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Relíquia de hospital, capela São Julião é uma ‘grande pirâmide’ já visitada por papa

Dentro da capela há detalhes únicos, como obras de arte feitas por paciente de hanseníase já falecido, objetos trazidos da Itália e até a pegada do papa canonizado João Paulo II
Graziela Rezende -
Foto: Henrique Arakaki /Midiamax

A descida em meio aos eucaliptos revela a obra, semelhante a uma grande pirâmide. Envolta por vitrais e cheia de detalhes, a Capela São Julião é uma relíquia dentro do que leva o mesmo nome e está prestes a completar meio século. Dentro dela há obras de arte feitas por paciente de hanseníase já falecido, objetos trazidos da Itália e até a pegada do falecido papa João Paulo II.

Batizada de Santa Isabel da Hungria, capela pertence à Paróquia Nossa Senhora da Saúde, que fica nas proximidades da Santa Casa, em Campo Grande. Desde o início, a intenção era construir um local que servisse de conforto para as famílias dos pacientes, desde aqueles que oravam pelas restauração dos mesmos ou até aqueles que, infelizmente, recebiam de algum falecimento.

Sino fica nas proximidades da igreja. Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax
Sino fica nas proximidades da igreja. Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax

Desta forma, o espaço do hospital, distante 15 km do Centro e já muito bem distribuído pelas mãos do arquiteto Jurandir Santana Nogueira, ganhou também uma capela, cuja inauguração ocorreu em 1973.

De estilo moderno e contemporâneo, o saudoso profissional a projetou com tijolos cerâmicos e vitrais coloridos. Mais tarde, a capela ainda foi envolta por plantas trepadeiras e ganhou ainda mais charme.

Foto: Henrique Aakaki/Jornal Midiamax

Às terças e sextas, por exemplo, ocorre uma missa às 11h30.

Pouco antes, um imponente sino na área externa toca e chama a atenção de todos. Em seguida, ocorre a celebração.

Da mesma forma, aos domingos, pontualmente às 8h30, ocorre outra missa, aberta ao público.

‘Metade dos convidados não foi ao casamento’, relembra noiva

“A capela já foi palco de casamentos também e inclusive eu fui uma das primeiras brasileiras a casar no local, já que a maioria dos casamentos era dos voluntários italianos. Na minha vez, a cerimônia foi marcada em janeiro de 1977 e metade dos convidados não foi, com medo ainda da hanseníase, já que, na época, aqui ainda tinha a fama de um leprosário. As pessoas foram direto ao churrasco”, relembra a assessora de imprensa e escritora Lenilde Ramos, de 70 anos.

Pegada do papa ficou eternizada na capela. Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax
Pegada do papa ficou eternizada na capela. Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax

Na época, já fazia sete anos que Léa, como é conhecida, frequentava e trabalhava como voluntária no São Julião. Desta forma, assim que confirmada a segunda do papa ao Brasil e, mais especificamente no hospital, ela passou a seguir todos os protocolos. “Isso tudo começou a ser anunciado dois anos antes. Mas, quando foi exatamente um ano antes, a santidade confirmou a vinda no hospital e o desejo de visitar os pacientes de hanseníase”, contou.

Papa teve encontro com pacientes na capela e deixou ‘pegada’

Visita do papa na capela, no dia 16 de outubro de 1991. Foto: Arquivo São Julião

A capela então precisava estar impecável. “O papa não queria uma missa campal, nada neste sentido. A intenção dele mesmo era visitar os pacientes e aí começamos a fazer toda a produção do evento. A organização do Vaticano é super detalhista e também tinha o envolvimento do Ministério das Relações Exteriores e o cerimonial do governo do Estado, mas, deu tudo certo. A capela ficou lotada de pacientes e tinha muita gente lá fora também”, contou Ramos.

Na ocasião, Lenilde fala que o papa teve uma conversa inesquecível com pacientes e também os abençoou. Na saída de João Paulo II, a irmã Silvia Vecellio – teimando mesmo após ter o pedido negado por assessores – levou uma caixa de cimento e pediu para o papa pisar, deixando eternizada a pegada na entrada da capela.

Detalhe interno da capela. Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax
Detalhe interno da capela. Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax

Além da presença do ex-papa na capela, como o primeiro compromisso dele assim que pisou em Mato Grosso do Sul, o local possui detalhes únicos como a via-sacra com quadros feito na Itália, esculturas feitas pelo paciente João Zumelho, memórias do escritor Lino Villachá, que viveu dos 12 aos 54 anos, o anjo São Gabriel e o Cristo em mosaico, com vitrais direto da Itália.

“Eu considero não só a capela uma relíquia, como toda a construção do hospital, feita pelo arquiteto Jurandir Nogueira. A maior parte da obra dele está concentrada aqui. A unidade cirúrgica, por exemplo, é um prédio desenvolvido por ele, a escola e outros locais. Já a condução da capela ocorreu pela ordem franciscana, com o apoio do frei Hermano, da Alemanha. É um local lindo e encantador”, finalizou Léa.

Veja detalhes da capela:

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