Mato Grosso do Sul registrou 362 feminicídios entre 2015 e 2025, mas 11 municípios do Estado não tiveram nenhum caso do crime neste período. Os dados integram o Monitor da Violência contra as Mulheres, ferramenta do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) desenvolvida em parceria com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). Neste domingo (12), no município de Bandeirantes, Andrea Ferreira, de 40 anos, foi a 30ª vítima de feminicídio no Estado, em 2025.
O levantamento revela que as cidades sem feminicídio na última década são:
- Bodoquena;
- Brasilândia;
- Corguinho;
- Guia Lopes da Laguna;
- Jaraguari;
- Jateí;
- Paranhos;
- Rio Negro;
- Selvíria;
- Taquarussu;
- Vicentina.
No mesmo período, Campo Grande liderou o ranking estadual com 84 feminicídios registrados, seguida por Dourados, com 31 casos; e Três Lagoas, com 27. O ano mais letal para mulheres em Mato Grosso do Sul foi 2022, quando 44 feminicídios foram registrados no Estado. Em 2025, mesmo antes do encerramento do ano, 31 mulheres já foram assassinadas em crimes de gênero.
Feminicídio acontece em casa
Os dados do Monitor mostram que a maioria dos feminicídios ocorre no ambiente doméstico. Em dez anos, 208 mulheres foram mortas dentro de casa, evidenciando que o local que deveria representar proteção torna-se cenário de violência letal. Outras 66 vítimas foram mortas em propriedades rurais e 58 em vias urbanas.
Em grande parte dos casos, os autores têm vínculo afetivo ou familiar com as vítimas. A maioria dos crimes foi cometida por cônjuges e companheiros, seguida por filhos, namorados e outros parentes próximos, o que reforça o caráter intimista do feminicídio e a permanência de relações abusivas e violentas.
O perfil das vítimas também revela a extensão do problema. Mulheres adultas entre 30 e 59 anos concentram o maior número de assassinatos, somando 209 casos. Jovens de 18 a 29 anos aparecem em seguida, com 98 registros. O levantamento traz ainda que 27 vítimas eram idosas, 12 adolescentes e 8 meninas com até 11 anos. Em relação à raça e cor, a maior parte das vítimas se declarou parda, seguida por mulheres brancas e pretas, além de dois casos envolvendo mulheres indígenas.
Os dados do Monitor também permitem observar a busca crescente por proteção judicial. O número de medidas protetivas de urgência concedidas no Estado mais que dobrou em dez anos, saltando de 5.815 em 2015 para 14.812 em 2024. Em 2025, já foram registradas 10.451 medidas concedidas até o momento.
Ainda assim, cresce também o descumprimento dessas ordens judiciais, o que coloca vítimas em situação ainda mais vulnerável. Em 2022, o número de descumprimentos foi de 479; em 2024, foram 2.285; e, em 2025, já são 623 registros até agora.
Monitor da Violência
Criado pelo TJMS, o Monitor da Violência contra as Mulheres é uma ferramenta estratégica para compreensão e enfrentamento da violência de gênero.
Idealizado pela desembargadora Jaceguara Dantas da Silva, coordenadora da Mulher do TJMS, e pelo secretário de Justiça e Segurança Pública, delegado Antônio Carlos Videira, reúne magistrados, policiais, analistas de dados e equipes das áreas de tecnologia da informação e comunicação do TJMS e da Sejusp.
Os números do monitor mostram que a violência doméstica permanece persistente e crescente. Em 2024, foram registrados 21.089 casos desse tipo de violência no Estado e, apenas em 2025, já são mais de 16 mil ocorrências. O Monitor tem contribuído para orientar políticas públicas, articulação entre instituições e ações de proteção à mulher.
A denúncia ainda é uma das principais formas de interromper o ciclo de violência. Casos de agressão podem ser comunicados pelo número 190, em situações de emergência, e pela Central de Atendimento à Mulher, no 180. O Estado também oferece canais on-line para solicitação de medidas protetivas e registro de ocorrências sem necessidade de deslocamento até uma delegacia.
Andrea assassinada a tiros
O casal estava participando de um terço festivo, quando discutiu e decidiu ir embora para a casa, no bairro Cohab II. Já na residência, a briga continuou e Carlos teria atirado duas vezes contra a companheira. Andrea foi atingida com um tiro no pescoço e outro na nuca.
Após os tiros efetuados pelo marido da vítima, a filha dela — uma adolescente que presenciou o feminicídio — teria tentado estancar o sangue de Andrea. Diante dos ferimentos, Andrea foi socorrida e encaminhada ao hospital de Bandeirantes, mas não resistiu.
A PM (Polícia Militar) foi acionada, mas, ao chegar ao local, o acusado já havia fugido. Na residência do casal, os militares encontraram o carro de Carlos danificado, pois a vítima teria quebrado o vidro traseiro, furado os pneus e arremessado pedras contra o veículo — um HB20 preto. Recentemente, o acusado havia denunciado a companheira por dano ao mesmo veículo.
Além disso, havia uma poça de sangue no imóvel, uma faca e pedras.
Andrea Ferreira foi a segunda mulher assassinada pelo marido, em três dias, no Estado de Mato Grosso do Sul. Ela é a 30ª vítima de feminicídio, somente neste ano de 2025. Na última sexta-feira (10), Erivelte Barbosa Lima de Souza, de 48 anos, foi morta a facadas pelo companheiro, em Paranaíba. O homem foi preso logo após o crime.
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(Revisão: Dáfini Lisboa)