Com uma média de até duas ocorrências por mês envolvendo artefatos explosivos e bombas, o GBE (Grupo de Bombas e Explosivos), do Bope MS (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), precisou atender essa quantidade de ocorrências em um intervalo de apenas dois dias.
Na tarde do último dia 6, policiais do Bope, com a Polícia Militar, fecharam uma rua no bairro Vila Ipiranga, em Campo Grande. O artefato foi encontrado por um jovem de 19 anos, que havia guardado o objeto por três meses após achá-lo em um pote de sorvete, junto de uma arma e munições.
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Menos de 48 horas depois, no dia 8, um homem ‘barbudo’, usando máscara cirúrgica, abandonou duas sacolas no Terminal Morenão com bombas caseiras.
O cenário da última semana levantou especulações e também a curiosidade da população: como esse grupo age em situações de ameaça e quais ações são adotadas em uma ocorrência dessa natureza?
Você certamente imagina que seja um trabalho desafiador e arriscado, mas que tipo de habilidade esses policiais precisam ter?
Para explicar isso, o Jornal Midiamax conversou com o subtenente Allan Borges, que coordena o GBE e há 15 anos atua no esquadrão antibombas.

Perfil profissional
“O técnico explosivista precisa ter um perfil específico. É feita essa análise de perfil, ele tem que atender requisitos e, após isso, é feito o curso”, o subtenente começa explicando.
Esse curso corresponde ao treinamento do candidato a uma vaga neste esquadrão especial e dura de 45 a 90 dias, dependendo da unidade onde é feito. “Geralmente, fazemos fora de Mato Grosso do Sul, em outras polícias do Brasil ou até mesmo fora do país, como cursos na Colômbia, Argentina e Espanha”, detalha.
Após o curso, este técnico integra o grupo de bombas e explosivos, que tem uma rotina constante de treinamento. “O treinamento é teórico e prático, para operar os equipamentos. E a teoria é para conhecer todas as circunstâncias que envolvem uma ocorrência”, completa o subtenente Borges.
No entanto, além desses requisitos, é considerado o condicionamento físico do policial.

Condicionamento físico é fundamental
“Há treinamento de condicionamento físico também para poder operar, por exemplo, o traje. Um traje completo pesa cerca de 50 quilos, então, o técnico tem que deslocar a distância de isolamento de, pelo menos, 100, 150 metros, e fazer isso equipado. Por isso o condicionamento físico também é importante”, afirma.
E o desafio é mesmo grande. Somente o capacete usado pelo policial neste momento tem cerca de 5 kg.
Muitas vezes, esses especialistas ainda precisam dar conta não apenas do peso do traje especial, mas também do artefato.

Isso porque, quando o artefato não pode ser removido pelo robô, é o técnico que precisa retirá-lo do local, com os próprios braços. Isso torna o trabalho ainda mais desafiador.
O peso do traje também interfere nos movimentos desses profissionais, por isso o deslocamento e a mobilização do policial em ação costumam ser lentos, para que ele se concentre no peso que está carregando, além de evitar mais riscos em relação aos materiais explosivos contidos no local.
Investigação
Se na ocorrência houver indícios de crime, o trabalho do GBE também auxilia na investigação. Segundo Borges, o grupo sempre busca preservar material probatório.
“A gente faz a neutralização, preservando o máximo possível de material probatório, para a perícia, depois, recolher vestígios e tentar chegar à autoria. O delegado de área também acompanha. Em cada ocorrência, a gente produz um relatório técnico, que tem todo o descritivo do material que foi encontrado; se era explosivo, se não era, que tipo de explosivo, se podia pôr em risco a população de forma geral”, explica.
“Tudo isso é encaminhado para ser dada continuidade à investigação e, assim, chegar à autoria desse fato”, finaliza.

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(Revisão: Dáfini Lisboa)