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Cris faz limpeza em academia de Campo Grande e já ouviu que ‘nem deveria estar ali’

Na saga das Cinderelas da limpeza, Cris se considera uma delas e se orgulha de seu trabalho. "Não é porque estou esfregando o chão que tenho que estar fedida"
João Ramos -
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Cris trabalha há apenas 7 meses no Sesc, mas já se tornou personalidade conhecida - (Fotos: Arquivo Pessoal)

Zeladora do Sesc Camilo Boni em , Cristina Ribeiro se tornou uma personalidade conhecida no local pela sua beleza e conta que já até foi chamada de ‘fora dos padrões’ da profissão. Em meio à boa fama, ela, inclusive, garante que “se chegar lá e perguntar quem é Cris, todo mundo vai saber e falar”.

Mãe de 4 filhos e casada, a zeladora tem 33 anos e trabalha há 7 meses em uma terceirizada fazendo limpeza no Sesc Camilo Boni. E depois que a Cinderela do Hércules Maymone (tia da limpeza do terminal) repercutiu em Campo Grande, Cris ganhou o mesmo apelido da princesa da em seu serviço. Agora, ela ouve das pessoas que também é uma Cinderela.

Em conversa com o Midiamax, a zeladora responde que, sim, realmente se considera uma Cinderela, e comenta sobre a quebra de padrões e o impacto que sua imagem causa nas pessoas. “Mesmo com essa questão de estar limpando ali, o pessoal me elogia. Não só por me acharem bonita, mas por eu ser muito brincalhona e simpática com todo mundo. E não vou mentir, não sou de jogar no lixo não”, afirma.

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Cristina já está ficando conhecida como Cinderela do Sesc – (Foto: Arquivo Pessoal)

“Não é porque estou esfregando o chão que tenho que estar fedida”, diz tia da limpeza

Cris limpa a academia, as salas, os corredores e tira o lixo do Sesc ao lado de outras duas senhoras e um rapaz. Contudo, apesar de usar uniforme, a encarregada chama atenção.

“Trabalho maquiada mesmo, perfumada. Não é porque eu estou na limpeza que vou estar feia e desarrumada. Não é porque estou ali esfregando o chão que tenho que estar fedida. Ando bem arrumada, acho que por isso que o pessoal elogia”, acredita Cristina.

E o que ela está achando dessa fama de Cinderela do Sesc? “Ah, eu gostei. Fico muito feliz que as pessoas me elogiam e, principalmente, que gostam de mim”, diz a moradora de Campo Grande, que agradece os comentários carinhosos e admirados, mas relata que fica “sem graça”. “Não importa se é limpeza, o importante é estar trabalhando”, pontua ao MidiaMAIS.

Cinderela da limpeza já ouviu que “nem deveria estar ali”

“Moça eu queria que você trocasse essa roupa” e “Você não pode trabalhar aqui não, você é bonita demais” são alguns elogios acima do tom que Cris já ouviu enquanto desempenhava sua função. Quanto a esses, a zeladora rebate:

“Desde quando roupa muda alguma coisa? O importante não é estar trabalhando? Já falaram que ‘essa roupa não cai bem’, que ‘tinha que ser outra roupa’, e eu falo que não tem nada a ver”, pondera ela.

Assédio? De acordo com Cris, só quando começou a trabalhar no local, uma única situação a incomodou. “Um senhor falou que eu não deveria estar ali, que eu deveria estar em outro lugar ganhando dinheiro. Mas eu disse que não tenho interesse e ele continuou falando que eu ia ganhar muito mesmo. Então respondi: ‘esse ramo eu deixo pra quem gosta'”, conta.

“Foi a única vez que eu fiquei meio assim, aí cheguei na gerente e falei”, relembra. A gerência então pediu para Cris sempre avisar quando algo do tipo ocorresse e apontasse quem o fez, mas não voltou a se repetir, bem como o autor do comentário não apareceu nunca mais.

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Nem a exaustão da limpeza faz a zeladora deixar de se arrumar – (Foto: Arquivo Pessoal)

Sonhos

Natural de , a zeladora Cristina Ribeiro não teve a oportunidade de terminar o ensino fundamental. Por isso, é cheia de sonhos. “Minha intenção é fazer um EJA ano que vem e tentar mais pra frente dar melhores condições para os meus filhos também, né?”, revela, dizendo ainda que tem vontade de fazer uma de administração de empresas.

Já quanto à repercussão das Cinderelas da limpeza de Campo Grande, Cris afirma que fica feliz pelo reconhecimento da profissão e espera que mais mulheres sejam divulgadas.

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Cris no serviço – (Foto: Arquivo Pessoal)

“Isso é bom pra gente ser reconhecida, valorizada. Eu acho importante. Tem muita gente que passa e, por estarmos com o uniforme, fazem descaso. Então olham torto, como se a gente não fosse nada. Não respeitam que você tá passando um pano, tem também quem discrimina o que você tá fazendo. Eu nem ligo, mas tinha que quebrar essa barreira de preconceito”, lamenta.

“As mulheres da limpeza têm que aparecer mais, e é importante mostrar que não existe um estereótipo. Não é porque estamos limpando que não podemos cuidar da nossa aparência”, finaliza a Cinderela do Sesc.

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