O sistema de sincronia semafórica, conhecido como ‘Onda Verde’, está implementado em 12 importantes vias de Campo Grande, mas motoristas relatam dificuldades em manter a fluidez no trânsito, especialmente em horários de pico.
A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) informa que o sistema opera nas avenidas Calógeras, Ceará, Afonso Pena, Mato Grosso, Júlio de Castilho e Fernando Corrêa da Costa. O mecanismo também está presente nas ruas 13 de Maio, Padre João Crippa, José Antônio, 13 de Junho, 25 de Dezembro e Bahia.
Para que a onda verde funcione corretamente, a Agetran orienta que o motorista mantenha uma velocidade média constante, que varia entre 40 km/h e 45 km/h.
O objetivo do sistema é programar os semáforos de um mesmo corredor para que fiquem verdes em sequência. Isso permite que um veículo, trafegando na velocidade estipulada, atravesse diversos cruzamentos sem a necessidade de paradas, otimizando o fluxo e reduzindo o tempo de viagem. Nesses corredores, a avenida principal tem a prioridade de passagem.
Apesar da programação, a eficiência do sistema é frequentemente comprometida por fatores como o alto volume de tráfego e o comportamento dos condutores.
Barreiras para a fluidez
Daniel Anijar de Matos, doutor em Engenharia de Transportes e docente da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), avalia que o desconhecimento da população sobre o sistema é um dos principais entraves. Segundo o especialista, falta sinalização clara nas vias que indique a existência da onda verde e qual a velocidade recomendada para utilizá-la, prática adotada em outras cidades.

O professor explica que o comportamento do motorista é determinante. Dirigir acima ou abaixo da velocidade programada impede que o condutor aproveite a sequência de sinais verdes.
“Se o condutor estiver a mais do que a velocidade da onda verde, ele vai pegar tudo vermelho. Se ele estiver a menos, além de ele não pegar, ele vai atrapalhar o condutor anterior”, explica Matos.
Distrações, como o uso de celulares, e a lentidão na aceleração dos primeiros veículos da fila também afetam o intervalo de passagem e comprometem a dissipação do fluxo. O especialista confirma que o grande volume de veículos em horários de pico, por si só, compromete a eficiência, pois o comprimento das filas aumenta e interfere na sincronia.

A percepção é compartilhada por motoristas. Roberto Scaff, professor de artes marciais e usuário das principais vias da Capital, avalia que o sistema é funcional, mas que os principais desafios são causados pelos próprios condutores.
“O que tem comprometido realmente a Onda Verde são os motoristas. Aqueles que fazem questão de usar a faixa de trânsito um pouquinho mais rápido para andar a 15, 20 km por hora. Eles atrapalham demais o trânsito”, afirma.
Otimização e tecnologia
O professor Daniel de Matos aponta a necessidade de otimização constante dos tempos de semáforo, com base no volume de tráfego das vias principais e secundárias.
“Se rua via transversal tem menos trânsito, eu vou deixar menos verde nela e colocar mais na Mato Grosso. Porque aí eu vou conseguir fazer fluir a Mato Grosso”, exemplifica.
O especialista diferencia os sistemas estáticos, programados por horários fixos, dos sistemas dinâmicos ou inteligentes, presentes em grandes centros do país. Estes últimos utilizam câmeras para detectar o volume de veículos em tempo real e ajustar automaticamente os tempos de verde e vermelho para dissipar as filas.

Segundo a Agetran, além de otimizar o fluxo, o uso correto da onda verde contribui para a diminuição do gasto de combustível, proporciona a redução da emissão de gases poluentes e traz mais agilidade ao cotidiano do campo-grandense.
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(Revisão: Dáfini Lisboa)