Horas após a repercussão do grito de guerra violento entre os recém-formados da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), a ACS PMBM MS (Associação e Centro Social dos Policiais Militares e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul) se manifestou em defesa dos militares.
O vídeo do grito de guerra viralizou nesta sexta-feira (1º), um dia depois da formatura de 427 novos soldados da corporação. ‘Bato nele até morrer’ é um dos trechos cantados pelos militares.
Com a repercussão do vídeo, a ACS PMBM MS publicou uma nota de apoio aos formandos da 38ª turma da PMMS. O texto começa citando a repercussão do grito e afirma que, fora de contexto, a situação causou polêmica.
“Nem bem vestiram a farda como soldados formados e os 427 novos policiais militares da 38ª turma da PMMS já estão sendo atacados — não por erros, mas por um ritual simbólico e tradicional da formação militar: o grito de guerra”, descreve a nota.
Em seguida, a associação afirmou que o grito de guerra não é orientação de conduta. “É tradição militar, usada em todo o Brasil para fortalecer o espírito de corpo, a disciplina e a união dos guerreiros que vão para as ruas proteger a sociedade. A formação dos novos soldados teve mais de 1.500 horas de aulas, com base em disciplina, legalidade, direitos humanos e técnica policial”, pontuou a ACS PMBM MS.
Na ocasião, a associação negou que os policiais sejam treinados para agredirem ou torturarem. Também, opinou que atacar a tropa por um grito simbólico é um desrespeito a tradição militar.
“Nenhum policial é treinado para agredir ou torturar. A missão da PM é proteger vidas, manter a ordem e agir sempre dentro da lei. Atacar uma tropa inteira por um grito simbólico é distorcer os fatos, desrespeitar a tradição militar e revelar um completo desconhecimento sobre a formação policial”, declarou a associação.
Por fim, pediu que os recém-formados mantenham a cabeça erguida. “A missão de vocês é nobre. A sociedade precisa de vocês — e a ACS estará sempre vigilante na defesa da Polícia Militar. Este é apenas o primeiro de muitos ataques injustos, mas tenham certeza: nenhum soldado estará sozinho nessa jornada”, finalizou a ACS PMBM MS, em nota.
Associação dos Praças diz que canções militares não possuem viés ideológico
Ao Jornal Midiamax, o Cabo Ferreira, Presidente da ASPRA-MS (Associação dos Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso do Sul) disse que as Charlies Mike — como são chamadas as canções militares — não possuem viés ideológico ou de qualquer entendimento à violência.
“Pelo contrário, nossa formação abrange tanto aspectos técnicos e práticos quanto o desenvolvimento de qualidades pessoais como disciplina, liderança e senso de dever”, afirmou o presidente.
Cabo Ferreira também explicou a tradição das canções. “Charlies Mike é tradição e expressa a ideia de um senso de unidade e camaradagem entre nós militares, além de papel importante na manutenção da moral e da disciplina”.
Ainda segundo o presidente, a ASPRA-MS deve se manifestar oficialmente por meio de nota.
Canção repercutiu anos atrás no Paraná
A canção que viralizou nesta sexta-feira (1º) repercutiu em 2017 com policiais do Paraná. Na época, policiais da Rotam (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas) do Paraná cantaram a canção enquanto praticavam exercícios físicos, o famoso TFM (Treinamento Físico Militar).
Isso porque, alguns trechos da canção fazem apologia à violência. “Miro na cabeça, atiro sem errar”, “Bate na cara e espanca até matar”, “Arranco a cabeça, explode ela no ar” e “Arranca a pele e esmaga os seus ossos. Joga eles na vala e reza um Pai Nosso”.
Nas redes sociais, várias pessoas saíram em defesa dos novos militares. “O vídeo não representa a apologia à violência, mas sim a realidade dura da vida militar. É uma expressão de força, resistência e da coragem de quem arrisca a própria vida todos os dias em defesa da sociedade”, escreveu uma mulher.
Em seguida, outro comentário feito por um perfil de memes diz: “Excelente! Música para nossos ouvidos. Literalmente”. Logo abaixo, outras pessoas parabenizam o grito de guerra dos militares.

‘Bato nele até morrer’
A última formatura de alunos aconteceu na tarde desta quinta-feira (31), levantando suspeitas de que o vídeo seria referente a este último grupo de formandos. Rodeados por um instrutor, os alunos batem palmas, pulam e gritam os seguintes versos:
“Bate na cara, espanca até matar
Arranca a cabeça dele e joga ela pra cá
O interrogatório é muito fácil de fazer
Eu pego o vagabundo e bato nele até morrer
Desce aqui e venha conhecer
A tropa da PM que cancela CPF”
Ao todo, 427 novos soldados participaram da cerimônia, no pátio do Palácio Tiradentes, onde fica o Comando Geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul. Eles passaram por 1.554 horas de formação, entre aulas teóricas e práticas.
O Governo de Mato Grosso do Sul manifestou repúdio pelas condutas que incentivam a violência e determinou uma rigorosa apuração dos fatos. Na mesma nota, a PMMS lamentou o ocorrido e disse que o episódio consiste em uma manifestação isolada, afirmando que o grito não faz parte de seus protocolos oficiais.
Confira a nota na íntegra:
“O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul manifesta publicamente seu repúdio a quaisquer condutas que incentivem a violência, e determinou a adoção imediata das providências cabíveis, com rigorosa apuração dos fatos e aplicação das sanções legais previstas.
A Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul lamenta o ocorrido e esclarece que o episódio consiste em uma manifestação isolada, não representando os valores, princípios e o padrão institucional da corporação. A expressão utilizada não foi criada pela instituição e tampouco faz parte de seus protocolos oficiais. A preparação do efetivo inclui disciplinas voltadas à valorização da vida, respeito às minorias e atuação comunitária.
O Governo de Mato Grosso do Sul enfatiza que forma policiais para defender a sociedade, a vida, a segurança e a paz.”
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