A loja Gold Imports, localizada na região do bairro Tiradentes, em Campo Grande, teve uma arma e mais de R$ 100 mil em capas de celulares apreendidas, nesta sexta-feira (3). A apreensão é fruto da Operação Ligação Familiar, que investiga Renan de Souza Pinheiro e outros quatro empresários.
A operação, deflagrada pela Receita Federal, PF (Polícia Federal) e MPF (Ministério Público Federal), investiga uma família da Capital e de Ribas do Rio Pardo por contrabando de eletrônicos, cujo faturamento foi de R$ 290 milhões em cinco anos. Antes da operação desta sexta (3), Renier — que seria irmão de Renan — debochou da Receita Federal nas redes sociais.
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, durante o cumprimento de mandados na loja de Renan, foram apreendidos mais de R$ 100 mil em mercadorias, em sua maioria, capas de celulares. Também, foram apreendidos quatro aparelhos usados e um celular novo. Os aparelhos seriam de clientes e estariam na loja para reparos e outros para revenda.
Informações obtidas pela reportagem são de que o proprietário não estava na loja no momento em que os agentes chegaram na manhã desta sexta-feira (3). Além dos acessórios e celulares, uma pistola de calibre 9mm foi apreendida dentro de um cofre. A arma está devidamente regularizada.
Ainda segundo apuração, além da Gold Imports, Renan teria outra loja, localizada em Ribas do Rio Pardo, cidade que também é alvo da operação.

Deboche de irmão
Renier de Souza Pinheiro, um dos alvos da Operação Ligação Familiar, em Campo Grande, nessa sexta-feira (3), já debochou da Receita Federal nas redes sociais. Nas imagens, um motorista filma uma quantia significativa de dinheiro em espécie no banco do passageiro de um carro. “Minha mãe me liga falando que a FEDERAL tá lá em casa me esperando”, descreve o vídeo.
Já em outro vídeo, gravado por Renier, ele comenta sobre o comércio de aparelhos celulares e deixa um alerta aos empresários do mesmo ramo, afirmando que tem ciência dos riscos e de possíveis ações da Receita Federal.
“Se você quer comprar celular achando que não vai correr risco, muda de ramo, vai vender outra coisa e nem inicia, pois se for para entrar com medo de perder, nem começa a trabalhar. As notas fiscais que fazemos são notas de saídas, que ajuda muito, sim, na maioria das vezes, a gente trabalhou praticamente um ano sem ninguém perder nenhuma mercadoria. Mas, é aquilo que sempre falo para vocês, nem sempre a gente vai só ganhar, a gente também tem que perder. Se fosse muito fácil assim, estava todo mundo vendendo celular e todo mundo rico”, falou o investigado.
O Jornal Midiamax tentou contato com Renier acerca dos vídeos, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
No início da manhã, a equipe do Jornal Midiamax esteve em outro estabelecimento alvo da operação, a Imports CG, de propriedade de Marcos Freire Junior. O advogado Cairo Frazão, que representa a defesa do proprietário da loja, disse à reportagem que nada de ilícito foi apreendido.
Operação Ligação Familiar
Segundo a Receita Federal, a Operação Ligação Familiar identificou o grupo, que reúne amigos e familiares, atuando na comercialização de mercadorias de procedência estrangeira introduzidas irregularmente em território nacional, principalmente de celulares de alto valor.
Logo, a investigação constatou que os empresários teriam aberto empresas “com o propósito principal de conferir aparência de legalidade a atividades ilícitas, em especial à comercialização de mercadorias de procedência estrangeira introduzidas irregularmente no país”, descreve a nota.
A Receita ainda indica que entre as principais características observadas nas empresas, destaca-se a emissão de notas frias que teriam sido utilizadas com o objetivo de acobertar a comercialização e o transporte de mercadorias descaminhadas, seja por transportadoras, seja por meio dos Correios.
Notas frias
No período de janeiro de 2020 a abril de 2025, essas empresas emitiram mais de R$ 18 milhões em notas fiscais de vendas e, de acordo com a análise bancária, realizaram movimentações financeiras que totalizam cerca de R$ 290 milhões. Nos endereços investigados, a equipe encontrou joias e relógios de alto valor.
“As informações fiscais dos sócios dessas empresas apontam indícios de movimentação financeira incompatível, ocultação de renda e patrimônio, enriquecimento ilícito, além de outros indícios de fraudes tributárias”.
Estão sendo cumpridos 10 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul. Os responsáveis poderão responder pelos crimes de descaminho e de lavagem de dinheiro, envolvendo a participação de 14 Auditores-Fiscais da Receita Federal e 29 Analistas-Tributários da Receita Federal e 29 policiais federais.
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(Revisão: Bianca Iglesias)