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Polícia

‘Minha mãe saiu para fazer uma diária e nunca mais voltou’, diz filha de Edione, morta após negar programa sexual no Tiradentes

Jaqueline e os outros três irmãos chegaram a tentar internação da mãe em uma clínica de reabilitação
Danielle Errobidarte -
Edione foi vítima de feminicídio - Reprodução/Facebook

Comprar um refrigerante foi a última coisa feita por Jaqueline Bersonaca, de 25 anos, dois dias antes da mãe ser morta, vítima de feminicídio, após ser encontrada com vários ferimentos e sem as roupas, em um imóvel abandonado no Bairro Tiradentes, no dia 6 de junho. Edione Bersocana, de 43 anos, foi espancada e estuprada por um desconhecido – que está foragido – e morreu na na noite de domingo (3).

Jaqueline e os outros três irmãos mantinham contato com a mãe, mas Edione tinha o costume de sair e ficar um ou dois dias fora de casa, pois era usuária de de cocaína. Mesmo sabendo do vício da mãe, eles não desistiam de levá-la para ficar próximo da família, principalmente no Dia das Mães.

“Ela estava morando na casa do meu irmão, e no dia que aconteceu tinha ido no serviço dele, que fica uns 800 metros de onde ela foi encontrada. Ela disse que ia fazer uma diária e voltava para a casa às 15h. Ela tomou café, comeu pão e meu irmão falou que a chave de casa ia estar no mesmo lugar”, lembra.

Jaqueline estava no estágio do curso técnico quando recebeu uma mensagem do pai dizendo que a mãe não tinha aparecido e que ele havia visto na imprensa que uma mulher foi encontrada com ferimentos no Bairro Tiradentes. “Em uma das fotos da matéria dava para ver a bolsinha que era dela, que ela nunca tirava”.

Em seguida, Jaqueline também recebeu ligação do irmão, pedindo para ela ir até a Santa Casa. Foi quando ela reconheceu que a mulher era mesmo Edione. “Já era tarde quando meu irmão ligou, umas 23h. Depois eu fiz o reconhecimento e tive que ir direto para a delegacia. Mas como ela estava na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), não conseguimos conversar com ela nesses 27 dias”, explica.

Jaqueline viu a mãe pela última vez no sábado (4), que pediu para a filha comprar um refrigerante e um cigarro. “Ela chegou a me dar umas moedas, mas eu disse que não precisava e comprei a coca. Quando voltei, ela me ofereceu e eu disse que estava de dieta, ela falou ‘se eu soubesse tinha pedido um suco’. Ela ainda me ofereceu para almoçar, mas eu expliquei que já tinha comido na rua”, lembra.

Reunidos na casa do irmão, no Bairro Estrela Park, Edione chegou a pedir para ir até a casa da filha no domingo (5), no Bairro Noroeste. “Ela perguntou ‘quando que eu vou lá na sua casa?’ e eu falei que se ela quisesse eu buscava ela de moto, mas ela não me ligou”.

“Nós nunca abandonamos a minha mãe”

Jaqueline afirma que a família sabia que a mãe era usuária de pasta base de cocaína há muitos anos. Para não “atrapalhar os filhos com o cheiro forte da droga”, ela costumava sair de casa, mas ficava apenas um ou dois dias. Os irmãos se reuniram e chegaram a tentar uma internação voluntária para a mãe, em uma clínica de dependentes químicos, mas segundo Jaqueline, Edione falava que ia, mas nunca acatava o pedido dos filhos. “Ela estava na casa dos meus irmãos desde o dia das mães, quando fomos buscá-la na Nhanha. Ela voltava para casa, ficava na minha avó no Indubrasil alguns dias, mas depois acabava indo para a Nhanha de novo”, relata a filha.

Conhecida no Bairro Guanandi como “Tia Rose”, logo após a morte de Edione os moradores fizeram uma postagem no grupo do bairro em homenagem à ela. “Por mais que ela era usuária, minha mãe era uma pessoa muito querida, onde chegava cumprimentava todo mundo, ela não era uma pessoa má. Não roubava nem arrumava briga com ninguém. Vai ter gente que vai julgar, mas nós nunca abandonamos a minha mãe”, diz Jaqueline.

Homenagem feita por moradores em grupo do Bairro Guanandi. (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Feminicídio

O autor do crime é um homem de 33 anos que, segundo a delegada Anne Karine Trevizan, titular da 4ª Delegacia de Polícia Civil, não tinha qualquer relação com Edione. Mesmo assim ele responderá pelo feminicídio, por agir em menosprezo à condição de mulher da vítima.

Ainda conforme a delegada, o suspeito era conhecido por oferecer drogas para mulheres na região, em troca de programas sexuais. “Ela foi usar droga e não fazer programa, por isso agiu com tamanha violência”, afirmou. Edione vivia com o filho, tinha um lar e suporte familiar, mas era dependente química.

Naquele dia 6 de junho, ela foi até a creche abandonada no Tiradentes, onde acabou encontrando o autor. As violentas agressões levaram a vítima a sofrer traumatismo craniano. Também de acordo com a delegada Anne, o suspeito tem várias passagens por tráfico de drogas, roubo, furto e violência doméstico.

Os filhos da vítima já foram ouvidos na 4ª Delegacia e o caso segue em investigação. O autor é considerado foragido.

Edione faleceu na Santa Casa

Conforme a Santa Casa, Edione sofreu politrauma e passou por neurocirurgia por conta de um edema cerebral. Ela estava sob cuidados paliativos na enfermaria, mas sofreu parada cardiorrespiratória, falecendo às 21h07 de domingo.

Naquele dia 6 de junho, ela foi encontrada por populares com vários ferimentos e sem as roupas. Polícia Militar e foram acionados e a vítima socorrida já em estado grave.

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