A sensação da classe artística, principalmente as mulheres, é que Fernanda Torres pegou o Globo de Ouro e, por instantes, se tornou todas as atrizes do Brasil, todas as mulheres. É esta a descrição de artistas sul-mato-grossenses, que vivem um dia de muita alegria e compartilharam o seu relato ao MidiaMAIS, logo após saberem da conquista da atriz brasileira, no gênero drama, por Ainda Estou Aqui.
“Quando eu comecei a vivenciar a cena, enquanto atriz, a Fernanda Montenegro estava sendo indicada ao Globo de Ouro, e o longa Central do Brasil estava ganhando. Há 23 anos, encaro a cena profissionalmente como atriz e, desde o momento em que a deusa Viola anunciou a Fernanda Torres, estou emocionada demais, e me sentindo ser invadida por uma esperança acima de tudo”, afirmou a diretora, atriz e roteirista, Ligia Tristão Prieto, de 37 anos.
Segundo a artista, não há caminho fácil e sim muito trabalho. “A Fernanda pegou o Globo de Ouro nas mãos e virou todas as atrizes do Brasil, todas as mulheres artistas. O Brasil existe. As mulheres artistas do Brasil são grandiosas demais pra ficar fora do eixo mundial, o cinema brasileiro é grandioso demais. Nós artistas do Mato Grosso do Sul já vivemos fora do eixo cultural do Brasil, e sabemos bem o que significa um reconhecimento para além do nosso território”, comentou.
Ainda de acordo com Tristão, ganhar o Globo de Ouro deve ser esta sensação “em uma ampliação gigantesca”. “Fernanda Torres é uma artista do Brasil. E ontem à noite, o ano de 2025 começou, fazendo a gente acreditar num mundo possível”, opinou.
‘Marco importantíssimo’, afirma diretor teatral
O professor e diretor de teatro, André Tristão, de 36 anos, ressaltou a importância do momento. “Hoje é um dia histórico para o Brasil e para a nossa arte! Fernanda Torres no topo do mundo, levando o Globo de Ouro e o nosso cinema ainda mais longe. Para nós, artistas, é um sopro de inspiração e coragem. Para o Brasil, é a prova de que a nossa arte fala todas as línguas e toca todos os corações”, iniciou.
Conforme o artista, a comemoração coloca o Brasil à frente após 25 anos. “O Globo de Ouro 2025 reafirma o poder da arte em conectar culturas e destacar talentos ao redor do mundo, e é lindo demais observar a crescente retomada da projeção do cinema nacional. Fernanda Torres ganhar o prêmio de melhor atriz é melhor que qualquer campeonato de futebol (risos). É um marco importantíssimo o reconhecimento internacional do filme ‘Ainda Estou Aqui’, de Walter Salles, principalmente pela temática que aborda, trazendo um olhar sensível e muito importante para que não esqueçamos nunca do que foi a ditadura”, disse.
O diretor diz que também é uma “alegria imensa” saber que Mato Grosso do Sul está representado por meio do trabalho impecável da diretora de elenco Letícia Naveira e da brilhante atuação de Luiz Bertazzo. “Dois artistas com quem tenho o privilégio de compartilhar amizade e admiração. O reconhecimento é também uma validação do talento e do olhar sensível que o cinema brasileiro oferece ao mundo”, emendou.
Sobre o filme “Ainda Estou Aqui”, Prieto diz que o sucesso reflete a força das narrativas que emergem do nosso Brasil, combinando autenticidade e sofisticação técnica. “É emocionante ver nossos artistas ocupando espaços internacionais tão importantes e, como ator e diretor, sinto que esse momento reforça o compromisso de todos nós, em continuar desenvolvendo uma cena artística que dialoga com o global sem perder sua essência. O cinema nacional é diverso, vibrante e cheio de histórias que precisam ser ouvidas – e 2025 já se anuncia como um ano em que continuaremos a surpreender o mundo com a nossa arte. Que venha o Oscar!”, finalizou.
‘Gota de esperança para classe artística’, opinou artista de MS
A figurinista, poeta e produtora de arte, Jéssika Rabello, de 32 anos, afirmou que “o cinema brasileiro é precioso demais, e a vitória da Fernanda Torres evidenciou que a nossa arte é para além dos palcos”.
Segundo a artista, o cinema é uma ferramenta para falar com a população, a arte é essa ferramenta, diálogo entre a realidade, e ficção com a população geral. “A vitória da Fernanda Torres é uma gota de esperança para a classe artística, e politicamente evidenciou que essa arte é também uma forma de conscientizar, ensinar e alertar. A classe artística em Campo Grande está sofrendo e essa vitória da Fernanda Torres nos mostrou que devemos persistir, que não devemos mudar a nossa essência no processo de criar, viver e resistir”, opinou.
Andréa Freire, de 58 anos, que é atriz, produtora cultural e coordenadora do Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-americano de Bonito, ressaltou também a alegria com a premiação. “Estamos muito felizes com a premiação da atriz Fernanda Torres, no Globo de Ouro, como melhor atriz, porque esta premiação representa muita coisa para o Brasil. É uma premiação que eleva o cinema brasileiro para os olhos do mundo, que coloca o cinema brasileiro na pauta do cinema mundial”, disse.
Além disso, Freire disse que cerca de três milhões de pessoas assistiram ao filme e isso eleva o cinema brasileiro, amplia o público do cinema brasileiro no nosso país e, mais do que tudo, traz a memória de um fato histórico tão importante no Brasil para milhares de brasileiros, para esta geração de jovens que estão indo aos cinemas e isso está repercutindo de forma muito positiva. “Tudo isso mostra a importância da arte no mundo, o sentido da arte na vida das pessoas, então, a gente só tem a comemorar e vive o cinema brasileiro”, finalizou.
