava bola na rua, brincava de golzinho, jogando dois contra dois”, disse.

Em seguida, foi treinar em uma das escolinhas da Funced (Fundação Cultural e de Esportes de Dourados), passando outras equipes até chegar ao time de futsal do Colégio Objetivo. Com ajuda do professor Edinho, ganhou uma bolsa e começou a treinar futsal. No entanto, nessa época, ainda dividia a atenção entre o futebol de campo, nas categorias de base do Sete de Setembro, e o futsal. No entanto, com o tempo, precisou fazer uma escolha.

Sem grandes oportunidades no campo, decidiu se dedicar exclusivamente ao futsal. “Sou muito grato ao professor Edinho. Até na live da última Champions [Liga dos Campeões] que ganhei, fiz questão de agradecer a ele”, lembrou o ala. O Objetivo abriu as portas para que ele, aos 14 anos, pudesse jogar entre os adultos. Assim, passou por times de expressão no cenário local como Corte-Aço, Comercial Mariano e Despachante Mato Grosso.

Com destaque nas quadras de Mato Grosso do Sul, recebeu a primeira chance de jogar fora, e foi para Bebdouro, no interior de São Paulo. “Foi onde tudo começou. No primeiro ano, chegamos na final do Paulista, o que para a cidade foi espetacular. A campanha abriu mais portas e fui para Santa Fé do Sul, mas fiquei apenas seis meses lá e como era muito novo, só 17 anos, não tive muitas oportunidades e pensei até em desestir”, lamentou.

Europa

Ele voltou para Mato Grosso do Sul, mas em 2006 recebeu uma nova oportunidade, desta vez no Jaboticabal (SP). “Essa cidade mudou minha história pessoal e profissional. Conheci minha esposa e estamos casados há mais de 10 anos e temos dois filhos, algo maravilhoso”. Em Jaboticabal, ganhou títulos, teve chance de jogar com mais frequência e e recebeu proposta de sair do Brasil, para jogar na Itália. Em 2007, foi contratado pelo Augusta.

“Foi uma decisão difícil, porque nunca tinha saído do Brasil, mas acabei aceitando. Foram muitas lutas, muitas batalhas”. O Augusta era uma equipe de médio porte italiana que não brigava tanto por títulos, mas tinha a fama de revelar bons jogadores. E foi justamente o que aconteceu com Babalu. Após quatro temporadas, foi contratado pela Luparense na temporada 2011/2012, à época, o melhor time de futsal da Itália.

Na Luparense ele ganhou duas Série A de Futsal, duas Supercopa de Futsal e uma Taça da Liga. O detalhe é que em 2009, ainda no Augusta, ele foi convocado para a seleção Italiana pela primeira vez e acabou se naturalizando. “Foi algo que eu já pensava. Não é porque nasci no Brasil que não jogaria pela Itália”. Com a seleção, ele conquistou a Euro 2012 e hoje é um dos principais nomes da equipe, tanto que já tem mais de 100 apresentações com a camisa da ‘azzurra’ e está entre os 10 jogadores com mais jogos.

Em 2015, acabou contratado pelo Sporting, clube em que decolou de vez na carreira. Em seis temporadas, foram 20 títulos, incluindo a Liga dos Campeões de 2018/2019 e 2020/2021. Com o Sporting também conquistou quatro vezes a Liga Portuguesa, quatro Supertaças, três Taças da Liga e quatro Taças de Portugal. Além disso, esteve na lista entre os melhores jogadores do mundo em 2015, 2019, 2020 e 2021, ficando duas vezes em segundo lugar.

Mesmo com tantas conquistas, não pensa em parar tão cedo. “Estou com 35 anos, mas tenho me sentido bem. Em cuido e vou jogar enquanto estiver me sentido assim. Quero aproveitar ao máximo esse esporte, porque depois que parar, virão apenas lembranças e a saudade. A gente sabe que a cada ano fica mais complicado, mas estou me sentindo bem e quero desfrutar ao máximo”.