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Polícia

Deputado ‘avisou’ Léo Veras sobre plano de assassinato do jornalista horas antes do crime, diz viúva

Em entrevista exclusiva ao Jornal Midiamax, viúva disse que recebeu imagens com suposto assassino do marido, dois dias após o crime
Marcos Morandi, Lívia Bezerra -
Jornalista Léo Veras (arquivo pessoal)
Jornalista Léo Veras foi executado em fevereiro de 2020. (Foto: Arquivo Pessoal)

O deputado colorado Santiago Benitez teria avisado o jornalista Lourenço Veras, o Léo Veras, sobre um plano de assassinato horas antes de sua execução, na noite do dia 12 de fevereiro de 2020, em Pedro Juan Caballero. Cintia González, viúva do jornalista, revelou a informação em entrevista exclusiva ao Jornal Midiamax nesta sexta-feira (25).

A execução ocorreu pouco depois das 20h, quando dois homens invadiram a casa de Veras. O barulho do destrave da pistola Glock 9mm chamou a atenção do jornalista, que correu para o quintal. Assim, os pistoleiros o seguiram e atiraram doze vezes.

Desde a época do crime, na com , a mulher pede mais investigação sobre a morte do marido, mas até hoje não obteve respostas satisfatórias. Na última quinta (24), a viúva acusou o deputado Santiago de tentativa de suborno para favorecer o principal suspeito do crime, Waldemar Rivas Días, o ‘Cachorrão’.

Léo Veras e Santiago eram amigos

Em contato com a reportagem nesta sexta-feira (25), Cintia explicou que decidiu falar sobre o caso porque ficou sem estruturas psicológicas e econômicas para lidar com os fatos. Ela revelou que o deputado colorado, na época jornalista, era amigo dela e de Léo Veras.

No entanto, tudo mudou após ele pedir que ela entregasse um pen drive com as imagens que registraram o suposto assassino do jornalista. O pedido ocorreu dois dias após o crime, segundo Cintia.

“Dois dias depois da morte do Léo, ele me ligou e falou: eu preciso que você venha aqui na minha casa, pois tenho um vídeo que quero mostrar para você. E ele falou ainda: ‘é um vizinho seu que matou o Leo e você sabe quem que é. É um vizinho seu, você vai saber’… Ele quis se aproveitar do momento e me colocou numa situação difícil”, contou a viúva do jornalista assassinado.

Após a ligação, a mulher relatou que encontrou com o deputado, quando ele lhe mostrou um vídeo, onde mostra um carro em frente a residência dela.

“Ele queria que eu pegasse aquele pen drive e entregasse para a promotoria, pois falou para mim ‘Cintia não foi o cachorrão que matou o Léo’. Ele estava defendendo o cachorrão. Falou para mim assim: ‘Cintia, não foi ele que matou, ele é inocente no caso do Léo’”, revelou a viúva.

Cintia González durante entrevista exclusiva ao Jornal Midiamax. (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)

Proteção e ajuda financeira

Durante a entrevista, Cíntia disse ainda que caso aceitasse a proposta de entregar as imagens, o deputado lhe prometeu proteção e ajuda financeira. “Não vai faltar nada para você se você aceitar essa proposta”, teria dito Santiago.

Em seguida, a mulher questionou o motivo do próprio deputado não entregar o pen drive. Logo, ele lhe respondeu: “ele falou: não, porque se você entregar terá mais peso”.

Contudo, a viúva indagou sobre qual seria sua resposta, caso o promotor lhe perguntasse onde conseguiu o pen drive. “Ele falou ‘mas, você não precisa entregar sua fonte’. E ele andou uns dias atrás de mim tentando me convencer para eu entregar esse vídeo para o promotor. Mas eu me neguei, eu falei que não ia aceitar e não aceitei, graças a Deus que eu não aceitei a proposta desse cara”, disse Cintia.

A viúva contou também que o deputado queria conversar novamente com ela. Logo, ela foi até Santiago, que teria lhe dito ‘o Léo é louco. Ele não devia publicar o material que ele fez’. Vale lembrar que a vítima era um dos poucos jornalistas locais que ousava publicar informações sobre o e a rede de narcotráfico que liga o Brasil ao .

