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‘Olhos Fechados’ estreia com sucesso e aborda capacitismo que inexiste entre os que não enxergam

Estreia do curta-metragem ocorreu na noite dessa terça-feira (7), no Sesc Teatro Prosa
Graziela Rezende -
(Eduardo Oliveira/Jornal Midiamax)

O elenco, no “laboratório da vida real”, aprendeu tanto que desbancou os próprios pensamentos relacionados a quem não enxerga, seja quem nasceu ou quem desenvolveu a deficiência visual ao longo da vida. Sendo assim, deram vida aos personagens, mostrando ainda detalhes de um apaixonante, com imagens que muitos já conhecem, mas, que ainda continuam a “tirar o fôlego”.

Céu, terra, flores, o povo pantaneiro, a boiada atravessando o rio e muitas imagens em quadros. É nestas falas e vivências que se embala o Guto, protagonista do curta-metragem, um artista plástico que passa por uma reviravolta ao perder a visão, mas, com um olhar que vai muito além do que se vê.

“É muita emoção terminar esse projeto, porque a gente ficou muito tempo maturando. E quando a gente decidiu, agora a gente vai executar, foi através da lei do , que chegou pra abrilhantar esse momento. E foi muito rápido o processo de produção, de finalização, porque eu gosto também que seja mais rápido, mas é um projeto que já está no meu coração há muito tempo, o roteiro que já está no meu coração há muito tempo. E hoje estrear aqui na casa, com todo mundo que tem uma conexão com a gente, é maravilhoso”, ressaltou o cineasta e diretor Roberto Leite.

Sobre o Guto e Helena, personagens da trama, Leite argumenta o quão importante é falar sobre a deficiência visual. “Me disseram que não havia problema nenhum, você não precisa ser pra você sentir. Não existe capacitismo para estas pessoas. Todas as vezes que a gente teve contato com eles, foi soberano isso. A gente não tem esse coitadismo, nós não somos pessoas que precisam de ajuda a todo momento. Nós criamos a nossa vida. Existe, sim, um tempo da melancolia, quando tudo acontece, pra quem perde a visão na fase adulta e, no caso, quem é de nascença, já vem se acostumando com isso”, explicou.

‘Não são infelizes’, comenta diretor sobre deficientes visuais

O cineasta fala ainda que muitos ressaltaram que tiveram uma infância normal. “A minha vida é normal, muitos disseram. E aí, trazer essa reflexão, esse aprendizado, para mim mesmo, como pessoa, foi excelente. A gente tem que parar de olhar para o deficiente visual, no meio da rua, e achar que eles são infelizes. Eles são felizes, são normais. E esse elenco foi entrega total”, argumentou.

O protagonista, vivido por Leandro Marques, também passa um recado importante. “Foi um impacto muito grande e eu sabia que ia emocionar, ainda mais porque durante todo o processo, até de estudo e pesquisa, já emocionou bastante. E agora, por eu não ter visto, impactou como se eu tivesse visto pela primeira vez, fiquei muito emocionado. E eu ressaltei muito com o diretor a questão do capacitismo, do que aprendemos. Interpretei um deficiente visual pela primeira vez e foi muito desafiador, no sentido de mergulhar na cabeça, na vida de um personagem que vê a vida com muitas cores, com muita intensidade, com muita natureza”, avaliou.

(Divulgação)

Marques fala ainda sobre o personagem, que foi se restaurar e se resgatar após a tragédia em sua vida. “Eu acredito que a gente ainda não viu, que tem um futuro, ficou um gostinho, porque a gente fica imaginando que ele tenha feito as obras dele, e aí fica essa mensagem de ver mais profundamente quando estamos no escuro”, opinou.

Leandro ainda fala sobre os aprendizados e as cenas lindas gravados em , no pantanal sul-mato-grossense. “Já estive lá outras vezes, mas, fazer este personagem me trouxe um contato diferente com as águas, as paisagens, entrei de verdade no Rio Paraguai. Foi um presente, me deixou reenergizado”, comentou.

A atriz Thais Umar ressalta a convivência que teve para vivenciar uma mulher cega. “Quando entrei no Ismac [Instituto Sul Matogrossense Para Cegos Florivaldo Vargas] percebi que não teria nenhuma questão. Eles apoiaram, abraçaram o projeto e me ensinaram, só pediram que fosse algo real na tela”, afirmou.

Umar conta ainda que a única exigência é que o filme não superestimasse ou supervalorizasse os cegos, como se “tivessem superpoderes e nem que fosse capacitista”. “Foi justamente o que tentamos colocar. Participei das aulas e a professora era me ensinou muito, nos apoiaram muito, foi um verdadeiro laboratório da vida real, foi muito bom”, disse.

‘Não é só construir rampas, o cego tem que estar no palco’, diz ator experiente

O experiente ator e dramaturgo Breno Moroni, que está nos palcos desde a década de 70 e inclusive interpretou o “Mascarado Adonay” na novela “A Viagem”, falou sobre a colocação do artista deficiente na cena artística.

“Não basta construir rampas, corrimão, ter acessibilidade em livras, descrição. Esse é o caminho, é necessário colocar o artista deficiente na cena. O sanfoneiro ceguinho, que mora lá no interior do Brasil. Ele não tem condições de fazer um edital, de escrever um edital, então, mesmo que haja cotas, não é uma porta totalmente aberta. E esse filme deixa essa mensagem também, que o deficiente é também um artista, e não só um espectador da arte”, ressaltou.

Moroni, que já dirigiu companhias no , inclusive para surdos e equipe composta por deficientes visuais, comentou que possui essa vertente. Sobre o Pantanal, fala que já esteve por lá e, recentemente, foi convidado a fazer um personagem de capitão da chalana. “Eu nunca tinha chegado perto de uma chalana, então eu passei dois dias viajando pelo Rio Paraguai, que é uma das coisas fantásticas do cinema, que nos leva a lugares, situações que nós não estaríamos”, disse.

O músico Jerry Espíndola este presente na noite de inauguração, no Sesc Teatro Prosa, na noite dessa terça-feira (7) e disse que “sentiu o recado do filme”. “É um momento muito bom para o nosso audiovisual, temos vários filmes sendo lançados. E neste a atuação do Leandro, da Thaís, do Breno foi muito legal. E sem falar em Corumbá, no Pantanal, que é sempre inspirador. Achei as imagens lindas, a trilha estava agradável, é um curta-metragem, mas, passou o recado, deu até vontade de continuar mais um pouquinho, uns dez minutos”, finalizou.

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(Revisão: Bianca Iglesias)

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