A memória coletiva e a identidade quilombola ganham vida com o projeto ‘Nossas Histórias, Nossa Terra: A Resistência da Família Jarcem’, que reunirá oficinas culturais colaborativas e exposições. A programação está prevista para ter início neste domingo (7), na comunidade quilombola São João Batista em Campo Grande.
O projeto é de autoria da socióloga e pesquisadora Rayanne Jarcem, com inutiot de fortalecer o sentimento de pertencimento da Família Jarcem, além de resgatar as raízes da comunidade, que, embora tenha suas terras em Rio Brilhante, no interior de Mato Grosso do Sul, atualmente a se encontra fora da região.
Contemplado pelo Programa Nacional Aldir Blanc, como parte da categoria Culturas Quilombolas, serão cinco oficinas colaborativas, que coincidirá com a última assembleia-geral de 2025 da ARQJOBE (Associação dos Remanescentes dos Quilombos Descendentes de Joaquim Cândido Jarcem e Belisário da Conceição Jarcem).
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Oficinas
Conforme a idealizadora do projeto, as oficinas foram pensadas para fortalecer a resistência histórica da comunidade, frente a processos de invisibilização, desterritorialização e apagamento cultural, além de reafirmar o direito à terra, à memória, à identidade e à dignidade.
“As oficinas inclusive têm esse objetivo de retomar isso a partir de várias práticas criativas e artísticas que é justamente produzir um significado para essa comunidade no nosso tempo atual, para retomar as terras simbolicamente em nós e depois no nosso espaço físico”, afirma.
As cinco oficinas vão focar em temas como escuta, expressão artística e construção da identidade coletiva, por meio de linguagens como: música, desenho, escrita e oralidade. Os participantes serão convidados a compartilhar histórias de vida, saberes e experiências de luta. O objetivo é criar um ‘inventário afetivo e cultural’ da comunidade e registrar a produção artística e os relatos orais.
A primeira oficina, no dia 7 de setembro, irá abordar identidade e memória, buscando reescrever a história do quilombo e da família Jarcem. Ao final do projeto, em novembro, será realizada uma exposição com os materiais produzidos nas oficinas, como textos, desenhos, músicas e registros orais, para conscientizar o público sobre a história da família e promover o respeito à diversidade étnico-racial.
Jornada de autoconhecimento e reconexão
Para Rayanne Jarcem, a iniciativa também marca sua própria jornada pessoal, a partir da retomada de sua própria herança e ancestralidade quilombola. A socióloga é neta e bisneta de membros da Família Jarcem.
“Estou aqui me apresentando como neta e bisneta dos Jarcem que chegaram em nossas terras, para que a gente possa retomar tudo o que é nosso. Sabemos quem somos a partir de outra narrativa, sendo inclusive de pessoas brancas, de um coletivo urbano. Então voltar para essa identidade é reconstruir essa história internamente dentro de cada um de nós, poder se fortalecer e identificar essa comunidade para um conjunto, mesmo estando fora desse território” comenta.
Rayanne é socióloga graduada pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), mestranda em Antropologia Social, terapeuta integrativa, pós-graduada em terapia sistêmica, Escrita Criativa pela Novoeste.
A idealizadora do projeto também atua como palestrante e escritora, além de ter vencido o em primeiro lugar, em 2025, o Concurso de Poesias “Oliva Enciso”, da ASL (Academia Sul-Mato-Grossense de Letras), com a poesia “Padilhas e Mulambos”.
Rayane também trabalha há mais de 10 anos em projetos voltados à garantia dos direitos humanos e sociais, com enfoque no desenvolvimento pessoal como estratégia para o fortalecimento de grupos, etnias e manifestações socioculturais. Por fim, a socióloga é ativista em movimentos sociais feministas, da pessoa preta e LGBTQIAPN+.
Serviço
Assembleia-geral de 2025 da ARQJOBE
- Horário: 8h
- Local: Comunidade quilombola São João Batista
- Data: Domingo, 7 de setembro
Oficina 07 de setembro
- Horário: 9h
- Local: Comunidade quilombola São João Batista
- Data: Domingo, 7 de setembro
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