O caso do proprietário da motocicleta que tentou recuperar o veículo furtado e foi levado por bandidos, em Campo Grande, acende um alerta sobre os perigos de fazer justiça com as próprias mãos. Isso porque a vítima teria marcado um encontro com um dos suspeitos a fim de reaver o veículo, mas acabou rendida e levada pelo grupo. Mas, vale o risco?
Segundo o delegado Francis Freire, titular da Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos), o suposto encontro que os criminosos tentam marcar com a vítima é uma armadilha preparada por eles. “O principal risco é ser vítima novamente — muitos criminosos se passam por intermediários e marcam encontros apenas para roubar dinheiro ou o veículo usado na busca”, explica.
Muitas vezes, o pensamento da vítima que teve o pertence furtado ou roubado é de fazer justiça com as próprias mãos, como o caso ocorrido na Capital. A vítima divulgou o furto nas redes sociais e recebeu ligações de pessoas que diziam saber a localização da motocicleta e ofereciam dinheiro. Então, o homem combinou um encontro, foi até os criminosos, mas acabou sendo colocado e um carro e abandonado próximo à saída para Sidrolândia.
Entretanto, a orientação é o contrário. “Nenhum bem material vale a vida. Ao tentar negociar diretamente com criminosos, a pessoa se expõe a sérios riscos de assalto, sequestro, agressão e até morte”, ressalta Francis.
No caso ocorrido em Campo Grande, a vítima registrou boletim de ocorrência, mas o ideal era aguardar os procedimentos adotados pela polícia. O delegado explica que o ato de ir atrás dos bandidos pode, inclusive, atrapalhar as investigações e colocar outras pessoas em risco.
Após o registro do boletim de ocorrência na delegacia, seja presencial ou on-line, o caso é encaminhado para uma unidade responsável pela investigação, como a Defurv ou outra especializada. “A partir daí, são feitas diligências, cruzamento de dados, análise de imagens e pedidos de perícia para tentar localizar o veículo e identificar os autores”, esclarece o titular da especializada.
Mas, o que fazer em caso de item furtado ou roubado? De acordo com o delegado, a vítima deve procurar a Polícia Civil ou a PM (Polícia Militar) através do 190. Em seguida, seguir as seguintes orientações:
- Registre o boletim de ocorrência imediatamente;
- Não vá atrás do veículo sozinho;
- Não envie dinheiro, nem combine encontros;
- Guarde prints, mensagens e contatos suspeitos e entregue tudo à polícia;
- Se o veículo tiver rastreador, informe a empresa e as autoridades, sem agir por conta própria;
- Evite divulgar em redes sociais com informações pessoais ou promessas de recompensa.
Outro ponto ressaltado pelo delegado é o desespero. É comum que as vítimas entrem em desespero após ter um bem material furtado e é neste momento que os golpistas se aproveitam da situação. Então, na dúvida entre divulgar nas redes sociais ou não, saiba que isso facilita a ação dos criminosos.
“Confie apenas nos canais oficiais de comunicação e mantenha a calma — agir com prudência é o melhor caminho para preservar a vida e ajudar na elucidação do crime”, conclui Francis.
*No dia 10 de outubro, a equipe da Derf (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos) informou que o homem foi ouvido pela polícia e confessou ter inventado a história. Ele revelou que passou a noite em um bar e mentiu sobre o sequestro para justificar sua ausência à esposa. O caso é investigado como falsa comunicação de crime.
Versão inicial relatada à polícia
A versão inicial era de que o crime teria ocorrido na noite do último sábado (4), mas o homem só registrou o boletim de ocorrência na tarde de terça-feira (7). Na delegacia, ele alegou que havia deixado a moto estacionada em frente a um restaurante na sexta-feira (3), quando ela foi furtada.
Em seguida, o homem disse que divulgou o caso nas redes sociais. Pouco tempo depois, relatou que recebeu diversas ligações de pessoas que diziam saber onde a moto estava, sendo que um dos contatos teria exigido R$ 1 mil para devolver o veículo.
Diante disso, o homem alegou que combinou de pagar o valor somente após confirmar a localização da moto. Então, disse que foi até o bairro Jardim Los Angeles, próximo a um campo de futebol, onde marcou o encontro com o suposto informante.
Ao chegar ao local, um homem a pé o abordou. Em seguida, comentou que dois suspeitos chegaram em uma moto preta e exigiram o pagamento. A vítima falou ainda que explicou aos supostos criminosos que tinha apenas R$ 300 em dinheiro e precisaria sacar o restante em sua agência bancária, em Sidrolândia.
No entanto, segundo o homem, os suspeitos se irritaram, cobriram a cabeça dele com um saco preto e o colocaram dentro do carro. Enquanto circulavam com o veículo, ele disse que foi ameaçado de morte. Horas depois, teria sido abandonado junto com o carro próximo à saída para Sidrolândia.
Ainda na delegacia, o homem alegou que teve uma bicicleta nova e uma sacola com roupas roubados.
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(Revisão: Bianca Iglesias)