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Geraldinho é o instrutor nº 1 de Campo Grande desde 79, que sequer arranhou um para-lama

Das mudanças vistas no trânsito até situação em que aluna mordeu o volante, ele fala das experiências
Cassia Modena -
Instrutor começou dando aulas de carro na primeira autoescola de Campo Grande (Fotos: Nathália Alcântara/Midiamax)

A voz calma, mas assertiva quando necessário, é o que guia pelas ruas de os alunos de José Geraldo Morales desde 1979. Carinhosamente chamado de Geraldinho, ele é “o instrutor número 1” da cidade, nível ouro de experiência na arte de ensinar a dirigir. Já são 43 anos na ativa.

era estado recém-criado quando ele e mais 60 colegas se formaram no primeiro curso aberto para novos instrutores. Isso foi quando ainda se aprendia a dirigir em veículos do modelo Fusca, Corcel, Brasília e Chevette. A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) como hoje se conhece não existia. O que havia era a emissão de licença amadora para quem iria dirigir o próprio carro de passeio, ou licença profissional, para condutores que trabalhavam com veículos pesados. A habilitação para pilotar motocicletas viria anos depois, lembra Geraldinho.

Que ele saiba, é o instrutor mais antigo de Mato Grosso do Sul que nunca parou e mantém o pique de sempre. Chegou a ser dono de uma autoescola e sócio de outra, sem deixar de ensinar, mas a vida o encaminhou para voltar a dar aulas de direção como contratado em um Centro de Formação de Condutores após a aposentadoria. José Geraldo está com 70 anos de idade e vê sinal verde para continuar trabalhando até quando puder.

Geraldinho continua trabalhando após aposentadoria e segue firme e forte à frente das aulas de direção

Sempre vivendo “atrás de uma direção”, como diz, já ajudou milhares de alunos a conquistar a tão sonhada “carta para dirigir”. Atualmente, ele dá aula de veículos pesados para quem deseja ter CNH categoria C e D, retornando às experiências do próprio passado como caminhoneiro e operador de máquinas agrícolas, anterior à vida de instrutor.

Aluna que mordeu volante e outras situações

É isso mesmo… Entre uma situação e outra na jornada de instrutor, ele lembra perfeitamente da cena de uma aluna mordendo o volante. “Estava tentando manobrar, não conseguia, daí ‘meteu o dente’ na direção”, ele conta.

De resto, as aulas sempre seguiram normalmente, com inevitáveis crises de riso e de choro por parte dos alunos. Quando as lágrimas caem, Geraldinho precisa acolher e virar psicólogo de banco do passageiro. “Eu estudei muito essa parte da psicologia. A gente tem que entender o aluno e ter paciência. O carro ali é como se fosse um monstro que ele precisa aprender a dominar”, fala.

O instrutor afirma nunca ter se envolvido em acidentes. “Desde 79, nem um para-lama sequer arranhado”, se orgulha. Coisa que já aconteceu foi ele ficar sabendo de parede e muro derrubado por aprendizes que não estavam sob sua responsabilidade. “Uma vez, quando as provas ainda aconteciam no pátio do estádio Morenão, um derrubou e ‘entrou dentro’ de um depósito de madeira”, narra.

Felipe Lencina e o instrutor, ao lado, durane a aula (Foto: acervo pessoal)

Atual aprendiz de Geraldo, Felipe Lencina aprova o instrutor. “Está sendo uma experiência nova, tanto na minha mudança de categoria, quanto nos conhecimentos de vida que estou adquirindo com ele. Aprendi muitas coisas em pouco tempo, ele é um ótimo profissional e uma pessoa muito bacana e extrovertida”, afirma.

Trânsito de Campo Grande era diferente

O instrutor número 1 viu muita coisa mudar nas mais de quatro décadas trabalhadas até aqui. O trânsito de Campo Grande mesmo, era muito diferente.

“Mudou demais, demais, demais… a gente dava aula no ‘Centrão’. Hoje em dia, damos aula no Bairro São Francisco e Bairro Amambaí. Daí tem no Panamá e Santa Carmélia também, inclusive, a parte pesada só está sendo lá nesse último bairro”, relata.

É muito comum, morando em Campo Grande, ouvir que o campo-grandense é mau motorista. Geraldo não acha, pois acredita que depende de quem se está falando. Ele defende que as 20 horas obrigatórias de aula prática, exigidas em resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), têm preparado melhor os condutores, em geral.

Ainda assim, o instrutor vê muitas infrações acontecendo no trânsito da capital. “Não ‘dar seta’, colocar a mão para fora, fumar dirigindo e falar ao celular dirigindo. Eu acho que tinha que mudar essa cultura”, opina.

No vídeo, ele conta as histórias e dá dicas aos alunos de autoescolas e habilitados de Campo Grande

Dirigir é um dom que se pode passar

“O trânsito é um meio para se chegar a um lugar e dirigir é sentir a necessidade de todo mundo: de acelerar, de se defender, e por aí vai”, define Geraldinho.

Ele se emociona ao falar no dom de dirigir. “Eu creio que nós, instrutores, temos o dom de fazer isso bem e a missão de passar esse dom para as pessoas que não sabem”, diz. A mensagem que deixa para as próximas gerações é que abracem esse dom e se orgulhem dele, para então poderem ajudar o trânsito a ser cada dia melhor.

Ir às Cordilheiras de moto

Além do caminhão, que dirige desde os 13 anos, a outra paixão de José Geraldo é a motocicleta. Ele conta já ter ido à praia várias vezes com a esposa, os dois montados nela.

O maior sonho que tem hoje é ir de Campo Grande até a Cordilheira dos Andes pilotando. “Eu pretendo fazer essa rota pela 262, que nasce em Vitória, passar pelo porto e ir para o Pacífico. Estou esperando a ponte [Rota Bioceânica] ficar pronta, mas não sei se vai dar tempo. Tudo depende da minha saúde, se vou suportar a oscilação de temperatura”, finaliza.

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