Quantos quilômetros você viajaria para descobrir o sexo do primeiro neto? O Marcos Aurélio Garcia, Marquinhos para os íntimos, vai aproveitar o feriado de 26 de agosto e viajar mais de 1.400 km para saber se o bebê da filha Patrícia é menino ou menina. Ele poderia descobrir em uma ligação, ou mesmo chamada de vídeo, mas é assim que ele prefere estar: presente.
Maquinhos tem 52 anos e 31 de casamento com Edna Sanae Yodo, em uma história que começou em uma reunião budista no interior de São Paulo e percorre os anos com amor, companheirismo e muita união na família em que eles formaram. A primeira filha, Patrícia, veio quando ele tinha apenas 21 e ela 17, em um relacionamento que enfrentava resistência da família japonesa e tradicional de Edna.
Com a gravidez em andamento, uma proposta de emprego e muito amor na bagagem, Campo Grande se tornou a cidade dessa família que estava começando. Três anos depois, Marcos Vinícius nasceu e assustados com a nova vida em uma Capital e sem nenhum familiar próximo, eles fizeram da união e companheirismo a grande armadura da família para enfrentar a vida e suas peculiaridades.
Edna conta que foram várias dificuldades, de trabalho, distância, saudades, mas com o mesmo lema de sempre. “Sempre falei pros meus filhos, só somos nós 4 então cada um cuida do outro. Ele cuida dela, ela cuida dele, eles cuidam de nós e nós cuidamos deles, assim passamos pelas dificuldades e seguimos”, diz.
Presença e união sem barreias
A viagem de 1400 km será para visitar Patrícia, que atualmente está em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Em Campinas, São Paulo, está a outra parte da família, Marcos Vinícius que é engenheiro civil e fazdoutorado na Unicamp.
Hoje ficaram só os pais em Campo Grande, mas distancia nenhuma é problema pra essa família. Marquinhos é o pai coruja, que liga todo dia para os filhos, quer saber de tudo, se emociona e chora junto com eles.
“Ele como pai é fantástico, chora e se felicita juntos com as conquistas deles, e sofre por que não quer ver eles sofrerem. Mas eu sempre digo que o sofrimento é uma benção pois eles aprendem, assim como nós, aprendemos sofrendo e lutando”, conta Edna sobre o marido, pai e agora avô.
Vinícius se diz o “mais distante” da família, devido a rotina de estudos que o levou para fora de Campo Grande duas vezes. Mas destaca o companheirismo que encontra nos pais e na irmã sempre. “Na última vez que me mudei de casa ele veio pra cá me ajudar com a mudança e tudo mais. Nas questões familiares ele sempre foi um pilar pra nós e no trabalho ele sempre foi determinado. Só tem a cara de bravo mesmo, mas é todo chorão”, conta ele.
Reviravoltas que fortalecem
Em 2020, plena pandemia de Covid-19, Maquinhos completava 50 anos e recebeu uma notícia inesperada. Foi demitido de um emprego estável onde permaneceu por mais de 10 anos. Assustado com a nova situação e com medo do mercado de trabalho aos 50, veio da família a força que ele precisava para realizar um sonho.
“Volta e meia meu pai me falava que queria montar uma loja de bicicletas, por que a gente tinha o costume de pedalar na família. Com a demissão e o desespero dele, eu vi a oportunidade de realizar o sonho dele. Fomos na cara e na coragem, viramos sócios e montamos a 67 Bike Shop e estamos mais unidos do que nunca”, conta a filha Patrícia.
A versatilidade em se adaptar as situações da vida com dedicação e persistência é uma das qualidades principais desse pai. “Admiro que ele consegue sair de um emprego onde era mecânico caminhões para construir cadeiras de madeiras, somente assistindo vídeos no Youtube e agora para mecânico de bike, claro que com cursos especializados e dedicação”, conta a esposa.
Desde então a vida sobre as duas rodas da bike se tornou mais livre, alegre e unida pra essa família. Vínicius conta que está um pouquinho fora de forma, mas Patrícia, Edna e Marquinhos fazem questão dos pedais. “Dizem que o baby não tem outra opção a não ser ciclista”, ri Patrícia, aquela que deu ao pai o título de avô.