Depois, o deputado colorado revelou à viúva que na noite do crime chamou Léo Veras para perguntar se o mesmo estava sabendo que ocorreria o assassinato de um jornalista.

“Ele falou para ele ‘Leo, para mim chegou uma informação que iriam matar um jornalista e eu queria saber se chegou você? Porque vocês sabem tudo lá na fronteira’. Em seguida, contou que ele respondeu que não sabia e trinta minutos depois mataram o Léo. Essa foi a palavra do Santiago para mim”, contou Cintia.

Descaso nas investigações

Recentemente, a morte do jornalista Léo Veras voltou a ser questionada, pelo descaso das autoridades paraguaias. O consórcio jornalístico Forbidden Stories, em parceria com o OCCRP (Projeto de Investigação Sobre Crime Organizado e Corrupção, na sigla em inglês), obteve documentos dessa investigação que mostram uma série de negligências.

Segundo o Consórcio, pedidos de cooperação dos agentes brasileiros foram ignorados e evidências, descartadas. Cintia González tem convicção de que a morte de Léo aconteceu por ele ter investigado o crime organizado, em especial o PCC.

Um dos líderes da facção, o ‘Minotauro’, é suspeito de encomendar, da prisão, a morte de Veras, segundo documentos oficiais que o Forbidden Stories obteve. Já ‘Cachorrão’ teria executado o crime.

Juízes que inocentaram ‘Cachorrão’ podem ser suspensos

Em abril do ano passado, o JEM (Júri de Acusação de Magistrados) abriu os procedimentos de acusação de três juízes que libertaram ‘Cachorrão’ pelo assassinato do jornalista Léo Veras. Segundo a denúncia, as magistradas Carmen Elizabeth Silva Bóveda, Ana Graciela Aguirre Núñez e Mirna Carolina Soto González, integrantes do Tribunal de Sentenças da Comarca de Amambay devem responder pela absolvição de Waldemar.

Isso, porque as três juízas assinaram sentença em que inocentam o criminoso, que já estava preso e pertence ao PCC (Primeiro Comando da Capital. Ele saiu pela frente do tribunal paraguaio e desapareceu.

Entretanto, após revisão de Waldemar Pereira Rivas, a Justiça decidiu anular a sentença e ele voltou ao banco de réus. Já em 24 de fevereiro, a Justiça anulou a decisão que determinou a sua absolvição pela morte do jornalista.

Durante o júri, a principal testemunha disse em plenário que não podia contar muita coisa, já que nem a fisionomia dos autores viu no dia do assassinato.

‘Cachorrão’ saiu pela porta da frente do Tribunal de Sentença. (Foto: Reprodução, Polícia Nacional)

Execução de Léo Veras

Léo estava em casa, jantando com a família, quando o grupo invadiu o local, na noite do 12 de fevereiro de 2020. Um dos autores ficou no veículo modelo Jeep Grand Cherokee usado no transporte, e outros três realizaram o ataque.

Logo ao levar os primeiros tiros, Léo correu para os fundos da residência, uma área escura, na tentativa de se proteger, mas foi perseguido. Lá, os criminosos terminaram de matá-lo com o total de 12 disparos.

Em seguida, o amordaçaram. Vídeos do local do crime divulgados logo após o assassinato mostraram um pano branco, ensanguentado, que foi usado para tapar a boca do jornalista.

Prisões após execução

Cinco homens e uma mulher suspeitos de ligação na execução do jornalista Léo Veras foram presos ainda em 2020. As prisões aconteceram após a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), na época, divulgar que os tiros que atingiram o jornalista Lourenço Veras, o Léo Veras, tinham sido disparados de uma pistola Glock 9 mm.

Esta mesma arma teria sido usada em execuções de ao menos outras sete pessoas na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. Todos os crimes estariam relacionados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo a Associação.

Exame de balística forense feita na capital Assunção, identificou em cartuchos recolhidos na casa de Léo, o mesmo padrão de marca produzido pelo percussor da pistola no instante do disparo, que é uma espécie de impressão digital, única para cada arma.

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