Os dois foram presos em flagrante por estelionato
Dois camaroneses foram presos na tarde de terça-feira (26) em um hotel no Centro de Campo Grande tentando aplicar o ‘golpe do dinheiro preto’. Jean Sonor Ketcha, de 41 anos, e Alain Nankes Ngueyep, de 44, foram presos em flagrante, passaram por audiência de custódia na manhã desta quarta-feira e só serão liberados depois de atenderem a algumas exigências da justiça.
Segundo informações do delegado Fábio Peró, do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), a dupla estava hospedada no hotel desde o dia 19 de abril e as diárias estavam pagas até o dia 3 de maio.
Ainda de acordo com o delegado um dos homens entrou em contato por telefone com a vítima na quarta-feira na semana passada, dia 20 de abril, através do anúncio da venda de uma propriedade rural na cidade de Anastácio, a quilômetros de Campo Grande. Depois do contato com a vítima o estelionatário marcou para visitar a propriedade no mesmo dia.
No local o homem tirou algumas fotos e explicou para a vítima que enviaria as imagens para os pai que mora na Guiana Francesa, juntamente com a mãe e um irmão e que estaria interessado na propriedade porque a família estaria de mudanças para o Brasil. O homem ainda contou para a vítima que a família já teria juntado a quantia de R$ 2 milhões em notas nacionais para investir no país.
O delegado destaca que para ganhar a confiança da vítima, o homem ligou várias vezes durante a semana. “Na quinta-feira ele ligou para a vítima de novo e disse que havia mandado a foto para o pai e que ele havia gostado da propriedade e vai puxando assunto. Na sexta ele mantém contato de novo, no sábado de novo e domingo de”, explica o delegado.
Na segunda-feira (25) o homem entrou mais uma vez em contato com a vítima, mas desta vez foi para informar que o irmão havia chegado e trouxe com ele o um pouco do dinheiro para a compra da propriedade. A vítima foi até o hotel onde a dupla estava hospedada e lá é informada que o dinheiro está vindo da Guiana Francesa com manchas pretas.
Depois de ver duas notas de R$ 50 pretas a vítima teria dito que o homem não tinha informado nada disso. O estelionatário então explica que essa seria uma forma de precaução para evitar que o dinheiro fosse roubado no transporte até o Brasil e também para burlar a fiscalização na entrada do dinheiro no país.
Nesse momento o estelionatário pede para a vítima uma nota de R$ 50 para uma demonstração, mas ela informa que não tem. “Ele [estelionatário] fala que vai pegar uma dele e coloca a nota entre as duas pretas, pinga alguns produtos e explica que precisa da nota no meio para passar a tinta dela para as demais”, explica o delegado acrescentando que o homem realiza todo um processo com as notas até lavá-las e entregá-las para a vítima.
Após esse processo o camaronês entregou a nota limpa para a vítima e disse para ele se dirigir até o banco para verificar a autenticidade das notas. Porém, ainda segundo o delegado Fábio Peró, a vítima desconfiou que se tratava de um golpe e procurou a polícia na terça-feira (26) pela manhã. No hotel a polícia prendeu em flagrante os dois homens e apreendeu o material usado no golpe.
Fábio Peró explica que na verdade não existiam notas pretas, eram resmas de papel A4 pretas que eles cortavam no tamanho de uma nota de real. Os estelionatários apenas pintavam notas verdadeiras de preto para a demonstração, mas para a conclusão do golpe usavam papel preto embrulhado em papel alumínio.
Dois embrulhos eram feitos, um com notas verdadeiras que eram fornecidas pela vítima e uma apenas com papel preto. Os homens trocaram os embrulhos e a vítima acabava levando embora apenas papel e ainda era orientada a abrir o pacote apenas 48 horas depois para que o processo seja concluído.
Audiência de custódia
Jean Sonor Ketcha e Alain Nankes Ngueyep passaram por audiência de custódio na manhã desta quarta-feira (27) e foi arbitrado pelo juiz fiança no valor de 20 salários mínimos para cada um que somados chega a quantia de R$ 35.200. Mas segundo o delegado para serem soltos os camaroneses vão precisar mais que o dinheiro da fiança.
“Além de pagar a fiança eles teriam que comprovar residência fixa aqui no país, emprego lícito e comprovar a identidade deles, porque eles não apresentaram passaporte. Como eles não tinham o dinheiro e não tiveram como comprovar essas coisas foram mantidos presos”, destaca o delegado. Para a polícia os dois homens disseram que estão no Brasil há quatros anos e que moram em São Paulo