Às 13h07 desta quinta-feira (8), a fumaça branca no Vaticano anunciou ao mundo que a Igreja Católica tem um novo líder. O cardeal americano Robert Prevost emergiu na sacada da Basílica de São Pedro por volta das 13h15 (horário de MS), saudando a multidão como Leão XIV, o 267º sucessor de São Pedro.
Sua eleição, concretizada após quatro rodadas de votação no segundo dia de conclave, marca um novo capítulo para o catolicismo, com um pontífice que carrega consigo a responsabilidade de um nome com forte ressonância histórica.
A decisão de adotar o nome “Leão” não seria trivial. Ao longo dos séculos, treze papas o precederam, e a escolha invoca, de imediato, a figura de São Leão Magno (Leão I), um dos pilares da Igreja Católica. Sua liderança no século V, marcada pela firmeza doutrinária e pela habilidade diplomática – como o histórico encontro com Átila, o Huno, que poupou Roma da destruição – estabeleceu um legado de força intelectual e capacidade de conciliação.
A história dos Papas “Leão” é um mosaico de momentos cruciais para a Igreja. São Leão III, por exemplo, selou a aliança entre o papado e o poder secular ao coroar Carlos Magno. Já São Leão IX liderou reformas internas para combater a corrupção. Mais recentemente, Leão XIII deixou uma marca indelével ao confrontar as questões sociais da Revolução Industrial com a inovadora encíclica Rerum Novarum, um documento fundamental para a doutrina social da Igreja.
A escolha de “Leão” por Robert Prevost parece ecoar essa tradição de diplomacia, conciliação e busca pela unidade. Seu lema pontifício, “In Illo uno unum” (“Em um só, nós somos um”), retirado dos escritos de Santo Agostinho, reforça essa inclinação. A frase sublinha a centralidade de Cristo como elemento unificador da Igreja, um tema que remete à própria essência do legado dos papas que o precederam com o mesmo nome.
Papa americano com raízes latinas
Robert Prevost, aos 69 anos, faz história ao se tornar o primeiro papa oriundo dos Estados Unidos e de um país com maioria protestante. Sua trajetória, no entanto, é marcada por uma profunda ligação com a América Latina, especialmente o Peru, onde atuou como missionário e bispo por muitos anos. Essa experiência em um contexto cultural e religioso diverso pode influenciar sua visão e abordagem pastoral.
Conhecido por seu perfil reformista e discreto, Leão XIV ascende ao papado após ocupar cargos de relevância na Cúria Romana, incluindo a liderança do Dicastério para os Bispos. Sua familiaridade com a administração central da Igreja pode ser um trunfo para implementar as mudanças que julgar necessárias.
Quem foram os Papas “Leão”
- São Leão I, o Grande (440–461): Defensor da doutrina cristã e figura chave no Concílio de Calcedônia. Sua intervenção evitou a destruição de Roma por Átila e pelos Vândalos.
- São Leão II (682–683): Confirmou as decisões do Sexto Concílio Ecumênico.
- São Leão III (795–816): Coroou Carlos Magno, marcando a relação entre o papado e o Sacro Império Romano-Germânico.
- São Leão IV (847–855): Fortificou Roma contra as invasões sarracenas.
- Leão V (903): Pontificado breve e turbulento.
- Leão VI (928–929): Seu papado ocorreu em um período de instabilidade política em Roma.
- Leão VII (936–939): Buscou a paz e a ordem na Igreja.
- Leão VIII (963–964): Deposto e restaurado em um período de disputas pelo poder papal.
- São Leão IX (1049–1054): Reformador da Igreja, lutou contra a simonia e o nicolaísmo.
- Leão X (1513–1521): Seu pontificado coincidiu com o início da Reforma Protestante.
- Leão XI (1605): Pontificado muito breve.
- Leão XII (1823–1829): Conservador, opôs-se às ideias liberais.
- Leão XIII (1878–1903): Marco na doutrina social da Igreja com a encíclica Rerum Novarum e promotor do diálogo com o mundo moderno.
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