Pular para o conteúdo
Mundo

Mulheres são forçadas a andar nuas e violentadas na Índia; caso desperta revolta

Imagens geraram revolta na Índia
Agência Estado -
Protesto de mulheres na Índia contra repressão (Reprodução, Newsclick)

As imagens que ganharam repercussão nacional geram revolta na : duas mulheres, nuas, cercadas por um grupo de homens, alguns armados com pedaços de madeira. Enquanto são arrastadas pela multidão violenta para um terreno descampado, elas choram e tentam se cobrir, mas nada adianta.

O caso é tratado como sequestro, estupro coletivo e homicídio já que o irmão de uma delas foi morto tentando protegê-la. “Fomos forçadas a nos despir e desfilar ou então eles teriam nos matado”, disseram a um grupo de ativistas que presta suporte às vítimas.

Nas redes sociais, o governador Biren Singh disse que até então não tinha conhecimento do vídeo, que definiu como uma ato “profundamente desrespeitoso e desumano”. Ele acrescentou que a polícia agiu “imediatamente” depois de tomar conhecimento das imagens e destacou ainda que “não há lugar para tais atos hediondos”. No comunicado, Biren ainda prometeu que adotará medidas “rigorosas” para os responsáveis, inclusive considerando a possiblidade de pena de morte.

As imagens, gravadas no início de maio, tomaram as redes sociais agora e são motivo de revolta. Em nova Délhi, a sessão do Parlamento indiano foi interrompida por legisladores que exigiam uma discussão sobre a violência.

O chefe da Justiça indiana disse que a Suprema Corte ficou “profundamente perturbada pelas imagens” e prometeu que tomará providências se o governo não agir.

No plano de fundo, está um embate étnico deflagrado há semanas no estado. As vítimas são da tribo Kuki-Zo, uma minoria predominantemente cristã, e os criminosos seriam da maioria hindu Meitei.

O Fórum de Líderes Tribais Indígenas condenou o crime que chamou de “doentio” e denunciou a violência contínua na região. “O estupro coletivo das mulheres aconteceu depois que a vila foi incendiada e dois homens – um de meia-idade e outro adolescente – foram espancados até a morte pela multidão”, afirma a nota.

Conflito deflagrado no estado

Parte da demora para que o vídeo se espalhasse se explica pelos bloqueios à internet em Manipur, tática que tem sido adotada pelo governo em resposta ao conflito no estado, onde vivem 3,7 milhões de pessoas.

A disputa foi motivada por uma proposta do governo que aumentava a reserva que vagas em cargos públicos e no sistema de educação para os hindus Meitei. O conflito já deixou mais de 130 mortos e obrigou dezenas de milhares de pessoas a saírem de casa.

O governo se manteve em silêncio até que a repercussão do vídeo levou o primeiro-ministro Narendra Modi, um nacionalista hindu, a condenar a violência contra as mulheres brutalmente atacadas, mas sem citar diretamente o conflito étnico.

“O incidente que veio à tona em Manipur, para uma sociedade civilizada, é uma vergonha”, disse Modi, que comanda a Índia desde 2014.

Violência contra mulheres na Índia

O episódio também expõe outro problema na Índia: a violência de gênero. Um dia depois que o vídeo foi gravado, duas outras mulheres da etnia Kuki-Zo foram trancadas em um quarto e violentadas por pelo menos seis homens antes de serem encontradas mortas, relataram pessoas da comunidade.

Em um dos casos mais emblemáticos da violência que as mulheres sofrem na Índia, a jovem Jyoti Singh, de 23 anos, foi vítima de um estupro coletivo pelo motorista de de Nova Délhi e cinco cúmplices. Depois de violentada, a estudante foi jogada do ônibus, nua, e morreu duas semanas depois do ataque em razão dos ferimentos que sofreu. Um crime que repercutiu no mundo inteiro, há pouco mais de 10 anos.

Revoltadas, as mulheres indianas exigiram justiça e enfrentaram a repressão policiais aos protestos. Em resposta às manifestações o governo da época reformou a legislação para ampliar a compreensão de violência contra a mulher e instituiu punições mais duras, incluindo a pena de morte.

Mas nada disso tem surtido efeito na prática, como mostram os números.

Em 2012, o ano dos protestos, o país teve 24.923 casos de estupro. Em 2021, o último que se tem registro, o número de estupros saltou para 31.600, segundo dados do próprio governo. Isso significa que, a cada dia, 86 mulheres foram estupradas na Índia. A realidade deve ser ainda mais cruel considerando que muitas vítimas não procuram ajuda por medo ou vergonha e o estupro costuma ser um crime subnotificado.

O país chegou considerado o mais perigoso do mundo para as mulheres, segundo uma pesquisa da Fundação Thomson Reuters de 2018.

Um exemplo recente desse estado constante de violência contra as mulheres foi o assassinato brutal de uma adolescente, em Nova Délhi, há pouco mais de um mês. A meninas de 16 anos foi vítima de 34 facadas em uma área movimentada da capital indiana. O vídeo de cerca de um minuto gravado por uma câmera de segurança mostrou várias pessoas andando na rua, sem fazer nada, enquanto a adolescente era esfaqueada.

Segundo informações da imprensa local, o homem preso pelo crime afirmou em depoimento que conhecia a adolescente há dois anos e ficou furioso quando ela decidiu terminar a relação. O chefe da polícia tratou o caso como um “crime passional”.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Afogamento: bebê de 11 meses abriu trinco de proteção de porta e caiu em piscina de casa em MS

Barroso decide votar em ação sobre aborto antes de se aposentar do STF

Campo Grande e interior de MS recebem atendimentos de saúde gratuitos pela Casa Rosa

Trump recebe Zelenski na Casa Branca e diz crer que conseguirá acabar com guerra na Ucrânia

Notícias mais lidas agora

Detran-MS

MP autoriza prorrogar pela oitava vez inquérito contra indicado de político por corrupção no Detran-MS

Ginásio Guanandizão (Foto: Divulgação/FVMS)

Supercopa de Vôlei atrai público de Campo Grande e interior ao Ginásio Guanandizão

consórcio ônibus petição

Petição contra Consórcio Guaicurus fecha semana com quase 8,4 mil assinaturas

Após meses de reabilitação, macacos-prego são devolvidos ao meio ambiente em fazenda de MS

Últimas Notícias

Mundo

Trump sinaliza que Maduro ofereceu concessões para aliviar tensões com os EUA

Petróleo e outros recursos minerais do país foram citados durante coletiva de imprensa

Polícia

VÍDEO: acidente entre carro e motocicleta na Vila Bandeirante deixa dois feridos em Campo Grande

Imagens de câmera de segurança mostram o momento do acidente

Transparência

TCE suspende licitação de R$ 1 milhão para projetos de arquitetura em Tacuru

Decisão acolheu parecer de técnicos, que apontaram falhas na licitação de projetos de arquitetura e complementares

Política

Câmara tenta implantar ajuda financeira para ‘hotelzinho de animais’ em Juti, mas prefeito veta iniciativa

Donos de pets deixam os animais em locais conhecidos como 'hotelzinhos' quando precisam se ausentar